No dia 12 março, a ABMES promoveu o seminário Educação a Distância (EAD): Estratégias e Desafios para Garantir a Qualidade. O evento teve como objetivo debater alternativas para que essa modalidade de ensino cumpra seu potencial como força positiva para a aprendizagem por meio de métodos pedagógicos inovadores e interativos, bem como pelo estabelecimento de normas e padrões que garantam a consistência e a qualidade em todas as plataformas.
Realizado em parceria com a Bett Brasil, o seminário contou com a presença de três renomados especialistas na área: João Mattar, presidente da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED); Ronaldo Mota, diretor-secretário da Academia Brasileira de Educação; e Luiz Cláudio Costa, reitor do Centro Universitário IESB.
Fazendo uma síntese do que foi discutido ao longo de pouco mais de duas horas, a mensagem que ficou é a seguinte: sem a educação a distância caminharemos para uma grande exclusão. Nesse sentido, é imperativo que o setor educacional atue na construção de uma reputação para a EAD, reforçando o quanto ela tem contribuído, sobretudo na última década, para a democratização do acesso à educação superior no Brasil.
Isso pode ser feito por algumas vias, como a exposição de casos de sucesso de pessoas que se formaram pela EAD ou do seu potencial para transformar vidas de indivíduos que vivem em municípios nos quais não há a possibilidade de se cursar uma graduação na modalidade presencial. Há que se destacar, ainda, o endurecimento das regras e a redução drástica no número de financiamentos concedidos por meio do Fies, cenário que fez com que muitos brasileiros não tivessem alternativa em função dos valores mais baixos cobrados nas mensalidades dos cursos a distância.
Em outra frente, como pontuou muito bem a professora Débora Guerra durante o seminário, discriminar a EAD é discriminar quem tem nesta modalidade sua única possibilidade de cursar uma graduação, como pessoas que já estão no mercado de trabalho e cumprem longas cargas horárias; indivíduos - especialmente mulheres, infelizmente - que precisam lidar com dupla e até tripla jornadas; profissionais técnicos que têm na EAD a possibilidade de concluir uma graduação e avançar na carreira.
Claro que nada disso surtirá efeito se setor educacional e gestores da política pública de educação não unirem esforços no sentido de reconhecer e valorizar as boas iniciativas ao mesmo tempo em que atuam para coibir as ofertas de má qualidade que, como bem sabemos, existem e prejudicam a todos os envolvidos, especialmente o estudante que confiou sua formação profissional naquela instituição.
Dito isso, volto a bater na tecla da necessidade de revisão do marco regulatório que tem regido as diretrizes educacionais do país tanto na regulação em si quanto na avaliação. A legislação vigente não induz à melhoria e o Sinaes (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior) já atingiu a marca de 20 anos de existência, ou seja, data de uma outra era na qual a educação estava longe de dispor dos recursos e ferramentas existentes na atualidade.
Faz algum tempo que temos insistido nas nossas conversas junto ao Ministério da Educação (MEC) a importância de a pasta repensar sua atuação e focar na indução da qualidade em vez de priorizar o aumento da regulação. Sabemos que tanto os estudantes quanto o mercado de trabalho são importantes agentes de “monitoramento” da qualidade, pois criam suas próprias regras e restrições a iniciativas que não se mostram comprometidas com a qualidade das suas entregas. Contudo, acreditamos que todos sairemos ganhando quando o órgão gestor da política educacional tiver essa nova régua como diretriz.
A educação a distância é uma realidade e tem um grande número de pessoas que precisam dela para cursarem uma graduação. Fechar os olhos para essa realidade não contribui para a melhoria da qualidade da modalidade e nem para a necessidade de profissionais qualificados pela qual passa o país. O setor privado acredita no potencial da EAD e no bom serviço prestado pela maior parte das instituições de educação superior.
Ainda assim, temos convicção de que é possível aprimorar essa oferta e estamos dispostos a unir esforços nesse sentido, bem como apoiar no que for necessário para que fiquem no mercado apenas instituições comprometidas com a qualidade da sua oferta. Estudantes, mercado de trabalho e sociedade brasileira precisam de uma EAD forte e eficiente. Esse é o nosso objetivo.
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