Ninguém duvida que o nosso futuro, igual ao nosso atual presente de terrível pandemia, será também muito mais desafiante, especialmente pelas nossas responsabilidades educacionais. As mais recentes pesquisas, realizadas entre os jovens, mostram o como será o futuro para eles, o que os leva a repensar da validade de se ocuparem com a realização de um curso superior, que demanda tempo e, mesmo que gratuito, impõe alguns trocados para frequentarem uma faculdade. Eles parece que receberam a vacina da desesperança. Os dados da primeira prova do ENEM, realizada em 17 do corrente, revelam um índice ligeiramente superior a 50% de faltosos a prova, sabendo que o ENEM agora tem o condão de ser passaporte para a vida universitária.
Ao mesmo tempo, penso, com sérias preocupações e muita tristeza, em algumas pequenas escolas superiores que, com tão poucos recursos e com tão poucos alunos, parecem estar apenas esperando os “abraços” dos seus antigos formados para cerrarem suas portas no termino do atual período escolar para o novo ano letivo que se avizinha. É comum, no interior do Brasil, os “abraços” saudosos dos antigos alunos à beira do fechamento das escolas que frequentaram.
Os jovens estão pensativos sobre o futuro deles, diante das dificuldades de trabalho e emprego e dos avanços da tecnologia, que estão concorrendo também para servir para aumentar o número de desempregados. Neste ponto, o percentual de desempregados é semelhante em muitas nações. Como na pandemia, esta situação não alcança somente o nosso País, mas o mundo todo. Cada novo lockdown é um novo elemento para aumentar as nossas dificuldades econômicas e para ampliar a desigualdade social das nações e, a não utilização dos lockdown pelos governantes, concorre para o aumento dos infectados com o vírus maldito da COVID-19, que ocupam, em muitos casos e ao depois, os espaços, já exíguos, dos nossos cemitérios. Só para refletir: uma Olivetti, no passado sem tecnologia, ocupava oitenta horas de trabalho humano para fazê-la e agora um computador pessoal, muito mais complexo, não exige sequer uma hora de esforço operário. Essa diferença ocorre sobretudo na produção de bens materiais.
Como ensina Domênico De Masi “queiramos ou não, deveremos saber que o único tipo de emprego remunerado que permanecerá disponível com o passar do tempo será do tipo intelectual criativo”. E nós somos convocados, nos formulários de autorização de cursos superiores perante o MEC, a preencher um espaço específico dizendo do tipo de perfil de profissionais que desejamos formar. Isto é uma exigência que se arrasta pelo tempo.
Cabe-nos refletir e pensar muito nesses formulários para preenche-los pois teremos de ser cada vez mais muito objetivos, reforçando as esperanças dos candidatos aos cursos superiores naquilo que ofereceremos.
Algo que já já será necessário é que repensemos nestes formulários de perfil de egressos para que traduzam, especial e concretamente, para os candidatos aos nossos cursos, a nossa maneira de os preparar para o futuro. Se bem soubermos enunciar e fazer essa preparação e formação, com certeza a nossa captação será maior e de grande sucesso. Neste aspecto ocorre-me uma sugestão: porque não criarmos um grupo de professores interessados nesse trabalho, talvez até uma bela ocupação para os Núcleos Docentes Estruturantes das nossas instituições. Afinal, nossos professores são nossos reais companheiros do conhecimento e os grandes responsáveis pela preparação acadêmica para o futuro. Como conceber, na prática, intelectual criativo.
João Appolinário, CEO da Polishop, homem vitorioso no ramo do varejo, propõe e cobra dos seus vendedores que o importante é o comprador experimentar o que se diz a eles e fazer ao vivo diante deles o uso dos aparelhos a serem vendidos. Foi assim que ele publicou e continua vendendo o “grill” dos churrascos familiares e as panelas de batata frita, sem o uso de óleo. Para ele a “inovação é fruto do questionamento do que existe, pois só se faz inovação sobre o que existe e é feito”. Só vende bem quem demonstra bem e comprova o que apresenta. As pessoas compram os benefícios que são anunciados. Os jovens, também.
Testemunhos e marketing artísticos não são mais suficientes para projetar Instituições de Ensino. É necessário que os jovens e adultos que as frequentem, provem da arte do saber fazer. Criar projetos, aplicações práticas e estimular a autonomia serão o caminho para o futuro da formação educacional e da resistência das IES no Brasil. Na Faculdade de Omã, no Oriente Médio, os mecanismos tecnológicos utilizados durante a pandemia foram praticamente os mesmos dos operados no Brasil. O que mudou foi o acompanhamento, o nível de compreensão de que esta é uma das maiores crises vividas pela humanidade. O uso da tecnologia deve ser criativo e dinâmico, a fim de envolver os alunos como participes da construção deste novo tempo pois o futuro é agora.
5