Ainda há muitos gestores que associam a carga horária de um curso à sua qualidade. No entanto, há evidências científicas de que carga horária não é sinônimo de qualidade.O que de fato importa é a qualidade da interação entre docentes e alunos e entre os próprios alunos durante as aulas. É fundamental equilibrar a parte instrucional e padronizada do processo, que hoje prevalece, com atividades mais centradas no aluno e construcionistas. Assim, menos horas de sala de aula representarão maior aprendizagem e engajamento dos alunos (less teaching, more learning). Outro elemento que contribui consideravelmente para o ganho de eficiência é a oferta de 20% do curso na modalidade EAD. Desde 2004, quando foi publicada a portaria nº 4.059, é permitida a oferta semipresencial de até 20% da carga horária total dos cursos superiores reconhecidos. Recentemente, foi publicada a Portaria nº 1.428, que permite elevar este percentual para até 40% em alguns casos. No entanto, pesquisas atuais apontam que praticamente 60% das pequenas e médias IES não aproveitam essa oportunidade. Os motivos são vários e vão desde a falta de conhecimento em relação às possibilidades que a EAD traz até a ideia de que a modalidade não funciona ou possui menos qualidade do que o ensino presencial.
A oferta de disciplinas na modalidade semipresencial cria um cenário ideal para a promoção da inversão da sala de aula.Neste modelo, tudo que diz respeito à oferta de conteúdo acontece online, respeitando o ritmo individual de aprendizagem de cada aluno. Os momentos presenciais são utilizados para a aplicação desse conteúdo, através de metodologias ativas de aprendizagem. Ou seja, a aula acontece em casa (no AVA) e os momentos presenciais, em sala de aula, são utilizados para a resolução de exercícios e problemas.
A lição de casa é feita na escola e a aula acontece em casa.Por isso, a utilização do termo inversão da sala de aula (ou flipped classroom). Pesquisas recentes apontam que, no modelo híbrido (presencial + EAD), o aluno aprende mais, fica mais satisfeito, evade menos e ainda custa menos para a IES.
É muito provável que em muito pouco tempo tenhamos um modelo único de educação, que não será exclusivamente a distância nem exclusivamente presencial. Teremos um modelo híbrido (ou blended learning), com momentos presenciais facilitados por tecnologias da informação e comunicação que funcionam muito bem na EAD.Para quem quiser se aprofundar mais no assunto, a partir de 19 de agosto, ministrarei o curso, oferecido pela ABMES, “Peer Instruction: invertendo a sala de aula com o uso de metodologias ativas”. Nele, serão discutidos os principais aspectos que estão revolucionando o ensino superior no Brasil e no mundo: sala de aula invertida, ensino híbrido e o uso de metodologias ativas de aprendizagem na EAD e no ensino presencial. Será o primeiro curso livre ofertado no Brasil com uso de metodologias ativas online e ainda aplicação da sala de aula invertida com uma oficina presencial de Peer Instruction, em Brasília, na sede da ABMES, 100% hands on. Fica aqui o convite. Resumindo, a modularização das entradas de alunos, a sinergia entre as matrizes curriculares, a adequação do tamanho das salas, um bom modelo de ensalamento e a oferta inteligente dos 20% EAD são elementos do modelo acadêmico que reduzem consideravelmente a principal linha de custo de qualquer IES, sem comprometer a qualidade, trazendo inovação e podendo determinar sua sustentabilidade financeira.