- Paternalismo — trata-se da obrigação de guiar e proteger quem se encontra mais abaixo na escala social. Esse paternalismo apresenta-se sob várias formas: confucionista, colonialista, burocrático, evangélico;
- Língua — a utilização do inglês como meio de instrução, até há poucos anos, e a convivência com o vernáculo (cantonês) e o mandarim sempre estiveram no centro dos debates sobre educação;
- Fragmentação social — a relação entre as duas comunidades históricas mais importantes de Hong Kong, a chinesa e a britânica, sempre foi simbiótica;
- Cultura da responsabilidade — comum aos Tigres Asiáticos, é um dos fatores relevantes do sucesso do modelo educacional, com o envolvimento de todos os agentes envolvidos. Alunos e pais se responsabilizam pela educação e a sociedade valoriza os professores e a academia;
- Respeito pelos acadêmicos — tradicionalmente os professores têm sido venerados e tratados com respeito. Paradoxalmente, esse mesmo respeito tem tornado difícil o desenvolvimento de programas de formação de professores com ideias mais modernas;
- Ética de trabalho — como grande parte dos habitantes de Hong Kong foi imigrante em algum momento histórico, a ética foi centralmente adotada, sobretudo em relação à educação como chave para a mobilidade social.
Por meio a ciência, sabemos cada vez mais como as pessoas aprendem e a importância da aprendizagem enquanto processo construtivo, em que o estudante esteja ativamente engajado. Os professores desenham as experiências de ensino que vão garantir isso, considerando as questões locais do seu contexto escolar.Para ela, o uso da tecnologia na educação deve ir além do acesso às novas ferramentas e incluir planejamento pedagógico eficiente para conduzir profundas melhorias na aprendizagem de crianças e jovens. Nancy defende que é preciso alterar o foco: sair da tecnologia como infraestrutura com um fim em si, para a tecnologia como um apoio às mudanças de práticas. Esse processo deve incluir, segundo ela, espaço para a diversidade e uma arquitetura própria para interação e comunicação entre os diferentes atores envolvidos no processo de ensino a aprendizagem. Bob Adamson, chefe do Departamento de Educação Internacional e Aprendizagem Continuada do Instituto de Educação de Hong Kong (HKIEd), afirma:
Há uma sensação de que a nova economia em Hong Kong — indústria de serviços — requer atributos de educação integral do indivíduo e competências relativas à inteligência emocional, como criatividade, pensamento crítico, empreendedorismo, comunicação e resolução de problemas.Hong Kong é um forte exemplo de reforma educacional na China, juntamente com Xangai, e está entre as primeiras cidades a alcançar o ensino fundamental e o médio universais. Além disso, o engajamento dos estudantes é uma forte exigência, pois alunos não aplicados não são tolerados. A ênfase na educação é comum aos Tigres Asiáticos, inspirados pela filosofia confucionista, que têm uma relação muito forte com o estudo e os valores do trabalho. O investimento em educação, tecnologia e transportes e a adoção de uma economia de mercado permitiram que os Tigres Asiáticos se desenvolvessem de forma marcante: Hong Kong elevou sua renda per capita em cinco vezes mais que a da China continental. “Cá entre nós”, o Brasil não pode ignorar esse exemplo. [1] Nancy Law é diretora do Centro de Tecnologia da Informação para Educação da Faculdade de Hong Kong. Ela pesquisa o uso de novas tecnologias para suporte de pedagogias inovadoras e também busca desenvolver e avaliar padrões de implementação de novas ferramentas que convertam projetos em atividades de ensino. 2