1) Causas secundárias:
1.1) mão de obra acessória altamente desqualificada. A qualidade da educação brasileira fica na 76ª posição entre 129 países de acordo com a Unesco, perdendo até para países africanos como Zâmbia e Senegal, além de estar abaixo de todos os países da América do Sul. As escolas são ruins, sem estruturas e equipamentos, professores mal preparados e mal pagos. Isso repercute no ensino superior. As Instituições recebem os alunos mal preparados. A má qualidade do ensino no Brasil é fruto de um paradoxo, gasto altamente desproporcional. A maioria do orçamento do MEC vai para universidades públicas onde estudam cerca de um milhão de alunos, e uma pequena parte do orçamento vai para as escolas de nível básico, onde estudam mais de 40 milhões de crianças e jovens. Gasta-se muito com os universitários, que na maioria podem pagar (88% de Medicina, 80% Odonto, 50% Direito). Em média, 9 mil dólares ano, e pouco com alunos do ensino básico: aproximadamente mil dólares. Só resta aos menos favorecidos ingressarem nas Instituições públicas em carreiras de pouca procura. Ex. Pedagogia, Letras, ou trabalhar para pagar uma Instituição privada. Na sociedade digital, a baixa qualidade do ensino no Brasil afeta o crescimento do PIB, haja vista que é uma ameaça a competitividade das empresas para competir na economia global e um obstáculo ao crescimento do país;
1.2) dentre todos os países, o Brasil é um dos mais corruptos do mundo. As verbas não chegam ao destino final;
1.3) um dos mais burocráticos países do mundo. Extremamente burocrático para conseguir equipamentos e insumos para pesquisa e até para criar qualquer empresa de pesquisa;
1.4) tem uma das maiores taxas de juros do planeta, logo, qualquer financiamento para realizar pesquisa em ciência e tecnologia encarece a pesquisa, sobremaneira;
1.5) uma das maiores cargas tributária do mundo. Paga-se imposto sobre tudo e um alto percentual;
1.6) onde 50% dos empreendimentos vão a falência e são fechados em até 3 anos de atividades.
2) Causas principais
2.1) baixo investimento em inovação, pesquisa da ciência e do desenvolvimento tecnológico. Primeiramente, é importante asseverar que gastos com inovação e pesquisa da ciência e tecnologia não são gastos, são investimentos, pois ajudam o país a se desenvolver. O Brasil até antes do governo Temer investia cerca de 1% de seu PIB com ciência e tecnologia, o que já era muito baixo e insuficiente para o desenvolvimento do país. Basta compararmos com a União Europeia, que pretende destinar 3% do PIB para pesquisa e desenvolvimento até 2020. Nos EUA, até 2017, já se aplicava em torno de 2,7% do PIB e a China vem aumentando substancialmente os investimentos em inovação e pesquisa da ciência e da tecnologia. Aqui no Brasil, entretanto, em 2017, o orçamento do Ministério de Ciência, Tecnologia e Comunicações (no governo Temer o Ministério das Comunicações foi incorporado ao de Ciências e Tecnologia) que já era muito baixo, de 5,8 bilhões, foi diminuído para 3,2 bilhões, sendo 700 milhões destinados para Comunicações e 2,5 bilhões para Ciência e Tecnologia. Com o corte drástico interromperam-se pesquisas, programas e bolsas de pesquisas acelerando a fuga dos cientistas para outros países. Isso tem repercutido de forma negativa no meio internacional além de deixar a comunidade científica brasileira extremamente preocupada. Se antes da redução do orçamento a situação já era ruim, agora está muito pior. O resultado desse corte trará trágicas consequências para o desenvolvimento do país, infelizmente é o que veremos num futuro próximo. Nessa perspectiva, segundo Luiz Davidovich, em épocas de crise, os países devem aumentar o investimento em pesquisa, ciência, desenvolvimento e inovação tecnológica, já que constitui-se na “porta de saída da crise”, pois isso é o que tem feito diversos outros países há muito tempo. O corte no orçamento "vai penalizar o Brasil por décadas", constituindo-se numa “bomba de efeito retardado que estoura lá na frente”.
2.2) falta de conexão entre as universidades e o mercado de trabalho (indústrias e empresas em geral). No Brasil, poucas empresas têm parcerias com as universidades para produzir pesquisas. Podemos citar como exceção, dentre outras, a Petrobras que ganhou prêmios internacionais na exploração de petróleo em águas profundas, através de cooperação com várias universidades brasileiras, e a Embraer, que em cooperação com o departamento de Engenharia Mecânica da UFSC, transformou-se na maior empresa de compressores do mundo. Aqui no Brasil não temos nenhuma universidade no “The Times Higher Education University 2015/2016”, prestigiosa publicação que elege as melhores instituições de ensino dedicadas à pesquisa ao redor do globo.
Arrematando, cumpre asseverar que para manter nossos pesquisadores em nosso país, trabalhando em inovação e pesquisa para o desenvolvimento da ciência e da tecnologia é imprescindível a adoção de políticas que evitem que sejamos um "doador de cérebros". E isso só é possível através de:
1) altos investimentos em inovação e pesquisa da ciência para o desenvolvimento científico e tecnológico, ou seja, se tornando um polo de inovações científicas e tecnológicas, para que os pesquisadores tenham oportunidades de desenvolver suas pesquisas e possam ter carreiras iguais e empregos bem remunerados; 2) maior conexão entre as universidades e o mercado de trabalho (indústrias). Ex. No Japão, os universitários de Engenharia, Informática, etc. São convocados pelas indústrias, no final do curso, para desenvolver ideias novas a serem postas no mercado. Muitas delas, de fato, foram como projetos de carros “futuristas” que são constantemente elaborados; 3) oferecer benefícios ou incentivos fiscais para as empresas privadas em caso de inovação em novas tecnologias ou ideias que sejam desenvolvidas por seus funcionários.