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A crise brasileira, as instituições de ensino e a formação para a cidadania

Gabriel Mario Rodrigues

Presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES)

11/08/2015 04:04:48

Gabriel Mario Rodrigues 1Gabriel Mario Rodrigues Presidente da ABMES e Secretário Executivo do Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular
***
Precisamos formar homens fortes. O indivíduo forte é aquele que resiste que o faz exatamente como homem, palavra que precisa urgentemente voltar à moda. O indivíduo forte é aquele que diante da iniquidade, do erro ou do vazio, se levanta, que diante do futuro é capaz de escolher por si mesmo e que elabora a sua visão de mundo, de seu próprio país, de seu lugar, de sociedade de dele próprio como ser atuante. É essa a fortaleza do homem e da cidadania. (Milton Santos)[1]
Na última reunião do Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular (Fórum) houve unanimidade em se considerar que a crise que atinge o país em todos os setores produtivos é a mais grave dos últimos trinta anos. Considerou-se ainda a importância de uma manifestação do Fórum visando informar à sociedade o pensamento de seus membros sobre o momento que o país atravessa. Recomendou-se que consultássemos os especialistas em políticas públicas e desenvolvimento de nossas instituições de ensino superior (IES) para que analisassem as razões da crise e apontassem as soluções para os problemas, embora soubéssemos que o resultado final dos estudos pretendidos iria guardar similaridades com tudo o que vimos analisando, discutindo e que, também, chega até nós pelos meios de comunicação de massa. Numa tentativa de síntese, podemos dizer que a situação econômica brasileira não vai bem e que vem causando muita preocupação a toda população, especialmente aquela que depende do seu próprio trabalho para garantir seu sustento. Por sua vez, os empresários adiam seus investimentos e os novos empreendedores aguardam momentos menos incertos para implantar e desenvolver seus projetos. As causas da atual situação são inúmeras. A primeira delas é a total falta de investimentos em infraestrutura que impede o país de ser competitivo tanto no ambiente interno quanto no externo. A segunda resulta da falta de planejamento estratégico de longo prazo para nossa economia. O governo trabalha com uma estratégia de reação aos fatos, uma verdadeira operação “tapa-buracos”, e adota medidas emergenciais para tratar de problemas pontuais. A terceira – e talvez a mais grave de todas – é a submissão da pauta da política econômica à da política partidária. Isso tem levado a uma desestruturação da máquina pública em prejuízo de todos os setores da sociedade, como a educação, a saúde pública, a segurança e, obviamente, os setores econômicos produtivos. A quarta é a falta de confiança no governo. Com os escândalos se acumulando e a sensação de impunidade aumentando, os governantes, ainda que bem intencionados, não têm credibilidade suficiente para contar com o apoio dos diversos setores da economia nacional. Que a economia brasileira vai mal, todo mundo reconhece, mas as perguntas que precisam ser respondidas são: De que forma e com quais instrumentos podemos contar e nos preparar para enfrentar e vencer o desafio de levar o país de volta ao eixo do crescimento? Quais são o papel e a lição de casa que cabe a cada um de nós executar para sair deste sufoco? E, ao examinarmos essas quatro causas e/ou desafios, chegamos à conclusão de que o sistema particular de ensino só tem condições de atuar em uma delas, que é a de aprimorar a formação de seus estudantes, aperfeiçoando-os não só na aquisição de competências e habilidades em suas escolhas profissionais como também, e principalmente, na formação para a cidadania. Da mesma forma com que nos empenhamos para que o sistema empresarial e de serviços possa buscar os talentos de que necessitam para o desenvolvimento de suas organizações, precisamos formar cidadãos com valores e princípios e conscientes de seus deveres cívicos que lhes proporcionem condições para que saibam escolher seus representantes políticos entre as pessoas mais qualificadas para resolver os problemas do país. E se fizermos uma autocrítica, verificaremos que as nossas práticas educativas ressentem-se muito de formação da consciência crítica, cívica e política e de formação para a cidadania. Em outras palavras, as nossas instituições precisam formar o  cidadão consciente de seu lugar na sociedade e de seus direitos e deveres. O ambiente político nos últimos anos, lamentavelmente, tem se pautado mais pelas disputas internas de poder do que pelo compromisso com as reformas que são indispensáveis para o desenvolvimento do país. É imperioso reconhecer que os cargos eletivos ultrapassaram o simples, porém importante, status de uma função pública temporária para se tornarem fontes de influência, quando não de obtenção de vantagens financeiras. Essa situação acirrou os embates políticos numa demonstração clara da cobiça de indivíduos pela perpetuação no poder, apoiados no respaldo conferido pelas urnas. Desse modo, tem-se observado a perpetuação da corrupção na máquina pública que põe no lixo a ética e a moral, que faz uso indevido do poder, que concede cargos aos "apadrinhados políticos" e que manipula o processo legislativo para fins pessoais ou partidários. De seu lado, o Estado mantém sua sina de gastar recursos financeiros com a remuneração de políticos, cuja maioria não possui as mínimas condições éticas e morais condizentes com as responsabilidades e a importância do cargo que ocupam. Vivenciamos uma crise de legitimidade das instituições políticas e sentimos um profundo mal-estar com as diferentes concepções que seus membros têm da democracia no país. O problema central, portanto, parece ser o da falta de confiança da população com os seus representantes que acaba por abalar, e mesmo por não reconhecer, a legitimidade política das instituições. Existe assim uma crise da própria democracia. Essencialmente, os cidadãos não se sentem mais representados nem pelos partidos políticos nem pelos governantes. Esta crise se mostra visível especialmente entre os jovens brasileiros. As pesquisas dos órgãos de opinião revelam um alto índice de desconfiança da população com os partidos políticos e com os seus representantes, constatando-se que:
