Uma das melhores maneiras de se buscar oportunidades de negócio é observar tendências e implantar empresas que satisfaçam as necessidades geradas por elas. Sai na frente o empreendedor que consegue perceber essas tendências antes dos demais, já que tudo que é novo atrai mais mídia espontânea, além de fixar a marca entre os clientes ávidos por aqueles produtos. (Tales Andreassi)[1]A jornalista Stela Campos publicou excelente artigo sobre “Negócios Disruptivos” no Suplemento EU & Fim de semana, do Valor Econômico (21.08.2015). Reportagem de capa, ela cita pesquisa realizada por Michael Wade, professor de Inovação e Estratégia da Escola de Negócios IMI de Lauzane e diretor do recém-inaugurado Global Center for Digital Transformation (DTB- Center), mostrando que, entre os doze setores que estão mais próximos da chamada disruptura digital, a educação é o sexto. O estudo mostra também o resultado do questionamento realizado com 941 executivos oriundos de 13 países e de vários setores econômicos, em que mais de um terço deles considera que suas atividades passarão por completa transformação nos próximos cinco anos. Com base na pesquisa, Campos destaca um dado bastante preocupante: 40% das empresas entrevistadas desaparecerão do cenário no período citado. Isto vai ao encontro do alerta de Wade – “quanto mais digitalizado for o produto, maior será o risco de passar por uma disruptura em seu modelo de negócios”. Inovação disruptiva em termos conceituais é um processo, produto ou serviço que surge para simplificar ou modificar outro existente. É o que está sucedendo com milhares de negócios que, de uma hora para outra, simplesmente deixam de existir, porque foram substituídos por dispositivos mais eficazes onde a tecnologia tem papel prevalecente. É isto o que está acontecendo no cenário dos negócios com a chegada dos aplicativos – Uber, com os taxis; Whatsapp, na comunicação interpessoal; site Airbnb, na locação de alojamentos para viagens e as ferramentas Duolig e Babel que estão revolucionando o ensino de línguas. Todos sabemos que em relação à educação superior não poderia ser diferente, porque se trata de um mar aberto a inovações em todos os seus níveis e setores que visam aprimorar o desempenho e a oferta de um ensino de qualidade por parte das instituições. Uma reforma radical no ensino superior está chegando, quer queiramos ou não, escreve Clayton Christensen, professor da Harvard Business School. Para ele a "inovação disruptiva" transformará radicalmente a Educação Superior. Michael Horn, coautor de Christensen em vários estudos sobre ensino superior, afirma que não ficaria surpreso, tendo como referência os Estados Unidos, com a fusão e ou desaparecimento de metade das IES nos próximos cinco a dez anos. "É lógico que nem todas as instituições serão afetadas, porque sempre haverá alunos suficientemente ricos para cursar as escolas de prestígio, tendo em vista que eles se importam com a ‘marca’”. Este processo de inovação disruptiva é semelhante ao que o economista Joseph Schumpeter chamou de "destruição criativa" que, em última análise, traz um maior benefício para a sociedade. A indústria automobilística, por exemplo, destruiu o transporte baseado no cavalo e na charrete, permitindo um ganho muito mais amplo para a sociedade. Grande parte dos estabelecimentos de educação superior será substituída por novas formas de metodologias de aprendizagem que irão beneficiar muito mais os alunos. A sociedade atual experimenta transformações profundas decorrentes do avanço da tecnologia da informação e da comunicação, permitindo a interconexão de pessoas, culturas, instituições, cidades e países. Há um mundo sem fronteiras que supera até as dificuldades da comunicação interpessoal que, diuturnamente, troca informações pela internet por meio de seus programas de relacionamento – blogs, fóruns, twitters, redes sociais entre outros. Todas as áreas da ciência, da economia, do esporte, da cultura, da administração dos negócios e dos grandes eventos mundiais se interligam num fabuloso banco de informações que se aprimora a cada instante e estão à disposição de quem quer aprender e adotar aparatos de todos os formatos e tamanhos. Assim, nada mais será como antes. Enquanto na Europa e nos Estado Unidos vários movimentos se sucedem no sentido de flexibilizar as estruturas educacionais, o ensino superior particular brasileiro – que tem mais de um século e que hoje responde por mais de 75% do número das matrículas – permanece paralisado diante de uma regulamentação do Estado fortemente opressora, sujeita a planos curriculares desvirtuados da realidade de um país em desenvolvimento. Ao lado disso, nesses tempos de mudanças, o ensino enfrenta a falta de qualificação de professores, somente habilitados a transmitir pessoalmente seus conhecimentos, fato que os distanciam cada vez mais dos estudantes, fortemente antenados com as tecnologias de informação e comunicação. Na medida em que o ensino superior se massifica, desaparece a noção da academia como instituição que paira com superioridade sobre o mundo real. Será cada vez mais forte a competição entre instituições, o que provocará por parte delas o uso das melhores práticas de aprendizagem tais como a “aula invertida”, o “ensino adaptativo” e os novos modelos de transmissão de conteúdos acadêmicos. A grande evasão dos alunos do sistema está obrigando as instituições a implantar alternativas criativas, esquemas de retenção de alunos e a aprimorar, com a utilização das mídias atuais, a qualidade das aulas dos cursos de graduação. Para vencer a barreira do anacronismo universitário e os desacertos existentes, será necessário promover a disruptura do sistema atual e introduzir novas ideias apoiadas em sistemas mais criativos e inteligentes. Entre os desafios a serem enfrentados destacam-se os de:
- Encontrar soluções para o problema recorrente do aluno oriundo da escola pública, portador de uma educação básica ineficiente;
- Adotar a concepção que não deve haver descontinuidade entre o ensino médio e o superior. O acesso à universidade não deve ter barreiras etárias;
- Flexibilizar os currículos escolares para a adoção do ensino híbrido com a introdução de metodologias e tecnologias apropriadas;
- Validar no ensino superior os créditos das matérias dos alunos cumpridas no ensino médio;
- Implantar currículos modernos formatados para atender o desenvolvimento do país e o projeto de vida dos estudantes;
- Desregulamentar as regras do engessamento curricular;
- Compreender a realidade da explosão dos cursos livres online gratuitos como é o caso dos Moocs;
- Criar empresas certificadoras com o objetivo de validar a qualidade dos cursos com credibilidade para serem aceitas pelas empresas;
- Repaginar os edifícios universitários tanto nos espaços reservados às salas de aula quanto às instalações complementares;
- Aprimorar do uso das tecnologias em todas as atividades de aprendizagem.