Uma nova aliança
Meu corpo geme com as dores deste parto,
O nascimento de um novo homem.
Eu te peço companheirismo,
e me ofereces o machismo.
Eu te peço cooperação,
e me ofereces exploração.
Eu te peço carinho,
e me ofereces o falo.
Eu te quero homem,
E te ofereces macho.
Eu te quero emoção,
E te ofereces razão.
Eu te ofereço caminhada,
E tú preferes acomodação.
Eu quero a alegria da partilha,
E tú vives como uma ilha.
Acorda, homem!
Estende-me a mão,
Deixa-me ajudar-te,
A encontrar teu coração.
A poesia acima demonstra o desencontro dos anseios de uma mulher em contrapartida com o que o homem lhe oferece. Contudo, para a Psicóloga Isabelle Ludovico, em seu livro O Resgate do Feminino “o homem não é, no entanto, o único responsável por essa dicotomia. É a mulher que cria filhos machistas e perpetua o modelo”. Para Isabelle “ao longo da história nos moldamos a estereótipos desumanizadores. De um machismo sufocante a um feminismo insensível”. O que significa que, oprimida, ao se rebelar contra o pensamento opressor, a mulher se rebelou também contra o homem. O grande desafio para o resgate do feminino, é justamente sob o aspecto da inteireza de uma humanidade que pensa e através da cooperação entre ambos conseguem criar uma sociedade sustentável e vencer os grandes dilemas sociais.
Transpondo outros anseios, também legítimos, para a vida em sociedade as mulheres reivindicam uma sociedade mais igualitária com direitos iguais, tendo em vista que as mulheres representam mais de 50% da população mundial e a aparência de igualdade ainda é fictícia.
O empoderamento feminino alberga a luta pela ocupação feminina dos mais variados espaços sociais e de uma forma sem precedentes vem mudando não apenas a mentalidade das pessoas, mas também a sociedade. É basicamente a forma de valorização da vida social, econômica, cultural e da posição política das mulheres, convencionalmente desfavorecidas e negligenciadas, na sociedade. Como consequência o empedramento da mulher traz não apenas desenvolvimento pessoal, mas uma evolução da sociedade em geral, pois já representam mais de 40% da força de trabalho global.
Como educadora, acredito que a educação é a arma mais poderosa para a mudança de qualquer cenário e nesse aspecto, lutar pelo acesso à educação deve ser uma das grandes bandeiras, haja vista que mulheres quando educadas possuem a oportunidade de construírem uma carreira, sair da marginalidade e conquistar a independência financeira. Com instrução e esclarecimento são mais hábeis na gestão familiar. A educação gera resultados diretos e impactos indiretos para a sociedade.
Outra estratégia para o empoderamento sustentável é através da promoção ao empreendedorismo feminino. Se traduz numa fonte importante de crescimento econômico com a criação de novas frentes de trabalho. As características femininas as levam a criarem soluções inovadoras, portanto são necessárias pesquisas mais aprofundadas em relação aos fatores que corroboram com o empreendedorismo feminino, bem como políticas de financiamento que tornem as mulheres cada vez mais empreendedoras.
Numerosos estudos demonstram o impacto positivo das mulheres empresárias no crescimento e desenvolvimento econômico, como a pesquisa Paz Sustentável e Durável (Cuberes e Teignier 2014; Fetsch, Jackson e Wiens 2015; Lewis et al. 2014; Woetzel et al. 2015). Cabe a ressalva de que nas economias caracterizadas por mulheres em altos cargos a atividade empresarial é mais resistente a crises financeiras e experimenta menores desacelerações econômicas (Global Entrepreneurship Research Association 2017, 29). Assim, o empoderamento econômico das mulheres tornou-se uma pedra angular na Agenda 2030, através da ODS de número 5 (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável) que enfatiza a igualdade de gêneros.
A ABMES, no dia das mulheres não apenas traz a reflexão sobre a importância da igualdade de gênero, mas empenha seu apoio e comprometimento com uma agenda que realmente propicie à todas as mulheres empreendedoras da educação apoio e reconhecimento. Trago em mim enorme gratidão por ter sido escolhida para escrever esse texto e refletir com vocês sobre o lugar da mulher na atual sociedade. Me orgulho de vir de uma família matriarcal, de mulheres fortes e batalhadoras, mãe, duas irmãs, uma filha e quatro sobrinhas que podem ser reverenciadas pela sua garra, força, talento, fé, mas sobretudo pela humanidade de cada uma. Através delas parabenizo cada mulher brasileira! E voltamos assim ao início do texto: vamos resgatar o feminino criando nossos filhos e educando nossos alunos com sensibilidade para que possam quebrar todos os estereótipos?
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