Por quantos sentimentos uma pessoa pode ser tomada ao saber que foi agraciada com um grande reconhecimento e uma enorme responsabilidade? E se nessa alquimia sentimental ainda estiverem envolvidas emoções que a acompanham por décadas e foram fundamentais na pavimentação do caminho que a conduziu até aquele instante? Uma explosão de sensações, avaliações e percepções tomou conta de mim na semana passada, quando saiu a nomeação para o Conselho Nacional de Educação (CNE).
Resultado de uma vida dedicada à educação, eu poderia dizer que compor a Câmara de Educação Superior do CNE pelos próximos 4 anos é o próximo passo natural na minha “carreira” de educador. Mas não é. E não é por diversos motivos, entre eles o fato de a educação superior privada sempre ter enfrentado muito mais resistência do que acolhida em espaços estratégicos de decisão.
Terei uma atuação pautada pela seriedade e urgência de questões como a construção de um novo modelo de ensino híbrido e a formação para os novos tempos, fundamentada em diretrizes como a educação empreendedora e a consciência ambiental. Esse é o meu compromisso com uma educação mais inovadora e de qualidade para todo brasileiro. Dito isso, quero agradecer enormemente a cada entidade que indicou o meu nome. Agradeço também ao ministro Camilo Santana pela confiança e parceria estabelecidas desde o início da sua gestão.
Contudo, quero pedir licença ao leitor e ao setor para mudar o rumo deste texto e falar sobre o sentimento de orgulho que me acompanha e inspira há décadas. Sim, este é um momento - e espaço - de celebração conjunta, mas preciso falar da emoção maior resultante de todo esse processo: seguir a trajetória brilhantemente pavimentada pelo meu grande mentor e pai Arnaldo Niskier.
Há quase 30 anos, quando o CNE foi instituído naquele novembro de 1995, ele fez parte do primeiro grupo de conselheiros designados para contribuir com a formulação da Política Nacional de Educação e exercer atribuições normativas, deliberativas e de assessoramento ao ministro da Educação. Ele, um jornalista, filósofo, escritor já reconhecido e imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL). Ele, um educador.
Sua grande devoção pela educação e sua infinita disposição para trabalhar por uma educação melhor para cada brasileiro sempre me encheram de orgulho e admiração. Cresci inspirado por suas palavras, mas, principalmente, por suas ações. E aí, em um belo dia, percebo que me tornei um pouquinho daquilo que tanto busquei: um ser humano capaz de honrar o grande legado que teve o privilégio de receber.
“Cadeira” no CNE não é capitania hereditária e nem láurea por bons serviços prestados. O posto de conselheiro é um chamado ao trabalho sério e comprometido com a transformação da educação brasileira. Assim como foi com o meu pai há quase três décadas, minha nomeação é resultado de anos de muita dedicação à área e ao setor. Contudo, nada disso estaria acontecendo sem o apoio, os conselhos e o exemplo daquele que me pegou pela mão e mostrou a força da educação.
Por isso, encerro este texto agradecendo a ele: Arnaldo Niskier. Muito obrigado por ter sido meu grande companheiro e maior exemplo. De todas as responsabilidades que se seguem, a maior é seguir mantendo o seu legado. Seguirei trabalhando firme e com retidão, honrando seu sangue e seu nome em cada passo que eu der. Com todo amor e admiração.
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