Historicamente, o ensino superior particular vem prestando grandes serviços à Nação. A maioria dos alunos estuda em instituições privadas e isso continuará sendo a tônica nas próximas décadas. Há que se dar valor a quem trabalha para a educação acontecer.Em audiência realizada no dia 2 de março, a ABMES entregou ao ministro da Educação, Cid Gomes, a publicação “Perspectivas do desenvolvimento da Educação Superior e a contribuição do setor privado”, resultante do projeto “Eleições 2014: propostas para a educação superior”. Entre as atividades realizadas no desenvolvimento deste trabalho, destacam-se os inúmeros encontros, reuniões e seminários nos quais estiveram envolvidos membros da comunidade acadêmica, especialistas na área educacional, representantes dos partidos políticos e as equipes responsáveis pelos programas de educação dos então candidatos à presidência da República – Dilma Rousseff, Marina da Silva e Aécio Neves. O documento registrou três importantes linhas temáticas: a) a efetiva representatividade e participação do setor privado no sistema federal de ensino; b) a celeridade na tramitação dos processos de regulação e de supervisão de cursos e instituições e c) o aprimoramento dos critérios, mecanismos e procedimentos da avaliação da educação superior. Queremos enfatizar neste artigo a representatividade da educação superior privada, porque no “corre-corre” diário não é possível fazer uma reflexão mais aprofundada sobre o significado dos números e a grandeza do trabalho desempenhado pelas instituições particulares de ensino superior (IES) brasileiras. É significativo mostrar que o sistema particular de ensino oferece 228 mil aulas diárias e 46 milhões de aulas anuais aos 5,4 milhões de alunos. Faça sol, faça chuva, vente, ocorram inundações ou tempestades, em cerca de 700 municípios espalhados pelo Brasil, 2.090 mil instituições, com seus 220 mil professores, oferecem conhecimentos e experiências à nossa juventude. Para tanto, o setor fez grandes investimentos em estrutura administrativa, acadêmica e de espaço físico (salas de aula, bibliotecas, laboratórios, ginásios de esportes e outros), ao lado de um invejável e qualificado patrimônio intelectual de professores, no qual 60% são mestres e doutores. Do total de instituições particulares, 1.520 classificam-se como pequenas e médias IES (PMIES) com até 3 mil alunos, que asseguram a interiorização do ensino superior a 600 municípios. Tais IES abarcam mais de 1 milhão de alunos E mesmo sem desejar comparar o setor privado com o público, nestes últimos cinquenta anos, apenas se tem notícia da realização de três greves nas particulares. Podemos afirmar com absoluta certeza que a atuação da iniciativa privada no ensino superior é garantia de sucesso profissional, que o setor contribui expressivamente para a economia brasileira e que os projetos sociais das IES particulares trazem inúmeros benefícios para as suas áreas de abrangência. A atuação da iniciativa privada no ensino superior é garantia de sucesso profissional O setor privado formou nesses últimos cinquenta anos – e este é um dado da maior importância – mais de 12 milhões de profissionais. Isto significa dizer que o desenvolvimento da nação deve bastante a essa incomensurável força de trabalho que atua em todas as instâncias e que ocupa postos gerenciais e administrativos. Atualmente mais de 90% dos profissionais inseridos no mercado de trabalho com formação superior são oriundos de instituições particulares. Nesse universo, 85% dos profissionais contratados com pós-graduação também são formados por elas. Em “Histórias que a escola não conta”, título de um livro que logo pretendemos publicar, fazemos uma reflexão sobre o espírito de abnegação dos administradores e professores das instituições particulares. Citamos exemplos dignificantes de como são tratados os nossos alunos. É “gente tratando de gente” nos conflitos que a vida enseja, tanto nas grandes metrópoles quanto nos rincões do país. Sempre aparando dificuldades e procurando soluções para as questões que fazem parte do dia a dia das escolas, essas pessoas são um exemplo para os burocratas do terceiro escalão dos órgãos governamentais que nunca puseram o “traseiro” numa cadeira administrativa de escola infantil e que, por essa razão, não são capazes de entender como são trabalhados os conflitos e resolvidos os problemas de gestão