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A Bússola de Jack Sparrow e os Rumos da Educação no Século XXI

Max Damas

Assessor da Presidência do SEMERJ. Assessor da Presidência da FOA (Fundação Oswaldo Aranha). Escritor e Consultor Educacional

31/07/2025 12:00:00

Poucos personagens do cinema capturam de forma tão viva a tensão entre liberdade, desejo e estratégia quanto o capitão Jack Sparrow. Protagonista da série Piratas do Caribe, Sparrow navega não apenas com astúcia e irreverência, mas guiado por um instrumento singular: uma bússola que não aponta para o norte, mas para aquilo que o coração do portador mais deseja. Esse artefato narrativo, ao mesmo tempo enigmático e simbólico, nos oferece uma poderosa metáfora para refletirmos sobre o papel da educação no século XXI — especialmente no que tange à definição de rumos institucionais em tempos marcados pela complexidade, pela aceleração tecnológica e pela crise de referências.

Em um cenário no qual antigos mapas se mostram insuficientes e novas rotas ainda estão em construção, a pergunta fundamental não é mais “para onde devemos ir?”, mas sim “o que, de fato, desejamos alcançar?”. Trata-se de uma inversão epistemológica e estratégica: não basta seguir coordenadas tradicionais se o propósito que as orienta não estiver claramente compreendido e assumido. Nesse ponto, a bússola de Jack Sparrow torna-se mais do que uma curiosidade ficcional — ela nos obriga a confrontar a natureza do desejo institucional, a clareza de nossos compromissos e a autenticidade de nossas escolhas.

Transposta para o campo da educação superior, essa imagem nos leva a considerar com profundidade quais têm sido os verdadeiros vetores de orientação das nossas instituições. Em um ambiente saturado de indicadores, pressões regulatórias, demandas mercadológicas e promessas tecnológicas, frequentemente somos levados a responder a imperativos externos, em detrimento da escuta interna. O risco, nesse caso, é que a bússola gire sem rumo, como acontece com Jack Sparrow quando ele mesmo não sabe o que deseja. Ou seja, quando uma instituição educacional perde o vínculo com seu propósito mais profundo, ela pode até continuar navegando — mas será refém das marés e não condutora de seu próprio destino.

O desejo, portanto, precisa ser resgatado como princípio orientador estratégico. Mas esse desejo não é impulsivo nem volátil: ele deve ser cultivado a partir de um projeto pedagógico consistente, de um compromisso social assumido e de uma escuta ativa dos sujeitos que compõem a comunidade acadêmica. Assim como a bússola mágica só funciona quando seu portador tem clareza do que quer, uma instituição educacional só encontra seu eixo de transformação quando explicita, com coragem, o que quer ser para a sociedade e para o tempo em que vive.

Muitas vezes, esse desejo não aponta para caminhos fáceis. Ao contrário, ele pode exigir rupturas com modelos já estabelecidos, revisões corajosas nos currículos, adoção de metodologias mais participativas, reorganização de tempos e espaços de aprendizagem e abertura a novas formas de articulação com os territórios e com os desafios contemporâneos. O destino sugerido pela bússola do desejo não está nos mapas, nem sempre é consensual, e quase nunca é confortável. No entanto, é justamente essa ousadia que faz a jornada valer a pena.

Há ainda outra dimensão essencial nessa metáfora. Apesar de ser um personagem egocêntrico, Jack Sparrow nunca navega sozinho. Ele precisa de sua tripulação, mesmo que entre brigas e desconfianças. Do mesmo modo, o desejo institucional não pode ser individualizado — ele precisa emergir do diálogo, da construção coletiva, da escuta entre diferentes vozes e saberes. Não se trata de uma visão romântica da gestão acadêmica, mas de reconhecer que projetos transformadores são aqueles que conseguem mobilizar a comunidade, alavancar pactos institucionais duradouros e articular visões diversas em torno de um bem comum.

Por isso, a bússola de Sparrow nos remete também a um dispositivo ético: ela aponta para o que se deseja, mas exige responsabilidade sobre as escolhas que esse desejo implica. A clareza do propósito, a coerência entre missão e ação, e o compromisso com a transformação social são condições para que essa bússola não se converta em instrumento de ilusão ou de autocomplacência. Não basta desejar — é preciso construir as condições para que esse desejo seja viável, legítimo e impactante.

Ao convocarmos Jack Sparrow para essa reflexão, não o fazemos como modelo de liderança, mas como símbolo daquilo que ele carrega: uma bússola que só funciona quando há verdade, clareza e convicção. É esse tipo de bússola que falta a muitas instituições que se perdem em rankings sem sentido, em metas descoladas da realidade local ou em promessas tecnológicas que não dialogam com os desafios humanos da formação. A educação não pode ser orientada apenas pelo que é mensurável. Ela deve ser guiada pelo que é significativo.

Neste mundo em permanente mutação, marcado por crises ecológicas, desigualdades persistentes, avanços científicos e colapsos civilizatórios, o verdadeiro norte de uma instituição educacional não está nos instrumentos externos de controle, mas na sua capacidade de cultivar uma visão de futuro transformadora, ética e enraizada em seu contexto. É preciso reaprender a desejar — e desejar com lucidez. É preciso devolver à educação sua bússola simbólica, aquela que nos aponta não para onde todos vão, mas para onde é preciso ir.

Ao final da travessia, talvez compreendamos que a mais importante habilidade institucional não será a de seguir rotas já desenhadas, mas a de reconhecer — com coragem e compromisso — o seu próprio horizonte. E, tal como Jack Sparrow, ousar segui-lo, mesmo quando os mapas dizem que é impossível.

 

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