- Profissionais da saúde;
- Trabalhadores da construção civil e agrícola;
- Profissionais da música e das artes;
- E, em especial, professores e educadores.
Por que os professores estão entre os mais afetados?
Pesquisas recentes identificam diversos fatores de risco psicossocial específicos da rotina docente, que historicamente estão associados ao aumento de transtornos mentais:
- Sobrecarga de trabalho: acumulação de muitas turmas ao mesmo tempo e todo o trabalho que envolve isso, envolvimento com orientação, pesquisa, extensão, relatórios, comissões e demandas relacionadas — muitas delas fora do horário de expediente. (ResearchGate, 2023)
- Pressão por desempenho: metas de produtividade acadêmica e exigência de avaliações externas criam um ambiente de cobrança constante e ansiedade profissional. (PePSIC, 2018)
- Falta de reconhecimento: a desvalorização profissional — salarial, institucional ou social — afeta diretamente a autoestima e o engajamento dos docentes. (Studies Publicações, 2023)
- Indisciplina e conflitos em sala de aula: lidar com comportamentos desafiadores de alunos sem apoio institucional é uma fator bem comum que impacta a saúde mental.
- Ambientes hostis ou sem apoio institucional: relações interpessoais difíceis, gestão autoritária ou clima organizacional tóxico aumentam os níveis de estresse e insegurança emocional.
- Insegurança física e violência: especialmente em escolas públicas, casos de agressão verbal e física por parte de alunos ou familiares são uma realidade crescente. (PePSIC, 2018)
Os transtornos mentais mais comuns entre professores
- Síndrome de Burnout: exaustão física e emocional extrema, sentimento de ineficácia e despersonalização. Altamente prevalente entre educadores, segundo dados da ISMA-BR (Associação Internacional de Gestão do Estresse).
- Transtornos de Ansiedade: gerados pela insegurança, sobrecarga e imprevisibilidade das condições de trabalho.
- Depressão: associada ao desamparo institucional, isolamento e falta de perspectiva.
- Distúrbios do sono e transtornos psicossomáticos: insônia, dores crônicas, irritabilidade e queda na imunidade.
Os impactos institucionais: prejuízo para as organizações
- Absenteísmo
Licenças médicas por transtornos mentais têm crescido exponencialmente. Em 2021, o INSS registrou mais de 288 mil afastamentos por depressão e ansiedade — sendo a educação uma das áreas mais afetadas. A ausência do professor compromete o calendário acadêmico, a continuidade pedagógica e gera sobrecarga em colegas.
- Turnover
A perda de professores qualificados — por descontentamento, aposentadoria precoce ou mudança de carreira — leva à quebra de vínculos com alunos, interrupção de projetos e custos elevados com recrutamento e capacitação.
- Queda na qualidade do ensino
Professores emocionalmente adoecidos tendem a reduzir seu envolvimento com a prática pedagógica, o que afeta diretamente a aprendizagem dos estudantes e a imagem da instituição.
- Clima organizacional tóxico
Ambientes onde o adoecimento se naturaliza acabam por afastar talentos, aumentar conflitos internos e dificultar a inovação acadêmica.
Prevenção é estratégia — e também proteção
O reconhecimento dos riscos psicossociais e seu impacto sobre os professores não deve ser apenas um diagnóstico — precisa ser um chamado à ação por parte dos gestores educacionais.
Capacitar lideranças, criar espaços de escuta ativa, investir em programas de saúde emocional e implementar ferramentas como o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) são passos fundamentais para transformar o ambiente educacional em um espaço seguro, produtivo e sustentável.
E vale reforçar: esse cuidado deve se estender também ao corpo técnico-administrativo, igualmente afetado por sobrecarga, desvalorização e conflitos.
Prevenir riscos psicossociais não é um custo — é um investimento. Um investimento que retorna em engajamento, produtividade, retenção de talentos e reputação institucional.
Mas, também é uma proteção legal. Com a atualização da NR-01, a gestão dos riscos psicossociais passou a ser obrigatória. Isso significa que instituições que não adotarem ações efetivas de prevenção e monitoramento podem enfrentar multas, autuações e até paralisações parciais de atividades, especialmente em casos de denúncia.
E essas denúncias podem partir dos próprios professores e outros colaboradores — algo que, com o nível de adoecimento atual, não é uma possibilidade distante. Portanto, a prevenção não é apenas uma escolha ética e inteligente — é uma obrigação legal e uma medida de segurança institucional.
Agir agora é a melhor forma de proteger quem ensina, quem apoia e quem faz a educação acontecer todos os dias. E, de quebra, proteger também o futuro da própria instituição.
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