administrativa e acadêmica das instituições. O setor privado de ensino superior contribui para economia brasileira No tempo em que atuávamos na diretoria da faculdade Anhembi Morumbi, fomos procurados por aluno do terceiro ano de Administração certa noite. Muito atencioso, logo depois da conversa inicial, ele quis saber a respeito de uma mudança que o setor de serviços da faculdade estava fazendo, ao ordenar a reorganização dos quiosques de venda de lanches em frente à escola. “Estou preocupado, pois minha mãe tem uma barraquinha de cachorro quente e preciso saber se vocês pensam em impedi-la de trabalhar. Com essa atividade nós pagamos a faculdade” — disse o aluno. Se uma simples vendedora é capaz de sustentar uma família vendendo sanduíches em frente a uma faculdade de 4 mil alunos, fica difícil quantificar a massa de renda indireta gerada pelo transporte, material escolar, alimentação, moradia dos alunos e uma série complementar de serviços prestados ao sistema que se calcula superar a cifra de 1,3 bilhão de Reais. A participação do setor particular no Produto Interno Bruto (PIB) supera 1%, gerando mais de 750 mil empregos e uma massa salarial superior a 20 bilhões. A área construída ocupada pelas instituições ultrapassa a 28 milhões de metros quadrados. Há 6.200 mil bibliotecas implantadas e um acervo de 70 milhões de livros. Há aproximadamente 20 mil laboratórios equipados e cerca de 627 mil computadores. E mais ainda: calculando-se que o valor do metro quadrado é de cerca de R$ 1.800, a área construída total do setor particular tem um investimento calculado em R$ 50,4 bilhões. Adicionado ao valor do terreno e à infraestrutura, chegar-se-ia à cifra de R$ 114 bilhões (que o Estado deixou de gastar) isto sem falar das bibliotecas, laboratórios e computadores. Considerando-se que temos 220 mil docentes nas IES particulares e um valor de tempo integral de R$ 8 mil, ter-se-ia uma cifra mensal de R$ 1,7 bilhões ou 20 bilhões anuais. A este valor teríamos que acrescentar os funcionários administrativos que poderiam ser orçados em cerca de 25% do valor dos professores e assim se chegar-se-ia a um valor total estimado de R$ 25 bilhões anuais. Projetos de alcance social Além de promover a inclusão de milhões de jovens e de gerar milhares de empregos diretos e indiretos, as IES privadas de ensino superior desenvolvem mais de 72 mil projetos sociais, prestam atendimentos a mais de 30 milhões de pessoas por ano e concedem mais 1,5 milhão de bolsas de estudo integrais , parciais e promocionais. Um exemplo expressivo da participação social do setor é evidenciado na Campanha da Responsabilidade Social do Ensino Superior Particular, promovida pela ABMES, na qual, desde seu lançamento em 2005, mais de 2 mil instituições estiveram presentes, reunindo a cada ano mais de 500 mil pessoas. À guisa de conclusão Além dos dados expressivos do setor privado, registramos também durante a audiência com o ministro Cid Gomes a necessidade de solucionar o problema da celeridade dos processos em tramitação no MEC bem como de aprimorar os critérios e procedimentos da avaliação da educação superior. A audiência transcorreu em clima colaborativo e o ministro anotou nossas proposições. Ao final, ele expressou toda a sua preocupação com a melhoria da qualidade do ensino básico e afirmou que o seu foco principal é o de cumprir o desafio para atender as metas do Plano Nacional de Educação (PNE). Cid Gomes espera contar para o cumprimento de sua tarefa com a colaboração do setor privado e dos demais setores organizados da sociedade brasileira. Refletindo sobre todas estas questões lembramo-nos de uma Conferência da Unesco em cujas conclusões havia a seguinte afirmação:
Em todos os estados e países do mundo, de vários regimes políticos e das mais variadas ideologias, quer de esquerda ou de direita, a realidade é sempre a mesma. Somas enormes são investidas em planos educacionais, especialistas e doutores da área são ouvidos e os resultados almejados não aparecem. No final, as pessoas ficam frustradas e descontentes. Motivo: Os planos são feitos nos umbrais dos palácios sem que os beneficiários, usuários e os executores dos programas sejam ouvidos.No caso brasileiro, o governo sozinho nada resolverá, pois a questão é de toda a sociedade. Todos precisarão ter o mesmo foco. Só a educação será capaz de fazer do país a nação desejada por todos.