Desde maio de 2025, entrou em vigor a nova Norma Regulamentadora nº 1 (NR1), exigindo que empresas em todo o Brasil iniciem ações efetivas para a gestão de riscos psicossociais. Essa mudança marca um novo capítulo na promoção da saúde mental no ambiente de trabalho. E mais: a partir de 2026, denúncias, fiscalizações e penalidades relacionadas à inação nesse tema começarão a ser aplicadas.
O Ministério do Trabalho e Emprego já disponibilizou uma cartilha orientadora com diretrizes iniciais para implementação, destacando a importância de identificar, avaliar e mitigar os riscos psicossociais no ambiente organizacional. No entanto, por mais que os processos sejam claros, há um aspecto essencial que determina o sucesso ou fracasso dessas ações: a cultura organizacional.
Sem cultura saudável, não há prevenção efetiva
Riscos psicossociais como assédio moral e sexual, conflitos interpessoais, sobrecarga de trabalho e más práticas de liderança afetam diretamente o clima organizacional e a saúde emocional dos colaboradores. No entanto, tentar mitigar esses problemas sem antes (ou paralelamente) transformar a cultura organizacional é como enxugar gelo.
Por exemplo, de nada adianta implementar protocolos para lidar com o assédio, se a cultura vigente ainda tolera comportamentos abusivos ou não valoriza o bem-estar emocional. Assim, ações isoladas acabam se tornando ineficazes, e os mesmos problemas tendem a reaparecer.
A importância dos treinamentos e da capacitação contínua
Nesse cenário, os treinamentos e capacitações de líderes e equipes despontam como um dos caminhos mais estratégicos — especialmente na fase inicial de implementação das exigências da NR1. Eles são fundamentais para sensibilizar, educar e alinhar mentalidades, promovendo uma cultura organizacional mais consciente, empática e preparada para lidar com os desafios da saúde mental.
Cursos voltados para temas como:
Inteligência emocional;
Comunicação não agressiva;
Assédio moral e sexual;
Saúde mental no trabalho;
Liderança empática;
...são exemplos de iniciativas essenciais para formar uma cultura que realmente previne riscos psicossociais. Com esse alicerce, até ações simples ganham profundidade e impacto real.
Cultura emocionalmente saudável: um processo diário
Construir uma cultura emocionalmente saudável não acontece da noite para o dia. Trata-se de um processo contínuo, sustentado por ações diárias e coerentes, tanto por parte da liderança quanto dos colaboradores.
Quando as pessoas estão preparadas, engajadas e conscientes de seu papel na promoção de ambientes mais saudáveis, as mudanças se tornam duradouras. Porque é justamente essa cultura — e não apenas documentos ou normas — que sustentará a eficácia das medidas de gestão de riscos psicossociais.
Conclusão
A NR1 vem para reforçar uma responsabilidade que já era urgente: cuidar da saúde mental no trabalho. Mais do que cumprir uma norma, trata-se de uma oportunidade para que as empresas revisem sua cultura e evoluam para ambientes mais humanos, seguros e produtivos.
No entanto, é importante lembrar que uma cultura organizacional emocionalmente saudável não se constrói da noite para o dia. Ela exige tempo, consistência e um processo de maturação coletiva. Por isso, as organizações precisam agir agora. Esperar o prazo final para iniciar treinamentos e mudanças de mentalidade é um erro que pode custar caro.
Investir desde já na transformação da cultura organizacional e na capacitação de pessoas garantirá a eficácia das ações voltadas à gestão de riscos psicossociais — além de promover um ambiente de trabalho mais saudável, sustentável e respeitado.
42




