Nos últimos anos, a inteligência artificial (IA) tem revolucionado diversas áreas do conhecimento, e o direito educacional não é exceção. Somado a isso é importante considerar que o perfil do aluno tem mudado no decorrer dos anos, vez que cada geração possui características específicas na forma de pensar, agir, aprender, se comportar, interagir e inter-relacionar, seja no ambiente escolar ou profissional.
A tecnologia, o acesso à internet, que globalizou e revolucionou a forma de estudar e de ensinar, e a implementação das inteligências artificiais, juntamente com o “inconsciente coletivo” (que são conhecimentos, pensamentos, sentimentos e arquétipos)[1], contribuiu para mudar o perfil da maioria dos estudantes.
Segundo o autor Rui Fava, atualmente, a maioria dos alunos que estão na faculdade pertencem a geração Y ou Millennials, que nasceram entre os anos 1981-1996, com a faixa etária entre 42 e 27 anos, e da geração Z, que nasceram entre os anos 1997-2010, com a faixa etária entre 26-13 anos, juntos eles representam 46,5%, o equivalente a 99.307,053 da população brasileira.
Logo, estas duas gerações utilizam todos os meios tecnológicos disponíveis e são a primeira geração realmente global e também a mais plural de todos os tempos. São jovens que cresceram num mundo digital, em que o imediatismo e a energia levam a um anseio por informações. São questionadores, desafiadores, criativos e estão sempre conectados à internet, eles possuem acesso instantâneo aos dados e informações [2] , por esta razão, a forma de ensinar e aprender deve ser reinventada, para que eles continuem estimulados a estudar.
As escolas precisam adotar, se adaptar, fazer escolhas inteligentes e utilizar a inteligência artificial como um tutor de aprendizagem. A metodologia de ensino precisa ser moldada incluindo a aprendizagem on-line como forma de ensino, pois o crescimento da criatividade on-line é uma tendência, indicando uma oportunidade que deve ser aproveitada. Portanto, a IA pode ser utilizada para aprimorar o ensino e o estudo de caso é um exemplo que pode tornar o aprendizado mais interativo. No contexto educacional, a IA deve ser utilizada como uma ferramenta complementar que potencializa as habilidades dos estudantes e professores, e não como um substituto.
É um fato incontestável que os jovens da geração Y e da geração Z utilizarão a inteligência artificial para estudar e trabalhar, vez que no campo jurídico a inteligência artificial otimiza processos, apoia a tomada de decisões, fornecendo análises detalhadas de casos e jurisprudências. A IA pode revisar e comparar precedentes legais, e identificar padrões em decisões judiciais e até sugerir argumentos jurídicos, automatizar processos repetitivos e burocráticos.
A IA tem sido utilizada na atuação profissional do advogado, inclusive, no dia 16 de julho de 2024, a OAB editou as diretrizes para orientar o uso da inteligência artificial generativa na prática jurídica.
A utilização da IA também tem sido uma tendência nos tribunais. O Supremo Tribunal Federal, no dia 16 de dezembro de 2024, lançou a Maria, uma ferramenta que auxiliará nos serviços do Tribunal. Este recurso auxiliará com a criação de textos e identificação de demandas repetitivas, além de outras funcionalidades.
A inteligência artificial desempenha um papel importante ao apoiar a gestão das instituições de ensino superior, automatizando tarefas repetitivas e burocráticas. Ela pode contribuir para o gerenciamento de matrículas, o monitoramento do desempenho acadêmico e a administração de recursos humanos, promovendo maior eficiência na gestão dessas instituições.[3]
Ferramentas de IA também são valiosas na análise de dados, permitindo examinar informações históricas e atuais para prever tendências, como índices de evasão, demandas por infraestrutura e desempenho acadêmico. Essas previsões podem orientar a formulação de políticas educacionais mais eficazes e garantir investimentos mais estratégicos. Além disso, os sistemas conseguem processar grandes volumes de dados, identificando padrões e tendências que apoiam a tomada de decisões pelos gestores educacionais. [4]
Diante do exposto, é inegável que a inteligência artificial tem desempenhado um papel essencial na transformação do direito educacional, adaptando-se às demandas de uma sociedade cada vez mais tecnológica e conectada. As gerações Y e Z, com suas características únicas e afinidade natural com a tecnologia, desafiam as instituições de ensino e os profissionais do direito a reconfigurar métodos de aprendizado, gestão e prática jurídica.
Ao mesmo tempo em que a IA potencializa as habilidades de estudantes, professores e advogados, é fundamental que seu uso seja orientado por princípios éticos e complementares, preservando a essência das relações humanas e a criatividade, que ainda são indispensáveis na construção do conhecimento e na resolução de problemas. Assim, a inteligência artificial não deve ser vista como uma substituição, mas como uma aliada necessária para o avanço do ensino, da gestão educacional e do exercício do direito, promovendo inovação, eficiência e melhores resultados para todos os envolvidos.
[1] Fava Rui. Paradigmas da educação: conectando revoluções e gerações através de aprendizagem/ Rui Fava. São Paulo: Saraiva Uni,2024.p84.
[2] Fava Rui. Paradigmas da educação: conectando revoluções e gerações através de aprendizagem/ Rui Fava. São Paulo: Saraiva Uni,2024.p88.
[3] Regulação da educação superior privada pelo prisma do direito educacional/organizadores Filipe Guedes e Iara Xavier. Brasília, DF: Iara de Xavier Consultoria, 2024.
[4] Regulação da educação superior privada pelo prisma do direito educacional/organizadores Filipe Guedes e Iara Xavier. Brasília, DF: Iara de Xavier Consultoria, 2024.