Sei que muitos, com razão, gostam de especular sobre o futuro. Compreensível: trata-se daquilo que ainda vai nos impactar. Vislumbrar o futuro, especialmente para os jovens, permite que façam as melhores escolhas. Isso vale para carreiras e para todos os aspectos de suas vidas, seja no plano profissional ou pessoal.
Eu, da minha parte, tenho particular apreço por também entender o que acontecia no passado. Por isso, compartilho aqui algumas pistas sobre o que se passava em nossa terra há exatos 100 anos.
Estávamos, culturalmente, ainda impactados pelo Movimento Modernista no Brasil, que, embora tenha a marca de 1922, por ocasião da Semana de Arte Moderna daquele ano, abarcou, com segurança, toda a década de 1920. O modernismo brasileiro foi um movimento cultural e artístico que buscou romper com as tradições acadêmicas e culturais tradicionais, promovendo uma renovação na literatura, na arte, na música e na arquitetura.
Em 1925, o modernismo continuava a consolidar suas ideias, defendendo a valorização da cultura nacional, a liberdade de expressão artística, a experimentação formal e o questionamento de padrões tradicionais. Escritores como Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Anita Malfatti produziam obras que refletiam essa busca por uma identidade cultural brasileira moderna e autêntica. Além disso, a preocupação com questões sociais, culturais e políticas também se refletia na produção artística do período.
Politicamente, o Brasil vivia um momento de transição. Após a Revolta Paulista de 1924, uma revolta militar liderada por elementos insatisfeitos com o governo de Washington Luís, o país encontrava-se num cenário de instabilidade. Ainda assim, Washington Luís tinha sua influência no cenário político, embora sua ascensão ao poder oficial ocorresse em 1926. Naquele momento, o país buscava estabilidade após a Revolta. Havia também um clima de acirramento das disputas entre as oligarquias de São Paulo e Minas Gerais, as principais forças da Política dos Governadores, que dominava a cena política nacional. Essas disputas acabariam levando ao golpe de 1930, que resultou na Revolução de 1930 e na instalação de Getúlio Vargas no poder.
Durante esse período, o Brasil começava a experimentar mudanças econômicas significativas, com maior crescimento industrial e esforços de modernização da estrutura social e econômica, embora ainda enfrentasse desigualdades profundas e tensões sociais.
Na nossa área educacional, o panorama de 1925 pode ser descrito assim: apesar de avanços e debates, o sistema educacional brasileiro ainda enfrentava muitos desafios, incluindo acesso limitado à educação, altas taxas de analfabetismo, desigualdades regionais e raciais, além de recursos insuficientes e resistência a mudanças profundas em diversas áreas.
O Brasil passava por transformações relevantes, influenciadas pelos movimentos modernizadores e pelas mudanças políticas e culturais da época. Os principais temas de debate na educação eram as reformas e a modernização do sistema: o país buscava expandir a educação pública, especialmente nas áreas urbanas das capitais, e fortalecer as escolas estaduais e municipais. A educação secundária e técnica começava a ganhar maior atenção, preparando os jovens tanto para o mercado de trabalho quanto para a formação de uma identidade nacional moderna.
Do ponto de vista filosófico, era notável a influência do Positivismo e do Cientificismo. Essas correntes ainda moldavam as ideias educacionais, defendendo uma formação baseada em ciência, racionalidade e moralidade. Essas concepções impactaram a elaboração dos currículos escolares, além de estimular o incentivo ao ensino técnico e científico.
Destaque também para o início do debate sobre a educação progressista, que promovia um ensino mais ativo, o estímulo à criatividade e ao desenvolvimento do pensamento crítico, todas essas propostas começavam a se consolidar, embora ainda estivessem em fase de implementação.
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