Mudança é o processo no qual o futuro invade nossas vidas. (Alvin Toffler)Há certa miopia em três pontas de um imaginário triângulo equilátero: a escola, o estudante e o mercado de trabalho, às vezes gerando colisões, outras, talvez mais raras, dando vez a realizações e satisfações. Nas colisões, assemelha-se ao fenômeno das ondas do mar (mercado) batendo no rochedo (escola) e o mexilhão (aluno) sofrendo pelos impactos. E as instituições que preparam recursos humanos para o trabalho devem estar atentas ao que Thomas Friedman escreve em seu livro “Obrigado pelo Atraso”, de onde retiramos algumas questões para reflexão. Há uma aceleração exponencial no mundo devido às transformações da tecnologia, do seu impacto na economia e no meio ambiente. Do jeito que vão as coisas, os robôs poderão até ficar com todos os empregos. Mas isso só acontecerá se deixarmos. Se não acelerarmos a inovação nos domínios do trabalho e da educação. E se não repensarmos o percurso todo da educação, do fundamental à aprendizagem continuada, chegando ao trabalho. Tudo muda e a escola permanece a mesma!!! Essa tarefa deveria começar por uma conversa franca com o mercado sobre qual o perfil de profissional que as empresas precisam. E também o estado devia estar atento à diversidade ocupacional que seu desenvolvimento requer para prover trabalho. Da mesma forma que o mercado deixou de se interessar pela formação do estudante, a escola pouco percebeu que quem era realmente seu cliente era o mercado. Cansaram de insistir que o diploma não é tudo, numa terra cartorial, e que a construção do cotidiano não se faz só com mestres e doutores. Seria o mercado um ser intransigente buscando acima de tudo que o egresso tenha qualidade formativa e não somente detentor de um papel-diploma do qual se orgulhe fantasiosamente, como “pronto” para as batalhas do mundo de negócios, indústria, comércio, serviços etc.? Estaria o aluno desfavorecido por precária formação a partir do ensino fundamental e na continuidade de seus estudos, porque nem o poder público nem a iniciativa privada lhe propiciaram uma graduação útil e aplicável à sua empregabilidade? E a escola, sempre a reboque dos processos industriais, sociais e econômicos, tem defesa diante do cenário, e principalmente frente à globalização, perdendo terreno no mundo do conhecimento, o que quer dizer permitindo empregos com baixos salários pela sua formação de mediana proposta? Sem atualidades, sem tecnologias, sem preparo de qualquer ordem para inserir o indivíduo num mercado altamente competitivo? Ainda existem empregos, diz Friedman, “com salários excelentes para formação excelente. E ainda há salários médios para capacitação mediana. Mas já não há mais empregos com altos salários para uma formação mediana. O empregado médio é uma categoria oficialmente extinta”. Como tudo mais na era das acelerações, conseguir e manter um emprego exige estabilidade dinâmica. Mais ou menos como quando se anda de bicicleta: é preciso continuar pedalando o tempo todo, sempre, senão cai. Há duas perguntas rondando a cabeça dos indivíduos frente ao mercado de trabalho:
- como estão se sentindo, sabendo que há um milhão de pessoas no mundo capazes de fazer o seu trabalho?
- como estão se sentindo sabendo que há um milhão de robôs no mundo capazes de fazer o seu trabalho? (Vejam a seguir um vídeo sobre essa questão aterrorizante)
[1] Os RHs contratarão as pessoas com base no que elas podem comprovadamente fazer, e não apenas em seu currículo, e também devem proporcionar vários caminhos para a aprendizagem contínua no interior da empresa. [2] As empresas não têm mais paciência para ficar esperando que as universidades compreendam o seu mercado, adaptem os seus currículos, contratem os professores certos e ensinem aos estudantes as novas habilidades, especialmente quando plataformas educacionais online que começam a emergir estão agora fazendo tudo isso mais rápido e a partir do zero. [3] É preciso criar todo incentivo possível em termos de regulamentação e impostos para que todas as empresas proporcionem a todo trabalhador acesso à assistência inteligente de financiamento para a aprendizagem contínua.