Um dos principais papeis da escola é ensinar, transmitindo conteúdo da melhor forma possível e preparando os alunos para a vida futura. E que assim continue e que o faça cada vez melhor. A novidade não é essa.
O extraordinário contemporâneo é que educar ficou mais complexo do que costumava ser. Não se limita mais a, principalmente, ministrar conteúdo, técnicas e procedimentos. Tal centralidade na missão passa a ser compartilhada, em pé de igualdade, com outros desafios, em geral, mais difíceis ainda.
A nova complexidade não decorre de caprichos dos educadores, mas sim é reflexo de demandas inéditas da sociedade, especialmente quanto ao mundo profissional e às perspectivas de felicidade do cidadão. A formação tradicional anterior, por melhor que fosse, ainda que permaneça imprescindível, se tornou insuficiente para atender aqueles legítimos anseios.
Grosso modo, se entendermos aprendizagem, em todos os seus aspectos, como associada à cognição, o que a transcende chamamos de metacognição, especialmente no que diz respeito à capacidade do educando de refletir sobre a sua própria aprendizagem. Aquilo que, no passado recente, seria desejável, ainda que pouca atenção lhe fosse conferido, passa a ter uma inédita principalidade.
Se as tarefas de um profissional podem ser elencadas na forma de rotinas previsíveis, por mais sofisticadas que elas sejam, os processos cognitivos típicos, de alguma forma, dão conta de ensinar. Por outro lado, quando as missões passam a ter uma natureza mais complexa, caracterizadas pela imprevisibilidade, conteúdo, técnicas e procedimentos aprendidos se mostram limitados e insuficientes. Neste cenário, a metacognição é o diferencial entre o sucesso e o fracasso, para o profissional, ou entre a satisfação e a frustração, para o cidadão em geral.
A metacognição que prepara para a aprendizagem ao longo de toda a vida tem múltiplas facetas, envolvendo desde enfatizar o aprender a aprender continuamente à necessidade de contemplar habilidades socioemocionais, tais como trabalhar em equipe, resiliência, criatividade etc. Mesmo assim, nada é mais relevante para a arte da metacognição do que incutir no educando a capacidade de refletir sobre a própria aprendizagem.
O desafio passa a ser tornar indispensável, ao longo do processo de ensino e aprendizagem, enfatizar a percepção sobre o avanço gradativo em termos de níveis subsequentes de consciência do aprendiz acerca de como ele aprende. Ao se conhecer mais e melhor, o educando amadurece no que diz respeito a quando (espaço e tempo), ao como (mídias e ambientes de aprendizagem) e em que contexto educacional (com quem e com quais metodologias) sua aprendizagem é maximizada.
Aos educadores, resta o desafio de fazer uso do que existe de mais avançado em termos de analítica da aprendizagem, do trato inteligente dos dados e do uso de inteligência artificial, incluindo aprendizagem de máquinas, para colher e sistematizar, propiciando o máximo de informações qualificadas sobre o percurso do aluno. Dessa forma, a partir desses elementos analisados, viabilizar construir trilhas educacionais múltiplas que atendam às particularidades e peculiaridade de cada educando, garantindo serem apropriadas aos contextos e propósitos educacionais específicos.
Caminhamos em direção a uma educação híbrida, flexível e personalizada. Nesse contexto, nada pode ser mais importante do que colaborar na construção de um cenário onde todos aprendam, todos aprendam o tempo todo e onde cada um possa desfrutar de uma aprendizagem customizada, a qual leva em conta que todos os educandos importam e que cada um deles é único.
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