Édson Franco Advogado, jornalista e professor universitário – Diretor da Faculdade de Estudos Avançado do Pará ***

Corre solta a informação sobre a intenção do Conselho Federal de Administração (CFA) de brevemente imitar a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) realizando também o Exame para o exercício profissional do administrador. Alguns Conselhos Regionais estão propondo a medida, visando a buscar a qualidade dos profissionais de administração pela via do Exame após o curso. Imitar é próprio do brasileiro. Se nasce numa rua uma casa de alimentos para animais, logo adiante aparece outra. Barbearias, nem se conta. Salões de Beleza estão colados uns nos outros. No Rio de Janeiro, lado a lado, estão as farmácias e assim por diante. Não estou seguro que o Exame da OAB seja realmente o que ele pretende ser. Pior é o caso da Administração. Steve Jobs nunca precisou do título para ser o que ele foi. As biografias dele vão aparecendo a cada passo, tantos méritos ele teve como gestor. O mesmo aconteceu com Peter F. Drucker – o sempre lembrado Pai da Administração – que dizia nunca ter pegado no batente para administrar uma organização. Ninguém descura porém de seus méritos como autor e consultor de grandes organizações. É tal a desmoralização das escolas superiores no País que a OAB resolveu conferir o “selo de qualidade” para apenas 90 instituições de mais de mil existentes. E pior que isto, “selou” o Curso de Direito da Universidade Federal de Rondônia, aquela que o Fantástico deitou e rolou, cujo reitor não teve outro caminho senão aquele dos ministros da Dilma, que também já foram escadaria abaixo. Foi mais rápido que o Orlando Silva. Nem quero pensar como será o Exame de Administração. É provável que novas escolas sejam taxadas de ineficientes e incapazes de bem preparar seus alunos. Nesses tempos de “avaliacionite” tudo pode acontecer, inclusive o anúncio pelo MEC de instituições incompetentes baseado tal conceito em avaliações do passado, sem contar com o que está acontecendo no presente. Quem mais tem interesse que as instituições educacionais sejam de qualidade do que as próprias instituições? Claro que há a situação inversa como aquela apresentada em relação à Fundação que dá suporte para a UNIR, em Rondônia. Ninguém gosta de ver sua entidade educacional posta no limbo da qualidade. Ninguém mesmo. E quando ocorre a desqualificação interna, de gente descompromissada, logo a imprensa livre se manifesta. Se não tivéssemos uma imprensa livre alguém se abalançaria a denunciar os desmandos da Universidade Federal de Rondônia? Eu me lembro, de raspão, daquele “slogan” que ouvia nas rádios nos meus primeiros tempos: “Se é Bayer é bom”. Lembram-se dele? Assim parece ocorrer ao contrário em relação ao ensino particular no País. Pensem, porém, se os admiradores do ensino público matriculam seus filhos no ensino fundamental e médio nas escolas públicas? Matriculam? Como, de um nível para o outro, as coisas são tão diferentes?