"Os estados e os impérios extinguiram-se através dos tempos. O mesmo acontecerá às empresas, nas quais a tendência é repetir e conservar os mesmos comportamentos que as levaram ao sucesso, mas, se adotados numa realidade modificada, podem determinar-lhes o declínio." (Carlo M. Cippola)[1]Quem dirige uma instituição de ensino superior (IES) sabe que deve ter entre as suas principais preocupações conhecer o que as demais estão fazendo. Nesta época de extrema competitividade em que vivemos, com as transformações acontecendo a cada momento, o dirigente precisa estar atento à concorrência para que a sua escola não fique para trás. Na realidade, os dirigentes de uma forma geral têm grande dificuldade em abandonar o comodismo, repetem sempre os mesmos métodos, as mesmas estratégias, o que torna os seus desempenhos iguais aos de todos com resultados insignificantes. Claro que o imobilismo acaba por comprometer a qualidade dos serviços educacionais e isso está comprovado por inúmeros estudos e pesquisas. Apesar de termos evoluído muito, estamos ainda longe da qualidade necessária para dar respostas a uma formação mais completa e atender as necessidades do mercado de trabalho. Os alunos que frequentam nossas instituições têm sonhos, planos para o futuro profissional e esperam receber conhecimentos, competências e habilidades que lhes garantam acesso ao trabalho. Lamentavelmente, não é isso que acontece, não só por razões econômicas como também pela ausência dos pré-requisitos de competências exigidas pelo mercado empregador, resultando em número expressivo de desempregados, sobretudo na faixa mais jovem, a dos recém-diplomados. Este cenário é um libelo para os educadores de que algo não vai bem. Isto é, continuamos marcando passo, fazendo as mesmas coisas, usando os mesmos métodos. E quais são as nossas saídas? Precisamos apostar mais na qualificação de nossos professores, desafiando-os a enfrentar um mundo de novas tecnologias e aplicativos. O mundo virtual mudou completamente a forma de acesso e de processamento das informações. Os ambientes de aprendizagem saíram da escola e se espalharam pelo mundo das instituições sociais fazendo com que os nossos alunos aprendam sem estar num espaço estritamente educacional. Este é grande desafio para IES porque os estudantes irão para a sala de aula levando uma bagagem diferenciada dos alunos do passado e exigirão muito mais dos professores. Estes, na maioria das vezes, não estão preparados para dar respostas às questões, fato que torna o ambiente da sala de aula enfadonho, desestimulante e que provoca evasão e/ou permanência desinteressada dos estudantes até receberem os seus diplomas. Assim, as IES encaminham para o mercado profissionais despreparados para enfrentar um mundo em rápidas mudanças em todas as áreas, incapazes de solucionar problemas e de ser proativos, além de desprovidos de capacidade de liderança para desenvolverem trabalhos em conjunto. E por que isso acontece? Há muitas respostas para a questão, tais como planos curriculares defasados, excesso de burocracia do sistema regulador oficial que exige das IES o cumprimento de normas ultrapassadas para o mundo efervescente de hoje e, mesmo, planos de ensino desfocados de uma visão mais ampla dos saberes, tal como exige a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Assim, estamos ensinando para o passado e não para o futuro. Para mudar esse quadro, precisaremos: a) apostar na inovação e na criatividade como formas de sair do marasmo e criar um novo cenário mais atraente para o aluno e mais desafiador para o professor; b) sair da “zona de conforto”; c) pensar diferente; d) criar o novo; e) procurar caminhos ainda não percorridos; f) apostar no desconhecido; g) perscrutar tendências; h) procurar o diálogo com o mundo real; e i) ultrapassar os muros da sala de aula para descobrir coisas inéditas, novas formas de pensar; e j) agir em outros ambientes de aprendizagem. Inovar não é algo misterioso, mas exige disposição e esforço e um olhar diferente perante os problemas e desafios contemporâneos. É preciso que o professor pesquise, sinta e descubra os anseios de seus estudantes que pelas redes sociais passam a conhecer os serviços oferecidos pelas instituições. O desafio da IES é ter a sensibilidade para perceber o que desejam os alunos e oferecer um serviço diferenciado e de qualidade para enfrentar a concorrência do mercado educacional. Sabemos que sobreviverá no sistema federal de ensino as IES que souberem, ao mesmo tempo, desenvolver de forma competente as suas atividades acadêmicas e administrativas e que invistam em logística, em tecnologia, em treinamento e, sobretudo, na criação de ambientes abertos à criatividade e inovação. Inovação e criatividade têm o mesmo significado? A resposta é não. Criatividade é pensar coisas novas, inovação é fazer coisas novas e valiosas. Inovação implica desenvolvimento de um novo bem ou serviço, é processo de trabalho, é prática de relacionamento entre pessoas, grupos ou organizações. Os conceitos de produto, processo e prática são totalmente genéricos, se aplicados a todos os campos da atividade humana, como indústria, comércio, governo, medicina, engenharia, artes, entretenimento, entre outros. O termo implantação implica ação – só há inovação quando uma nova ideia é julgada valiosa e posta em prática. A criatividade por si só não basta. É preciso desenvolvê-la, transformá-la em uma inovação concreta por meio da criação de novos produtos, serviços, formas de gestão, para que ela não seja apenas uma elucubração mental e, portanto, incapaz de se transformar em ação. Para que possamos abrir nossas mentes e pensar com criatividade e inovação, sugerimos analisar um cartaz denominado os “10 passos para ter mais inovação no ensino e aprendizagem”, de autoria do educador e empreendedor dinamarquês Nikolai Seest em parceira com Dorrit Sorensen. Criatividade e inovação são os motores e agentes para que o sistema educacional sofra mudanças e adaptações rápidas com visões ousadas de futuro para que não permaneçamos sempre em posições nada confortáveis nas pesquisas e estatísticas. O escritor Pedro Nava sempre dizia que “os faróis de um carro devem iluminar para frente e não para trás”, e isto vale para a educação. Não podemos olhar o conhecimento já consolidado apenas, mas perscrutar o futuro para que nossa ação educativa prepare os jovens para o amanhã e não para o passado que já foi. [1] The economic decline of empires. London: methuen & Co. 1970.