“São nossas escolhas que determinam quem somos ou o que viermos a ser. São elas que podem mudar nossa vida, e a vida de muitas outras pessoas. E é graças a nossas escolhas que podemos mudar, inovar, fazer diferente. Ousar. Graças a nossas escolhas que podemos nos reinventar, de sermos aprendizes de nós mesmos.” Kathlen Heloise PfifferQuarentena: Tempo de ficar em casa e pensar na vida! Tempo de provação! Tempo de reflexão! Tempo de humanização! Tempo para se reinventar! Tempo para autoconhecimento! Tempo de pensar na família! Tempo de pensar na humanidade! Tempo de pensar no próximo! Tempo de pensar nos desgovernos que saem e que entram por estes brasis! Tempo de pensar nas crises! Tempo de pensar na educação! Tempo para instigar nossa criatividade! Tempo de pensar no mundo mais acolhedor! Tempo para pensar no amigo! Tempo de pensar em ciência e tecnologia! Tempo para pensar na cidade onde vivemos e na rua em que moramos! Tempo para ver e sentir os moradores das comunidades sem recursos! Tempo para pensar nos desprotegidos! Tempo para pensar em Deus, para quem nele acredita! Tempo de solidariedade! Tempo para esquecer o futebol e tempo para pensar no Brasil e nas nossas diferenças sociais. Coisa que todo mundo sabe que existe e que este “viruzinho” enfezado veio escancarar, mostrando a imensa desigualdade dos que moram no Morumbi e de seus vizinhos de Paraisópolis. Em publicação em seu site, o Forum Economic Mundial registrou que, até o dia 19 de abril de 2020, em todo o mundo, os casos confirmados de COVID-19 chegaram a 2,4 milhões, de acordo com os últimos dados da Universidade Johns Hopkins . Sabe-se que mais de 160.000 pessoas morreram com o vírus. A pandemia da Covid-19, escreve o jornalista Roberto Pompeu de Toledo na Revista Veja de 10 de abril, exibiu o Brasil “peladinho, com suas hordas de catadores de lixo, acrobatas de cruzamento, flanelinhas, moradores de rua, vendedores de pano de chão, vendedores de bala, camelôs, boias-frias, mendigos. Sem falar nas diaristas, entregadores de pizza, motoristas de Uber, nas manicures, pescadores, ajudantes de pedreiro, garis. E sem se esquecer das domésticas sem registro, dos garçons sem salário, dos beneficiários do Bolsa Família, dos manobristas (ou manobreiros, conforme a região do país), das professoras do sertão que ganham meio salário mínimo, dos tocadores de biroscas nas favelas”. Tudo aparece num momento de crise onde a dor do semelhante move corações, mentes e consegue colocar em nós um pouco mais de humildade sobre nossa limitação como ser humano, de nossa fragilidade, de nossa insignificância perante um universo desconhecido. Eis que a humanidade desperta para uma nova realidade onde se percebe que sozinhos não somos ninguém e precisamos do auxílio uns dos outros. Tudo mudou, muitos estão perdendo, eu perdi, provavelmente você perdeu. Ótimo, pois é sinal de que tínhamos o que perder, pois milhares nada têm o que perder a não ser a vida pela fome e pela exposição ao novo coronavírus. Segundo o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, a crise que o planeta enfrenta " é uma combinação, por um lado, de uma doença que é uma ameaça para todos no mundo, e segundo, porque tem um impacto econômico que trará uma recessão sem precedentes no passado recente. A combinação desses dois fatores e o risco de contribuir para o aumento da instabilidade, o aumento da violência e o aumento do conflito são coisas que nos fazem acreditar que essa é, de fato, a crise mais desafiadora que enfrentamos desde a Segunda Guerra Mundial". Para o historiador Walter Scheidel, professor da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, em entrevista à BBC NEWS Brasil no último dia 5, a pandemia da Covid-19 tem potencial para afetar positivamente um dos maiores problemas do mundo atual: a desigualdade social. Em seu livro The great leveller: Violence and the history of inequality from the Stone Age to the Twenty-First Century (que, não fosse o coronavírus, seria lançado neste mês pela Zahar com o título Violência e a história da desigualdade), o historiador Walter Scheidel diz que só estas grandes disrupções, que chama de “quatro cavaleiros do apocalipse”, conseguiram reduzir a desigualdade econômica, pelo menos até o século XX: grandes epidemias, falências do Estado, revoluções comunistas e esforços em massa para a guerra. Segundo Scheidel, o impacto das epidemias sobre a desigualdade se fazia mais presente em sociedades agrárias até o século XX. No século XXI, ele acredita que seu impacto possa ser afetar preferências e escolhas políticas. “Se este evento for severo o suficiente, ele pode alterar as preferências do eleitorado de forma que se mova para uma defesa de um estado de bem-estar social mais forte, impostos mais altos para pagar pelos déficits causados por pacotes de estímulo, mais assistência médica, maior proteção aos trabalhadores", avalia. Mas eu me pergunto: ficará alguma lição da atualidade? O que mudará com a Covid-19 na sociedade e na educação? Com certeza temos um vírus terrível pela frente, contra o qual não há vacina, nem teste, nem cura, senão amargarmos um triste trajeto de desesperança com o acúmulo de bilhões de reais decorrente da paradeira geral. Na economia, milhares de empreendimentos sucumbidos diante da realeza de um vírus cuja paternidade ninguém assume, mas que tem locus no alvo, isso tem. Depois de participar de alguns debates e palestras, o economista Jose Roberto Mendonça de Barros em sua coluna no jornal O Estado de S.Paulo de domingo sintetiza o que ouviu:
- Para onde irá o conflito China /Estados Unidos; serão competidores, adversários ou inimigos?
- O nacionalismo e o protecionismo seguirão prevalecendo sobre o multilateralismo?
- As cadeias de produção globais vão ou não se reconstruir?
- Como as ameaças globais, clima e aquecimento, pandemias, pobreza e migração serão tratadas?