“O espaço escolar será mais para uma questão humana de socialização, criar tarefas para equipes, mas não para adquirir conhecimento. Colocar laboratório de informática em escolas sem pensar no futuro é como jogar um balde de água doce no mar, o resultado será nulo.” (Pesquisador Vanderlei Martiniano, do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento em Neurociência Aplicada – França)Todas as atividades humanas, empresarias e socioambientais estão, cada vez mais, sendo pressionadas pelas tecnologias da informação e comunicação. Em todas as áreas há mudanças que afetam a vida das pessoas e vão influir no seu modo de conviver, trabalhar e aprender. O mundo está em constante transformação e o que foi nunca mais será. Por esta razão, tenho convocado os amigos para refletirem sobre como será o sistema de ensino aprendizagem em todos os níveis e como as instituições educacionais vão precisar se estruturar para responder a este desafio. A uma observação feita de que nada escrevi sobre o desempenho do professor diante desta nova realidade é que comento a questão adiante. Deixando de lado os profetas do apocalipse com seu pessimismo congênito, que pintam um futuro tenebroso para a humanidade, não podemos esquece, que todo progresso alcançado até agora nas ciências, nas artes, na economia e na tecnologia é obra humana. Tudo que existe foi atingido pelo domínio do conhecimento dos profissionais formados nos sistemas educacionais existentes. Devemos levar em consideração que o professor em todos os níveis foi de papel preponderante para que os estudantes alcançassem seus laureis acadêmicos, científicos ou pessoais. Há, porém, uma constatação da qual ninguém poderá fugir: o sistema intermediado pela comunicação oral está com os dias contados. A tecnologia está transformando tudo, como conta em sua palestra o Indiano Prof. Sugarta Mitra sobre a Aprendizagem do futuro. [embed]https://www.youtube.com/watch?v=-Au9KdWgjU8&feature=youtu.be[/embed] Ele relata algumas experiências que realizou com alunos de diferentes aldeias indianas para analisar como aprendiam a manusear o computador e aprender Química e Inglês. Seu método era largar o computador na classe, sem explicar nada, e aparecer 2 meses depois. Êxito total e com uma mensagem final: “Daqui a pouco ninguém vai precisar ir à escola para aprender alguma coisa”. Imagine então se o aluno tiver um tutor que o oriente e o estimule a progredir, como o Prof. Mitra fez, conseguindo 200 avós em Londres que através do Skype conversavam todos os dias com jovens indianos para treinar a língua. (Também há no Brasil “A nuvem da Vó” para ajudar o aprendizado das crianças). O que o professor precisa saber é que, se a estratégia da comunicação oral não for mais necessária, ele precisará utilizar os recursos da criatividade para ter êxito profissional. A geração de ideias é uma habilidade subutilizada. Muitas pessoas pensam que é um talento só para empresários, cientistas ou artistas. Mas é absolutamente necessário na sala de aula, como escreve a Profa. Luciana Santos, docente e coordenadora de Curso da Rede Senac EAD, cuja colaboração transcrevemos a seguir: Criatividade para o Futuro da Carreira Docente A capacidade de desenvolver a consciência histórica e de antecipar o futuro são as condições típicas somente presentes na natureza humana. É a nossa capacidade de antecipação, influencia a sobrevivência e a superação de desafios e problemas, ou seja, "imaginar o curso dos acontecimentos, inventar alternativas, calcular os riscos, finalmente, ensaiar possíveis soluções permite que, em caso de falha, ou de sumiço sejam as hipóteses e não os seus inventores" (Freymann, 2011). Mesmo com todas as tecnologias disponíveis, o que faz a grande diferença é o valor humano das interações que podem ser digitais ou presenciais, desde de que, sejam conectadas a realizações práticas, propósitos e valores comuns. O desafio é grande, mas o momento atual impõe a urgência por transformações velozes e impactantes como acontece em várias áreas e segmentos da sociedade. Destaco 4 características ou tendências importantes para o professor do futuro:
- Professor analítico da aprendizagem (analytical teacher of learning: Em um mundo em que as tecnologias e ferramentas digitais permitem que os alunos aprendam 24 horas por dia, 7 dias por semana, de inúmeras formas, é fundamental que este processo forneça dados mais precisos sobre o perfil, engajamento, preferências e outras dimensões cognitivas que impactam na aprendizagem. No entanto, o mais importante é o professor preparar-se para ler esse tipo de informações, para que ele possa propor intervenções significativas.
- Professor orientador de carreira: essa é uma perspectiva cada vez mais presente e necessária na atuação docente, por permitir o desenvolvimento de diferentes habilidades e competências, associadas a trajetórias de aplicações voltadas a matrizes de carreira, o que se diferencia muito, das escadas hierárquicas dos componentes curriculares.
- Professor influenciador digital: Esse termo foi popularizado na internet pela atuação dos youtubers, blogueiros e explodiu nas redes sociais, como Facebook, Instagram, LinkedIn. Os influenciadores produzem conteúdos acessíveis, funcionais, usando o poder na comunicação. O professor precisa compreender o potencial de transformação que está em suas mãos e usar seu capital de conhecimento e ferramentas digitais para se projetar fora da sala de aula.
- Professor empreendedor: Por natureza o professor já é um empreendedor, ministrando aulas para diferentes escolas, perfis, disciplinas. Um professor empreendedor pode usar seus conhecimentos e experiências para projetar novos modelos instrucionais, idealizar novos produtos e serviços educacionais ou avançar na liderança de práticas e políticas relacionadas a educação.