  1. A democracia dita representativa está abalada, em crise, e nada mais tem de representativa, nem mesmo estatisticamente.  Esta verdadeira aberração ocorre nos âmbitos municipal, estadual federal;
  2. Para ocupar qualquer cargo em empresas, se exige dos candidatos habilitação, qualificação e experiência. No que se refere ao exercício de um cargo político nada disso é exigido ou cobrado a não ser que saiba ler e escrever. E eles concorrem usando os meios de que  dispõem entre os quais dinheiro, influências, mentiras, calúnias, sabotagens, boicotes, pressões, infidelidade, promessas mirabolantes e enganos entre outros;
  3. A cidadania implica e exige participação. Para tanto, é necessário um mínimo de consciência cívica e de conhecimento do que está acontecendo. Temos um viés muito forte em relação à realidade política e à estrutura e funcionamento das organizações da sociedade. As pessoas, descrentes, preferem manter distância dessa realidade cruel e, eximindo-se do envolvimento de qualquer comprometimento e participação social, ficam cada vez mais alienadas;
  4. A falta de conhecimento  e de prática do princípio do bem comum abre caminhos para a falta de cidadania e a prevalência de uma situação onde o importante é tirar proveito individual. Isso se torna evidente quando aqueles que se elegem agem como se fossem proprietários e não construtores do bem comum.
Por tudo isso, saber votar é importante. No Brasil, a política e tudo o que a cerca tornou-se sinônimo de corrupção para um grande contingente de brasileiros. Como consequência, o eleitor, descrente e afastado do valor ético e político do sufrágio, vota apenas para cumprir um ato de caráter obrigatório e não de cidadania. O desprezo à classe política confere também ao voto um caráter de protesto que resulta na eleição de artistas e cantores famosos despreparados, ao lado de figuras caricatas, com plataformas no mínimo jocosas que desvirtuam o espírito da democracia representativa. E o pior é que, pelas leis atuais, essas pessoas com suas votações expressivas carregam outras, muitas vezes desconhecidas, e que também não possuem as mínimas condições e qualificações para figurar no palco da representação política. Para mudar essa situação, torna-se necessária uma ruptura com tal paradigma conceitual, ou seja, o cidadão deve acreditar e dar mais valor cívico a seu voto, adquirindo conhecimento dos candidatos e do processo eleitoral. Este é o princípio da transformação social de que precisamos. ‪Parte dessa mudança comportamental está relacionada ao modo como os sistemas de ensino – do fundamental ao superior – enfocam a noção de cidadania, da importância do sistema político e, por consequência, do voto. Muitas instituições de ensino têm inserido noções de cidadania como tema transversal obrigatório a ser utilizado, de forma multidisciplinar, em espaços de aprendizagem tais como aulas de história, geografia, filosofia, matemática e outras. Já se pode notar uma mudança na escolha dos representantes de turma que antes era uma espécie de ratificação da popularidade de determinados estudantes mais articulados. Em muitas instituições, o processo passou a ser um ritual pragmático e importante, que leva em consideração o passado, a capacidade intelectual e as efetivas propostas que o aluno candidato tem a oferecer a seus eleitores, num evidente exercício de cidadania que todos já começam a praticar e exigir. É exatamente esse o papel que se espera dos sistemas de ensino para que se possa voltar a trilhar o caminho iniciado pelo Brasil, a passos tímidos, após o regime militar, em busca da consolidação de seu processo democrático. Caso contrário, assistiremos à perpetuação do sistema vigente que se traduz na formação de alunos passivos, alienados e que se transformarão, no futuro, em eleitores não comprometidos e que apenas “depositarão” seus votos sem antes debater e conhecer as propostas ou o valor ético dos candidatos que se apresentam na disputa. Devemos formar homens fortes e cidadãos conscientes, como nos ensina Milton Santos. Nesse cenário, a escola adquire importância fundamental na consolidação da cidadania, no envolvimento da sociedade quanto à atuação na vida política brasileira, participando nos debates de cunho social, nas abordagens das diferentes propostas e pautas de trabalho que mostram a importância da democracia e do voto já nas séries iniciais, fazendo desse comportamento o ponto seminal para um futuro promissor, de cidadãos conscientes do seu papel de protagonistas na construção de um Brasil mais justo e solidário. E esta é a lição de casa que a educação  deve ter como meta para consolidar e aperfeiçoar em suas práticas educacionais o verdadeiro sentido do processo democrático.   [1] ABMES Cadernos, n. 1.1988.  

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