Valmor Bolan
Doutor em Sociologia
Especialista em Gestão Universitária pelo IGLU (Instituto de Gestão e Liderança Interamericano) da OUI (Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal, Canadá
Representa o Ensino Superior Particular na Comissão Nacional de Acompanhamento e Controle Social do Programa Universidade para Todos do MEC
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O 15 de novembro certamente é o feriado menos comemorado pelos brasileiros; nada celebrado, por não significar muito para cada cidadão. Isso porque já nasceu artificial a República, sem a participação popular, pois o povo assistiu tudo bestializado, como afirmou Aristides Lobo.
Esse aspecto de hiato entre os que proclamaram a República e o povo comprometeu o sistema republicano pelas décadas seguintes. Poucos presidentes da República conseguiram chegar ao final de seus mandatos e fazer sucessor, em meio a uma situação de normalidade. Mesmo Lula, tendo feito Dilma sucessora, acabou sendo tragado pela Operação Lava Jato e o povo foi ás ruas para derrubar o segundo presidente eleito na Nova República.
O primeiro presidente (que não esperava derrubar a Monarquia), também renunciou, depois do desastre que foi a política econômica do encilhamento, capitaneada por Rui Barbosa. E por aí afora. A República nunca esteve sólida, pelo contrário, sempre padecendo de crises e incertezas.
Com isso, o povo continua indiferente com o feriado que deveria ser cívico. O 7 de setembro ainda mantém alguma aura (apesar de também não contar muito mais), nos dias de hoje, de cultura globalmente individualista e consumista, onde prevalece a indiferença por tudo aquilo que outrora representou o patriotismo. Mas o 7 de setembro é mais respeitado, porque a maioria do povo brasileiro ainda mantém uma certa nostalgia monárquica. Isso se percebe tão bem com as denominações que o povo dá, naturalmente, às celebridades que mais se destacam em suas áreas, chamando-as de rei e rainha. Por exemplo, rei Pelé, o rei Roberto Carlos, etc. E ainda considera D. Pedro II como o melhor governante que tivemos. Inclusive no período de maior estabilidade na Monarquia. Evitou a fragmentação do país, mantendo assim não apenas a unidade nacional como a credibilidade internacional, pelo seu exemplo moral, de verdadeiro espírito público, que muito dignificou o seu governo.
O que precisamos hoje é resgatar o valor do patriotismo e do civismo, em meio a grave crise moral em que vivemos. Os nossos jovens precisam conhecer mais a nossa história e prezar por tantos brasileiros que dedicaram as suas vidas para um país melhor em todas as áreas. Talvez assim o 15 de novembro se torne mais significativo, quando a democracia for efetivamente o melhor sistema na escolha de nossos representantes.
Carecemos hoje de parlamentares (em todas as esferas) que assumam tais valores, por isso o descrédito na política, atualmente. Mas esperamos que, especialmente no ano que vem, quando novamente iremos às urnas, ao escolhermos o próximo presidente da República, tenhamos mais discernimento na escolha, e possamos dar o salto qualitativo, para que a nossa República se capacite a promover o tão esperado desenvolvimento do país que todos desejamos.




