“A verdade é que quanto menos informações inúteis colocarmos na cabeça de nossos alunos, mais espaço sobrará para as grandes ideias.” (Lev Landau)¹Estudo lançado em 2015 pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostrou que a taxa de desemprego entre pessoas que não concluíram o ensino médio é quase o triplo da taxa entre pessoas que terminaram o ensino superior. O levantamento analisou dados de 44 países, entre eles o Brasil, para entender a relação do tempo de estudo com as taxas de desemprego. Entre as pessoas de 25 a 64 anos de idade que têm diploma de graduação, a taxa média de desemprego é de 5,3%. Já entre os que não concluíram o ensino médio, a taxa sobe para 13,7%. Outro recorte do estudo mostrou que entre os mais jovens, com 25 a 34 anos, um em cada seis não possui habilidades consideradas essenciais para se desenvolver na sociedade atual, como domínio de conteúdos de matemática e de língua materna esperados para alguém que concluiu o ensino médio. Não é nenhuma nova descoberta, mas é a realidade atual. Em matéria da Revista Veja publicada em janeiro de 2015 (Baixa escolaridade triplica chance de desemprego, diz OCDE), Andreas Schleicher, diretor da área de educação da OCDE, aponta que “ter um em cada seis adultos jovens que chegam à vida adulta sem qualificações é um grande risco para o mercado de trabalho e para a sociedade”. Ele complementa que “o progresso tem de ser alcançado em toda a escala educacional, priorizando a parcela da população jovem com menos instrução”. A Veja sinaliza ainda que, segundo o relatório, a principal maneira de reverter a situação é fortalecer a educação básica, melhorar a formação de professores e criar políticas para incentivar os jovens a concluírem seus estudos. Conselho que todos dão, mas que as nossas políticas educacionais não conseguem implantar. O desenvolvimento tecnológico dos processos de produção na indústria, na construção civil, na agricultura e nos demais segmentos, ao garantir maior produtividade, dificulta, por outro lado, a inclusão no emprego de trabalhadores com menor grau de instrução. Assim, eles são excluídos definitivamente e vão para a informalidade ou para trabalhos com salários cada vez mais baixos. Temos um paradoxo: enquanto faltam empregos para a maioria da população, não há profissionais qualificados para as empresas. As novas tecnologias, que alavancam o crescimento econômico, também aumentam o desemprego estrutural, substituindo o trabalho humano por máquinas e equipamentos modernos comandados por sistemas informatizados e automatizados. Atualmente, esta realidade é suprida por pessoas de talento que podem ser treinadas para as novas necessidades de mercado em constante mutação. Mas os caminhos para o enfrentamento desse problema passam não só por políticas que assegurem garantias aos trabalhadores (salários, jornadas de trabalho, etc.), como também pela criação de condições de formação profissional adequada aos novos tempos e preparados e capacitados a enfrentar as novas tecnologias e operar instrumentos mais complexos. Diante dessas mudanças ocorridas no âmbito do mercado, aliadas às necessidades de incremento na competitividade das empresas, o papel e a função social da educação cresce de importância, tornando-se elemento de preocupação e gerando a necessidade de revisões nas políticas e práticas educacionais. As empresas passam a exigir profissionais competentes, proativos, flexíveis, dotados de iniciativa e criatividade para lidar com problemas inesperados, capazes de exercer com proficiência a comunicação digital e oral e predispostos ao aprendizado contínuo e por toda a vida. O mercado está consciente de que se deixar de investir no próprio aprendizado estará fadado à desatualização e poderá "perder o trem da história". Portanto, o aprender passa a ser um ato que se estende para além dos bancos escolares – redefine-se o papel da universidade, da família, dos grupos sociais e dos indivíduos que irão construir suas trajetórias profissionais. Aprender como se aprende ou aprender a aprender torna-se a grande tônica da atualidade. As instituições educacionais e as agências de formação, antes de tudo, precisam estar atentas a esta questão, transformando-a em meta a ser perseguida. Diante desse contexto, emerge a importância da empregabilidade. Este “novo” conceito consiste no conjunto de conhecimentos, habilidades, comportamentos e relações que tornam o profissional necessário não apenas para uma, mas para toda e qualquer organização na sociedade contemporânea. Assim, empregabilidade está diretamente relacionada à aquisição de novos conhecimentos e habilidades capazes de assegurar um posto dentro ou fora de qualquer organização. A empregabilidade é a capacidade do indivíduo de adequar-se a novas exigências através do aprendizado contínuo para desenvolver novas habilidades que o tornam necessário não apenas para uma, mas para toda e qualquer organização. E o grande desafio que as instituições educacionais têm é de estarem atentas a estas mutações e sensíveis à realidade de um mundo cada vez mais competitivo, onde as empresas, para serem bem administradas, precisarão cada vez mais de profissionais competentes e preparados para solucionarem seus problemas de desenvolvimento. _________________ ¹Lev Davidovich Landau (1908-1968) físico e matemático soviético. Recebeu o prêmio Nobel de Física de 1962, por sua teoria da matéria condensada, em particular do hélio líquido.