O analfabeto político é tão burro que se orgulha dizendo que odeia política. O imbecil não sabe que, da sua ignorância política, surge o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais. (Bertold Brecht)Sempre aos sábados penso sobre o conteúdo do artigo a ser publicado no blog na terça-feira seguinte. Desta vez, me veio a dúvida sobre o que escrever: prosseguir com minha convicção sobre o valor das redes de compartilhamento como movimento de aprimoramento educacional; divulgar a criatividade como estratégia de ter ideias para resolver problemas intrincados; comentar o noticiário da mídia sobre a roubalheira nacional ou responder a um amigo que retornou ao Brasil depois de trinta anos de Europa cobrando uma posição do Ensino Superior Particular a respeito dos dissabores do país. “Me perdoa”, diz o Prof. Peña, “mas no mundo todo, lá fora, percebe-se o naufrágio do Brasil, provocando um pânico crescente, que pelo visto, ninguém é capaz de remediar, com mazelas de todos os lados e pedindo desculpas para perguntar-me por que o Ensino Brasileiro nada disse sobre tudo isto e o conluio entre administradores públicos, congressistas e empresários. E nem dos safados, que arruinaram a Saúde Pública no Rio de Janeiro e foram celebrar seu latrocínio em Paris." Sei que tudo é procedente e mais seria se você tivesse escrito após ver os vídeos dos proprietários e administradores da Odebrecht, que expuseram claramente (com a maior cara de pau) seu modelo de negócios, o trato com os representantes dos diversos poderes e a forma privilegiada do "toma lá, dá cá”. Suas indagações, prof. Peña, são totalmente pertinentes, entretanto não acontecem só no Brasil, mas em todo mundo desde priscas eras. É por causa disto que todos querem ser "amigos do rei". Perdemos por aqui gerações que poderiam multiplicar oportunidades em todos os setores. Descuidamos e o câncer se alastrou pelo corpo. Temos por aqui os piores índices em tudo, que vão do baixo IDH à falta de segurança, crianças sem creches, analfabetismo batendo em milhões, "bolsas tudo", saúde (no cemitério) e desgraça geral. Diga aí como dar solução a tudo isso, sem falar no transporte público, nos juros exorbitantes que grassam nos negócios. Mas o que fazer? A corrupção é endêmica na vida política e social do país. Perpassa não só partidos e empresas e inclui muitíssimos cidadãos - seja sonegando altas somas de impostos, seja escondendo grande parte de suas fortunas em bancos estrangeiros ou em paraísos fiscais, mas também está na arraia-miúda, que suborna o policial rodoviário ou o fiscal de quarteirão. Todo mundo querendo tirar proveito, uma lasquinha, e ter o melhor resultado para si e suas organizações. As nossas bravatas e pilantragens possuem raízes históricas no colonialismo e no escravagismo, responsáveis, talvez, pelo nosso famoso "jeitinho". Não há o que esconder: fomos colonizados por portugueses, espanhóis, holandeses, franceses e outros povos que vieram depois. Predadores vorazes, todos, que não assumem os crimes aqui praticados. Fomos garrotes de vacas gordas amarrados para a marca a ferro quente. A corrupção que se havia alastrada nos mais altos estratos dos negócios e na política começou a ser desmascarada e posta sob os rigores da lei com o Mensalão, o Petrolão e a Lava-jato. Não se pode negar a altíssima relevância e o avanço no sentido da moralidade pública de tais operações, só espero que não seja um fogo-fátuo. A efemeridade ou a permanência de ações moralizadoras, que impeçam que políticos e oligarcas continuem a tratar a coisa pública como se fosse sua, e a montar um tipo de Estado que lhes garanta os privilégios, depende, sem dúvida, de cidadãos conscientes. Os corruptos precisam deixar de ser vistos como espertos e serem encarados como criminosos, o que de fato são. Precisamos de uma faxina geral por meio da educação para propiciar a "virada de mesa". E não só ela, a religião (todas elas estimulam o bem) e também toda a sociedade compenetrada precisam colaborar, pois o Brasil quer mudar. É por isso que precisamos acreditar ser possível construir uma comunidade universitária para trocar ideias e experiências para construir, pela colaboração compartilhada, uma sociedade mais responsável e alinhada aos interesses comuns de bem-estar e qualidade de vida. É, entretanto, um desafio de duas a três gerações que demanda foco e especialistas de todas as áreas. Mas é imprescindível iniciar e, para fazer com os pés no chão, comecemos pelo básico. O primeiro desafio é sensibilizar a comunidade educacional (estudantes, professores e famílias) de como devemos formar cidadãos completos, integrados dentro dos melhores princípios éticos e morais, com o objetivo de saber votar. O segundo passo é propor um ideário para estabelecer um sistema de representação política, onde todas as anormalidades atuais possam ser sanadas. É fundamental ter consciência de que pela criatividade o homem tem transformado o mundo. Essa capacidade potencializada surge quando é preciso gerar valor individual e coletivo. A criatividade não aparece exclusivamente em indivíduos, ou culturalmente em uma sociedade, mas na interação e colaboração entre as duas. Ambos os lados são importantes: o indivíduo imagina, cria, origina novas ideias, e a sociedade, sua cultura, com o apoio que inspira essas ideias, estimula e incentiva suas realizações. Portanto, das palavras à ação, vamos propor ao Conselho de Administração da ABMES - dentro do propósito de formação cívica - que viabilize o Projeto VOTA CERTO BRASIL com o objetivo de sensibilizar os estudantes a votarem conscientemente.