A educação é o ponto em que decidimos se amamos o mundo o bastante para assumirmos a responsabilidade por ele. (Hannah Arendt – 1906-1975)Para não dizer que a internet só divulga informações deturpadas ou mentirosas, inicio este artigo apresentando o portal Só Notícia Boa. Trata-se de uma agência nacional de notícias positivas que acontecem em todos os lugares. Foi criado para antepor-se às trágicas e negativas informações que a internet veicula. O propósito do portal é equilibrar a mídia publicando vivências positivas que transformam, animam, inspiram e ensinam as pessoas a fazerem a diferença e a tornarem-se cidadãos melhores, solidários e aptos a construir um mundo melhor. Em 5 anos e meio de existência como site (o projeto teve origem como blog em setembro de 2009), publicou mais de 10 mil notícias edificantes. Assim como o Só Notícia Boa, existem no mundo apenas dez sites assemelhados. Outro exemplo, para mostrar que há gente preocupada com seus semelhantes nesta época do cada um por si, é o trabalho comunitário que realiza um pastor evangélico da periferia de São Paulo. Ele ensina domésticas acostumadas a trocar mensagens pelo WhatsApp a aproveitarem melhor o celular como meio de aprendizagem. Todo dia envia informações úteis e mensagens de auto estima para o grupo aprender a se informar. Neste universo cibernético há certamente milhões de ações assemelhadas. Não resta dúvida que a internet se tornou o maior banco de informações da humanidade, daí a preocupação de seu inventor, Tim Berners-Lee, e de Mark Zuckerberg, o criador da plataforma mais utilizada. Berners-Lee coloca a facilidade de difusão de notícias falsas, o descompromisso com a verdade das redes sociais e a ausência de qualquer regulamentação como obstáculos que precisam ser vencidos, chegando mesmo a criar por intermédio de sua Fundação uma a campanha sobre a “Web que desejamos” (Web We Want). Zucker acredita que a sociedade refletirá nossos valores coletivos somente se nos empenharmos e participarmos nos processos políticos para que tais direitos sejam respeitados. Para ele, existem dois tipos distintos de infraestrutura social que devem ser construídos. O primeiro incentiva os cidadãos do mundo a tomarem posição e participarem na tomada de decisão coletiva. Nossa sociedade está mais conectada do que nunca e enfrentamos problemas globais que abrangem fronteiras nacionais. O segundo incentiva o envolvimento nos processos políticos existentes: votação, discussões com questões de representatividade, de manifestação e, por vezes, de organização. “Só através de um envolvimento dramaticamente maior podemos assegurar que esses processos políticos reflitam nossos valores”, afirma em seu manifesto. Já no manifesto de Berners-Lee, ele corajosamente relata que está insatisfeito com a sua invenção: a comunicação completamente de graça proporciona a alguns atravessadores inescrupulosos denegrirem o conceito da uma comunicação livre e sadia. Mais evidentes nos tempos atuais, quando barbaridades ocorrem em todos os cantos da Terra e, veiculadas, envergonham a raça humana. Zucker diz que nossas maiores oportunidades são agora globais – como propagar prosperidade e liberdade, promover paz e compreensão, tirar as pessoas da pobreza e acelerar a ciência, ou seja, como enfrentar nossos maiores desafios que também precisam de respostas globais, como acabar com o terrorismo, lutar contra as mudanças climáticas e prevenir pandemias. O progresso agora exige que a humanidade se reúna não apenas como cidades ou nações, mas também como uma comunidade global. A questão final é como do ensino básico à universidade pode-se colaborar para um mundo melhor, com mais igualdade social e bem-estar global se a educação é apenas um meio e está subordinada a questões políticas, sociais e religiosas. Isso sem falar da família que, devido a dificuldades de toda a ordem, hoje praticamente abdicou de seu papel de formação inicial da criança e, mais ainda, está descrente de tudo e não tem perspectivas de futuro. Os dispositivos móveis e seus aplicativos, por exemplo, estão aí para facilitar ainda mais o acesso às informações, para ajudar alunos e professores a ganharem tempo, a qualquer hora e em qualquer lugar, além de tirarem proveito da interatividade para compartilhar informações e experiências, estimular o desenvolvimento cognitivo e favorecer atividades colaborativas entre os estudantes. É preciso acompanhar o ritmo da tecnologia, que evolui a passos largos e, na área educacional, destaca-se como uma decisiva aliada do processo de ensino/aprendizagem para as novas gerações, auxiliando os professores a mediar o conteúdo e a envolver os alunos no aprendizado. Mas, para que a tecnologia seja implantada com sucesso, é necessário cuidar da usabilidade dentro e fora da sala de aula, da integração com outros dispositivos, da conectividade e da própria formação dos professores, que precisam de planejamento para conseguir incorporar a tecnologia no seu dia a dia. Aplicativos com características sociais permitem compartilhamento de dúvidas e descobertas entre os estudantes. Já os de realidade aumentada permitem a visitação de pontos culturais, vendo a história de outra maneira, enquanto os científicos e matemáticos utilizam câmeras, microfones e sensores para mostrar a teoria na prática, por exemplo. Cabe à escola, como um todo, e aos professores, em particular, estimularem o acesso a conteúdos relevantes. Será preciso também pensar em disciplinas que foquem – e discutam – a ética, o comportamento, as normas e a gestão da informação na internet. É papel da escola é formar cidadãos capazes de usufruir dessas maravilhas impensáveis há bem pouco tempo e de assumirem a responsabilidade por esse novo mundo. A tarefa não é fácil, pois a grande questão é a complexidade do gênero humano, cada um com seus problemas, suas crenças, seus desejos, suas visões e sua formação para o bem e para o mal. A internet junta tudo e cada um age de acordo com seus objetivos, que podem ir da construção à destruição. Se é possível vislumbrar um futuro com mais gênios e, também, mais idiotas, tudo vai depender do modo de usar a tecnologia. Só a educação pode se impor diante de titubeios sociais. Foi isso o que Berners-Lee vislumbrou ainda na década de 80 e concretizou com sua magnânima (professoral e desprendida) atitude. É isso o que propõe Zuckerberg com sua rede minuciosa e detalhista de relações.