Solon Hormidas Caldas Diretor executivo da ABMES ***

O contexto atual das organizações apresenta-se carregado de incertezas e novos desafios com uma infinidade de variáveis, mudanças e transformações capazes de provocar profundos impactos nas formas de gestão. Com a transição para a sociedade do conhecimento, torna-se necessário criar propostas inovadoras para obter um diferencial competitivo sustentável, sobretudo no que se refere à gestão nas Instituições de Ensino Superior (IES). As competências internas que diferenciam a gestão das IES em um ambiente competitivo e globalizado e que as diferenciam das demais começam por uma mudança no paradigma da gestão. O novo paradigma com sustentação na tecnologia da informação obriga as IES a mudar sua postura diante do seu público alvo, tendo em vista que o acesso às informações aumentou substancialmente a percepção das pessoas em relação a um produto ou serviço permitindo-lhes questionar os modelos impostos ou mesmo contraporem-se ao status quo. Os teóricos afirmam que não basta apenas satisfazer o cliente, mas superar suas expectativas. A qualidade do serviço prestado não é mais o diferencial de um segmento, mas o mínimo que uma organização pode oferecer ao se estabelecer. Nesta ótica, compete às IES desenvolver o seu modelo de qualidade, de acordo com sua especificidade e vocação, explicitadas no seu projeto institucional, como forma de contrapor-se ao modelo único imposto pelo Ministério da Educação. As IES precisam cumprir com seriedade e compromisso o seu papel, reagir, transformar as ameaças em oportunidades e “virar o jogo”. As IES precisam ser proativas de forma a avançar para além das fórmulas mágicas do MEC – CPC, IGC, Enade, Questionário Socioeconômico – tornando-as apenas variáveis de um processo sobre o qual a instituição tenha pleno domínio. Inovar, criar oportunidades, tomar decisões consistentes permitem chegar a uma nova postura, a um novo olhar sobre a gestão, com grandes benefícios para o desenvolvimento de um processo de auto-avaliação capaz de oferecer ao MEC os indicadores básicos para a avaliação externa. Somente dessa forma a avaliação externa feita pelo MEC deixará de ser apenas burocrática, um martírio para muitos, um fantasma na vida das IES, para se transformar num processo justo baseado na realidade das instituições. A qualidade tendo como referências um projeto institucional sério e comprometido, ao lado de uma gestão inovadora, poderá ser o caminho para aumentar o poder de barganha do segmento privado – que domina 75% do mercado – com o poder regulador. Além disso, é preciso que o segmento una forças, divulgue suas ações, comprove sua importância para o desenvolvimento do País e convença a sociedade que qualidade de ensino não se mede por meio de conceitos que não expressam a realidade. Se o segmento particular assumir seu papel com responsabilidade e respeito aos seus alunos e à sociedade, deixando de se preocupar com os caprichos do MEC, automaticamente este passará a exercer apenas o seu papel de órgão regulador. * Sólon Hormidas Caldas. Assessor da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), professor universitário, graduado em Administração, especialista em Gestão Empresarial e mestre em Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação pela Universidade Católica de Brasília. Setembro de 2009.