O Ministério da Educação (MEC) acertou ao lançar o Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica (Enamed), por meio da Portaria MEC nº 330, de 23 de abril de 2025. Mais do que uma simples nova avaliação, o Enamed representa um salto de qualidade na forma como acompanhamos a formação médica no Brasil. É uma resposta técnica e ponderada aos desafios de um país que precisa formar médicos competentes, éticos e alinhados com as necessidades do SUS e da população.
Trata-se de uma modalidade específica do Enade voltada para os cursos de medicina, com objetivos bem delineados: aferir a aprendizagem dos estudantes à luz das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs); avaliar suas competências clínicas e humanas; e medir sua capacidade de compreender o mundo, para além do consultório, numa perspectiva cidadã e integradora.
A proposta também busca unificar critérios de avaliação em escala nacional, oferecendo subsídios para políticas públicas mais eficazes. E faz isso sem cair na armadilha de transformar a prova em barreira à atuação profissional. Pelo contrário: o Enamed é um instrumento de diagnóstico sistêmico, voltado ao aprimoramento das instituições e dos cursos, e não à exclusão de egressos.
E mais: ao permitir que a nota do exame seja utilizada no Enare, o MEC estimula maior engajamento dos estudantes e aproxima a avaliação acadêmica do percurso formativo das residências. É uma medida coerente, moderna e que valoriza o mérito acadêmico com responsabilidade.
É justo reconhecer que o Enamed surge também como resposta a distorções recentes na cobertura do Enade. Embora 80% dos cursos de medicina tenham obtido desempenho satisfatório na última edição, as manchetes destacaram apenas os extremos, alimentando narrativas parciais. Cabe, agora, confiar no aprimoramento da política pública, guiada por dados, critérios claros e espírito de cooperação.
Como educador, vejo com entusiasmo essa iniciativa. É hora de separar o joio do trigo: fiscalizar, sim, os cursos com baixos desempenhos persistentes, com planos de melhoria, visitas in loco e, quando necessário, reestruturação. Mas também é hora de premiar os cursos bem avaliados, incentivando-os a inovar, a compartilhar boas práticas e a elevar o padrão da educação médica no Brasil.
O MEC, ao assumir o protagonismo na regulação e na avaliação da formação médica, cumpre seu papel constitucional com firmeza e visão de futuro. O Enamed é um passo importante rumo a um ciclo virtuoso de qualidade, inovação e compromisso social. Que ele seja um símbolo de confiança nas instituições sérias e no potencial transformador da educação superior brasileira.
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