Tipicamente, o docente responsável por uma disciplina divide-a em tópicos e as avaliações parciais visam a mensurar o domínio do educando sobre os respectivos conteúdos, técnicas e procedimentos.
Findo cada teste, o mais provável é que na próxima aula, seja ela presencial ou a distância, imediatamente o professor inicie um novo tema. Posteriormente, o mestre (ou a plataforma de aprendizagem) distribui, sem maiores comentários, as provas corrigidas com os respectivos conceitos.
Essa prática teve sucesso, especialmente no século passado, onde a transmissão do conhecimento tinha absoluta centralidade. A régua era o desempenho nas provas, fortemente baseadas na memorização acerca dos tópicos correspondentes, em um contexto em que a escola era capaz de antever o que o futuro esperava dos formandos.
Tal estratégia pedagógica pode ser associada ao denominado “cognitivo analógico”. Progressivamente, essa abordagem educacional dá sinais de evidente esgotamento. O cenário extra educacional mudou radicalmente e o que esperar de um profissional ou de um cidadão não é mais previsível como costumava ser. Os desafios educacionais vão muito além do simples domínio de conteúdos, procedimentos e técnicas, passando a incorporar novas habilidades metacognitivas, aspectos socioemocionais etc.
O mundo no qual estamos imersos, regido pelas novas tecnologias (vórtex digital), caracteriza-se por informação totalmente acessível, instantânea e, basicamente, gratuita. O conhecimento simples passa a ser desvalorizado e, no limite, vulgarizado. Nesse contexto, o enfoque “metacognitivo digital” assume que há algo tão relevante (ou mais), do que o conteúdo que foi, eventualmente, absorvido. Especificamente em termos de avaliação, não é mais suficiente captar um conjunto de fotografias; há que se entender o filme, captando a complexidade de todo o processo de aprendizagem.
Mais importante do que o que foi aprendido pelo educando é, ao longo do processo, garantir que ele tenha ampliado a consciência de como ele aprende. Quais as lacunas e predicados, em que mídia e contexto a aprendizagem é otimizada, ampliar a aprendizagem independente via o estudo antes da aula etc. A aprendizagem é, portanto, cada vez mais, híbrida, flexível e, especialmente, personalizada.
Retornando à ilustrativa prova aplicada, o que um educador metacognitivo faria de diferente daquele cognitivo clássico seria promover, em conjunto com seus educandos, a reflexão qualificada sobre o teste realizado. Nesse sentido, a atividade imediatamente subsequente à aplicação da prova é parte central e indissociável do processo avaliativo. A avaliação do aluno inclui, especialmente, a sua capacidade de refletir sobre sua própria reflexão (metacognição).
Estimular os alunos a ampliarem a consciência acerca de seu próprio desempenho é estratégico para formar profissionais e cidadãos que aprendam continuamente, que aprendam a aprender e que estejam preparados para novos desafios, sejam eles quais forem.
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