- muitos estão firmemente estabelecidos, não havendo, pois, hesitações, alternativas ou discordâncias entre os usuários da língua, ou, entre professores e / ou gramáticos;
- outros estão em variação livre, oferecendo a lingua alternativas ou soluções diversas de emprego;
- alguns, finalmente, são de baixíssima ocorrência: ou são verdadeiros arcaísmos ou quase, ou são inovações recentíssimas.
Essa maneira de ver os fatos pode-se aplicar, com alguma modificação, ao aportuguesamento de palavras. Com efeito,
- há muito um número significativo de palavras estrangeiras se acomodou ao gênio de nossa língua: abajur (fr: abat-jour), espaguete (it: spaghetti), réquiem (lat:requiem), vade-mécum (lat:vade mecum), drinque (ingl: drink), múnus ( lat: munus), ônus (lat: onus), quiosque (tur: kioxk), kyrie, eleison (gr: quirielêison), memorando (lat: memorandum), etc.
- num passado mais recente, outra leva de palavras estrangeiras ganhou foros de cidadania, com roupagem portuguesa, conforme se pode atestar confrontando-se o Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (PVOLP) e a "lista de estrangeirismos já aportuguesados", publicada por Celso Luft em seu Guia Ortográfico (Porto Alegre, Globo, 1973); sirvam de exemplo os seguintes casos: biquíni/biquine (ingl: bikini), boate (fr: boîte), brevê (fr: brevet), cachê (fr: cachet), camelô (fr: camelot), náicron (ingl: nycron), náilon (ingl: nylon), pierrô (fr: pierrot), referendo (lat: referendum), escrete (ingl: scratch), para citar alguns;
- mais recentemente, generalizou-se a grafia de "plugue", "trupe", "eslaide", "teipe", entre tantos outros exemplos que poderiam ser citados;
- no momento presente, há variação ou hesitação quanto ao emprego de "stress/stresse", "lobby/lóbi", "standard/estândar", "slogan/eslogã", "habitat/hábitat(s)", "gangster/gângster", etc.É nesse grupo que se encontra a palavra "campus/câmpus".
Disse-o bem o Prof. Cláudio Moreno:"Essa é uma daquelas palavras mutantes, que se encontra numa espécie de limbo entre o Latim e o Português. Alguns a usam no latim, dando-lhe a grafia e a flexão latina: o campus / os campi; outros já a tornaram nossa, grafando-a como outros vocábulos latinos similares (ônus, ângelus, éctus, múnus, tônus, etc.) – já dentro de nosso sistema flexional e ortográfico."
- se quiser escrever em latim, escreva: o campus/ os campi
- se quiser escrever em português, escreva: o câmpus/ os câmpus




