Uma das fortes tendências na Era da Inovação, chamada de Quarta Revolução Industrial, é a mudança nas relações de trabalho. A começar pelo significado da palavra trabalho, que deixa de ser um lugar onde se “dá expediente” para ser um resultado que se entrega. (Marcus Ronsoni, empresário e mentor de altos executivos)Se formos pesquisar na Wikipedia quantas religiões existem, vamos contar mais do que cem[1]. Apesar da profunda diversidade entre elas, há no entendimento sobre a vida eterna um consenso total, como explica o Sociólogo Domenico De Masi em seu livro O ócio criativo, de que todas têm o paraíso e em nenhum deles o homem trabalha. Tenha o paraíso sido criado por Deus, tenha sido inventado pelos homens, se trabalho fosse abençoado, no paraíso todos trabalhariam. Não existindo paraíso terrestre, prospectar a formação de recursos humanos para o trabalho é estratégico para nossas instituições de ensino superior (IES). Razão de acompanhar a Curadoria que o Prof. Raulino Tramontin edita diariamente sobre temas educacionais e de me apoiar no texto do Prof. Marcus Ronsoni publicado por ele: O trabalho do futuro começa quando? A destruição criativa ou destruição criadora é um conceito popularizado pelo economista austríaco Joseph Schumpeter em seu livro Capitalismo, Socialismo e Democracia (1942),Ele descreve o processo de inovação, que tem lugar numa economia de mercado, quando novos produtos destroem empresas velhas e antigos modelos de negócios. Segundo ele, as inovações nas empresas são a força motriz do crescimento econômico sustentado a longo prazo, apesar de destruir empresas bem estabelecidas. O mais marcante diante da atual destruição criativa é que tudo tem a ver com o mercado de trabalho que está gerando aceleração no mundo contemporâneo. Em especial quanto à gestão de pessoas, pois se inexiste mercado, inexiste trabalho. Especialistas consultados pela Revista Exame sobre “5 tendências (sem volta) do trabalho no futuro” apontam carreiras com indícios de crescimento, como as ligadas à sustentabilidade; menor impacto ambiental; redução e direcionamento correto de resíduos; profissões relacionadas ao setor de energia; alta tecnologia em saúde; estudos genéticos e novos medicamentos; padronização de operações e logística; gestão da inovação; marketing digital e e-commerce; relacionamento com clientes; especialistas de dados em nuvens; inteligência artificial; entre outras. Se queremos ir além, procurando projeções para 10, 20 ou 30 anos, nenhuma bola de cristal pode ajudar, pois o domínio da inteligência artificial terá avançado tanto que teremos muitos de nossos problemas resolvidos, mas a questão da empregabilidade é um mistério, mesmo para os futurólogos porque as maiores corporações do mundo terão, cada vez mais, sua soberania ameaçada por tecnologias e negócios disruptivos, assistindo o crescimento exponencial de startups, o que quer dizer, mexendo profundamente com os postos de trabalho. Quanto à atualidade, uma mudança inexorável, o trabalho remoto e o fato de que ele deixará de ser o tradicional, de expedientes, passando a vigorar o de resultados e entregas. Em um futuro breve, o custo da ineficiência será do colaborador. No trabalho remoto não existirão horários definidos para o expediente nem exigência de local, apenas objetivos e tarefas. O profissional é avaliado e remunerado por sua capacidade de entrega. Aí já está o trabalho sob demanda (Freelance Economy), ou seja, o trabalhador não possui vínculo empregatício e, tampouco, benefícios e direitos previstos na CLT. Exemplo clássico é o Uber e assemelhados. Organizações de todos os tipos passarão a contratar serviços mediante demandas pontuais, em variados mercados. Esses trabalhadores prestarão serviços a diversas empresas ao mesmo tempo, trabalhando em projetos independentes, para os quais a qualidade do trabalho entregue e a sua marca pessoal serão fundamentais para garantir novas contratações. Isso não significa que será fácil, principalmente para os profissionais mais velhos, pois representa uma profunda mudança de paradigma, tanto em termos de relacionamento com as organizações como nos formatos de remuneração e carreira. Fato significativo é que as carreiras estruturadas desaparecerão. Ser bem-sucedido não é mais ser sinônimo de ganhar posições hierárquicas e chegar a uma gerência ou diretoria. A era da criatividade destrutiva tende a recompensar as organizações que substituem as hierarquias rígidas por redes de equipes mais ágeis e empoderadas. Isso pode interessar mais ao empregador do que ao empregado. A aprendizagem deve ser em tempo real, constante e de forma acelerada. Flexibilidade e aprendizado rápido e continuo são ainda mais valorizados em tempos de mudanças exponenciais e a habilidade para resolver problemas complexos são competências raras e cobiçadas pelo mercado. Além disso, são valorizadas as atitudes de relacionamento interpessoal e de liderança. Tudo mesclado com proatividade, autogestão, foco em resultado, definição e redefinição dos seus produtos e serviços e gerenciamento da marca pessoal. Sem oráculos e futurologia, o trabalho continuará existindo, embora os robôs, a inteligência artificial e a tecnologia substituam as atividades mecânicas e rotineiras. O mundo do trabalho encontra-se em mudança, pressionado por transformações: da tecnologia, passando pelo impacto das mudanças ambientais, pelos ciclos migratórios e demografia. Os próximos anos também vão consolidar transformações no modo de viver e pensar das pessoas, que estarão preocupadas, acima de tudo, com sua qualidade de vida e realização pessoal. E o grande desafio será como alinhar a vontade com a realidade.
[1] Wolfang Kinzing, presidente da Faculdade de Teologia da Universidade de Bonn, salienta que, hoje devem existir mais de 9 mil denominações de protestantismo no mundo e poucas seguindo a causa de Lutero.