Gabriel Mario Rodrigues
Presidente do Conselho de Administração da ABMES
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“A ideia é a criação de um ambiente favorável para que os amantes da tecnologia, inovação e empreendedorismo possam interagir de forma democrática entre si, disseminando conteúdos e promovendo o intercâmbio de informações de forma colaborativa.” (Tonico Novaes, diretor-geral da Campus Party)
A Campus Party é a maior experiência tecnológica do mundo, uma imersão em Internet das Coisas, Blockchain, Cultura Maker, Educação e Empreendedorismo. Mais do que um evento, é uma rede que conecta 500 mil pessoas em todo o planeta, sendo mais de 150 mil do Brasil.
A jornada já passou por diversos países como Espanha, Holanda, México, Alemanha, Reino Unido, Argentina, Panamá, El Salvador, Costa Rica, Colômbia, Equador, Itália e Cingapura. Presente no Brasil desde 2008, a 12ª edição – #CPBR12 – foi realizada em São Paulo, entre os dias 12 e 16 de fevereiro, em uma promoção da Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia de São Paulo em parceria com o Instituto Campus Party.
O evento tem como objetivo desenvolver soluções tecnológicas, bem como fomentar iniciativas inovadoras em prol da melhoria de políticas públicas para o bem-estar da sociedade.
Neste ano, os campuseiros puderam conhecer 120 startups que participaram do programa Startup & Makers, que tem como objetivo impulsionar e capacitar jovens talentos e empreendedores. Foram destaque na categoria Early Stage (projetos pouco avançados, com equipes bem definidas, primeiros protótipos criados e ainda testados que não receberam investimento) as startups Print Green 3D, Smart Capacete e Verifact.
Já na categoria Growth Stage (startups avançadas, com uma equipe robusta e desenvolvida, produtos lançados no mercado, com ou sem investimento, que já possuam faturamento), os destaques foram as startups Desquebre, Keepz e Cuboz.
No espaço Campus Future foram apresentados 41 projetos universitários e acadêmicos com destaque para MinervaBots, Polimex e Ex Machina Prótese Mioelétrica.
Além da grande inovação dos projetos, os números da Campus Party Brasil 2019 são extraordinários:
– Público presente: 130 mil pessoas
– Total de campuseiros: 12.500, com 8.000 acampados
– Barracas: 5 mil simples e 1.500 duplas
– Atividades:
- mais de 1.000 horas de conteúdo
- mais de 900 palestrantes
- 231 workshops
– Velocidade da internet: 40 GBps
– Envolvidos na organização: mais de 3.000 pessoas
Com vários workshops e palestras ocorrendo ao longo do evento, o 1º Fórum Brasileiro de Empreendedorismo Social e Periférico apresentou iniciativas reais e de sucesso que acontecem no Brasil e no mundo, a partir de cinco pilares: Empreendedorismo Popular, Potenciais Periféricos, Tecnologias de Impacto, Inclusão Social e Diversidade.
Para o presidente do Fórum e do Instituto Campus Party, Francesco Farruggia, a importância da criação de espaços como o Fórum está em permitir interações e troca de conhecimentos através do “hub do bem”. Ele afirma que é urgente “o fomento ao empreendedorismo social e, consequentemente, o estímulo à produção de ações e iniciativas que despertem esperança nas periferias quanto à possibilidade de mudança de sua realidade e história”.
Um manifesto elaborado coletivamente será entregue às autoridades, reiterando “o vácuo de conhecimento e de formação no campo da educação, que não é preenchido desde o ensino básico até o superior”. Conforme o manifesto, “o empreendedorismo social precisa carregar dentro de si e de seus produtos e serviços seu caráter ativista e transformador, a fim de que o negócio impacte positivamente a sociedade e ajude a romper barreiras de preconceito e discriminação”.
O espaço Educação para o Futuro, uma das áreas mais visitadas na Open Campus, tinha como premissa debater os novos caminhos da educação e construir com todos uma nova forma de olhar para a formação das crianças e adolescentes. O projeto conta com a parceria da Rede Brasileira de Aprendizagem Criativa, representando o Laboratório Lifelong Kindergarten do MIT, Media Lab no Brasil.
De tudo que se pode relatar sobre o evento, uma afirmação é certa: inequivocamente, a CPBr12 chegou para ficar. O Campus Summit, espaço que permitiu, pela primeira vez, a troca de informações e conhecimentos entre executivos e os campuseiros, abrigou duas iniciativas diferentes: a 7ª edição do Latin America Meetings & Events Conference (LAMEC), cujo tema foi “Humano como sempre, tecnológico como nunca”, e o Cybersec e LGDP, com foco na experiência de empresas, empreendedores e cientistas.
O diretor de inovação da MCI e da Campus Party Brasil, Ney Neto, comenta como foi enriquecedora a experiência: “reunir profissionais do mercado e jovens que buscam seu espaço para debater e trocar experiências em áreas do conhecimento como Open Innovation, Cyber Security, Data Protection and Privacy, Blockchain e Artificial Intelligence, certamente, resultará em ganhos para todos”.
A edição 2019 ofereceu um novo espaço ao público presente, o Campus Jobs, com palestras e outras atividades relacionadas à formação profissional, além da possibilidade de participar de processos seletivos que puderam resultar em contratação efetiva. Barbara Duran, diretora de RH da MCI, conta que o objetivo foi fornecer subsídios para orientar a carreira, “não apenas daqueles que já alimentam o desejo de empreender na área de inovação, mas principalmente daqueles que buscam se desenvolver”, explica.
Iniciativa das mais nobres ficou por conta da campanha criada pela Campus Party, em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e Comunicações (MCTIC), que culminou na arrecadação de mais de 20 toneladas de descartes eletrônicos, tais como monitores, CPUs, impressoras, teclados, aparelhos celulares e de ar-condicionado, caixas de som, notebooks e demais acessórios de informática.
Tudo o que foi reunido estará nos Centros de Recondicionamento de Computadores do MCTIC e, posteriormente, será doado a pontos de inclusão digital, como bibliotecas, escolas públicas e telecentros de todo o país.
Para os estudantes de todas as idades e níveis de aprendizado foi oportunidade não só de integração com colegas do Brasil inteiro, mas também de inteiração no que rola no mundo nas várias áreas de tecnologia, da Internet, da Inovação e do Empreendedorismo.
Esperamos que gestores das instituições de ensino superior estejam bem antenados com o evento e atentos à infinidade de reflexões que ele traz. É um conceito que precisa ser acompanhado por quem acredita que está proporcionando a educação do futuro.