Não há cidades no mundo que não possuam praças, algumas mais bem cuidadas e outras, nem tanto. Dificilmente, se vê um praça que não possua homenagens tradicionais, ora é à Bandeira, ora é à República, ora é a um filho ilustre da cidade que tem seu busto homenageado. As praças são símbolos de alegria e em seus tradicionais coretos e, de quando em vez, acolhem, uma banda que nos recorda dos bons tempos: “A mesma praça, os mesmos bancos, as mesmas flores, o mesmo jardim, tudo igual, mas triste, porque não ver você perto de mim”. A alegria das praças é tão nossa que, semanalmente, Manoel da Nobrega insiste em dizer que “a praça é nossa”.
Com a relativa redução da impetuosidade voraz do maldito vírus da Covid-19, nossas praças recomeçaram a receber visitas. Os jovens e os menos jovens, com as novas notícias da mídia sobre a pandemia, as nossas praças, embora ainda vazias, voltaram a ver gente de toda parte a percorrer as calçadas, mas uma coisa ainda me preocupa: o olhar de desdém, de quase desprezo, de rejeição dos transeuntes em relação aos bancos das nossas praças. Se bancos fossem humanos certamente viveriam em tristeza por as pessoas passarem ao largo sem ao menos um olhar carinhoso de boa lembrança. Ah! Como não recordar da musiquinha: “Estava à toa na vida e o meu amor me chamou, pra ver a banda passar, cantando coisas de amor”. Era a glória de ver as bandas deixarem os coretos das nossas praças e seguirem em retirada. Banda é coisa alegre. É coisa de amor.
Acho que dá para perceber que moro diante de uma praça e de muitos bancos ainda vazios. Curioso, acho que dá para entender que não vejo a hora de confirmação dos caminhantes pelos bancos. Jamais gostaria de testemunhar o casalzinho de jovens, portando nas mãos os tais vidrinhos de álcool em gel, borrifando assentos de bancos e espaldares para evitar o contágio com esse vírus mutante. Será uma cena de terrível desprezo, embora ainda que justificado pelo povo e sobretudo pelas autoridades sanitárias. Antes, no passado, para bancos de madeira umedecida, usávamos restos de jornais velhos ou de papel de padaria para poder sentar, Agora, sentados nos bancos e para uns beijinhos furtivos, além dos cuidados da higiene dos bancos, será preciso abandonar por alguns instantes, para evitar o atrapalho, as máscaras, cada vez mais coloridas.
Quero ver voltar o carinho e a alegria aos nossos bancos das praças, retomando o prazer do passado. E diante dos casalzinhos, nada de “dedudurá-los e nem de funcionar como as cajazeiras das nossas novelas.
Precisamos retomar o amor do passado aos nossos bancos das praças. Quero bancos alegres e cheios de amor, como quero voltar a sentir a alegria dos nossos recreios escolares. Quero bancos como os da Praça Siqueira Campos, sem nenhum isolamento, alegres, juntinhos, cheias de gente da melhor idade, manuseando com habilidade incrível os dominós e os carteados. Que, assim, volte a alegria de todos nós.
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