Prof. Dr. Valmor Bolan
Doutor em Sociologia. Conselheiro da OUI-IOHE (Organização Universitária Intramericana) no Brasil. Membro da Comissão Ministerial do Prouni (CONAP). Consultor da Presidência da Anhanguera Educacional
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A Noruega foi surpreendida por um ato terrorista, do extremista neofascista Anders Behring Breivik, que vitimou 76 pessoas, no pior atentado da história daquele país. O fato chamou a atenção do mundo para o perigo do fundamentalismo, que cresce em diversas partes, especialmente nos países desenvolvidos. Há uma insatisfação generalizada, um mal-estar que acaba ocasionando situações como esta, que choca a todos.
Breivik deixou mais de 1500 páginas escritas para justificar seu ato, mas não trouxe nada de novidade em seu texto feito de muitas colagens e com contradições. Na verdade, foi precipitado dizer que se tratava de terrorista cristão, porque a sua atitude em nada corresponde com o que propõe a religião cristã, muito pelo contrário. Infelizmente, percebemos que pessoas como Breivik acabam instrumentalizando a religião numa tentativa desesperada de justificar seu ato extremo. O apelo religioso não passa de retórica. É preciso deixar claro que tanto o pensamento quanto a ação de Breivik não tem nada a ver com a religião cristã, muito menos católica. Isso é importante ressaltar, porque, parte da mídia ocidental poderá usar o caso da Noruega para alarmar quanto um possível crescimento do fundamentalismo de extrema-direita, avaliando de modo simplista o cenário atual com generalizações. O próprio Breivik em seu manifesto deixou claro: "acho que não sou um homem excessivamente religioso".
Por isso temos que entender que se trata de um caso de patologia individual e social, que sinaliza sintomas de uma crise aguda no continente europeu como já ocorre nos USA. O Islamismo é uma realidade cultural que causa muita apreensão na Europa, mas a solução não deve ser buscada com a violência. As justificativas de Breivik para seu ato extremo são bastante conhecidas: o secularismo, a revolução sexual, o crescimento do islamismo, a globalização, etc. Mas tais justificativas permanecem apenas retóricas, quando se apela para o extremismo. O desafio atual é justamente esse: enfrentar estas questões sem recorrer à violência. Aí sim estaremos contribuindo para o bem da sociedade. O caso de Breivik evidencia que estamos ainda muito longe de conseguir superar tais problemas, porque temos que encontrar soluções com o consenso, no diálogo, com o convencimento e a paz. Este é o maior desafio do nosso século.




