Atualmente, o desemprego no Brasil é de 14,7%, correspondendo a 14,8 milhões de desempregados, ou seja, o maior contingente já registrado pela série histórica do IBGE, iniciada em 2012. O número de subutilizados também atingiu um máximo de 33,2 milhões, que podem ser acrescidos de mais 6 milhões daqueles que simplesmente desistiram de procurar empregos.
Nesse cenário, parece inacreditável que haja um setor no qual não só há plena empregabilidade como é evidente o enorme déficit de profissionais. Essa área é diretamente associada às tecnologias digitais, ferramentas básicas daqueles denominados bacharéis ou tecnólogos digitais.
Formamos algo em torno de 45 mil profissionais por ano nessa área, insuficientes para atender às mais de 70 mil novas vagas criadas anualmente, em ritmo sempre acelerado.
Além das áreas tradicionais de Tecnologias de Informação (TI), os destaques das novas ofertas de emprego estão associados à migração exponencial para computação em nuvem, à exemplo de ambientes como Azure da Microsoft, e um leque impressionante de aplicações inéditas de inteligência artificial.
Acoplados a esse quadro, abrem-se oportunidades incríveis em ciência de dados, particularmente em tratamento e análise de dados, bem como em cibersegurança, demandando profissionais que até há poucos anos erram em número mínimo e hoje, por mais que formemos, eles se mostram insuficientes.
Há ainda por explodir uma gigante carência de profissionais, especialmente à luz da adoção da tecnologia 5G, impactando ainda mais fortemente comércio eletrônico, em níveis sem precedentes, internet das coisas e robótica, entre outros setores que sequer somos capazes de imaginar para um cenário futuro de poucos anos adiante.
O jornal O GLOBO trouxe na edição dominical de 13 de junho como principal manchete da capa o tema “Empresas assumem formação de profissionais de inovação: capacitação interna se torna solução para falta de formandos em tecnologia”. Ou seja, na insuficiência de formandos, sem ter a quem recorrer, as empresas estão optando por formar seus próprios quadros.
Segundo a matéria, os investimentos em TI devem subir 11% no país este ano, sendo que a vertente “educação” se tornou a prioritária nesse investimento. A título de exemplo, nos três primeiros meses de 2021 foram contratados 41 mil profissionais de TI, quase o mesmo que o total do ano passado (47 mil).
Quanto às habilidades mais relevantes desejadas para os profissionais da área, os estudiosos da área sugerem, entre outras: competência para propor soluções criativas para os problemas, capacidade de foco, habilidades para trabalhar em equipe, preparação para a aprendizagem permanente, atualizando-se sobre novas linguagens e ferramentas de programação, domínio do pensamento lógico e abstrato aplicado à programação e, por fim, ainda que não menos importante, boa formação em matemática, português e inglês.
Para as instituições de ensino superior, há grandes desafios e enormes oportunidades adiante. Por certo, novas estratégias educacionais serão exigidas para dar conta de conjugar qualidade (escala) com qualidade (formar profissionais que saibam levar adiante projetos e missões sejam eles quais forem).
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