Claudia Kober
Mestre e doutura em Educação
Coordenadora de Desenvolvimento Educacional na Universidade Anhembi Morumbi
***A inclusão de portadores de necessidades educacionais especiais tem sido bastante discutida nos últimos anos, tanto nos meios acadêmicos quanto na mídia em geral. País historicamente desigual, seja nos aspectos sociais, raciais ou de gênero, o Brasil ainda tem um longo caminho pela frente para construir uma educação de qualidade para todos os seus cidadãos. E quando se olha para a parcela da sociedade portadora de necessidades educacionais especiais, percebe-se que a situação deixa muito a desejar. A Constituição Federal de 1988 garante que o atendimento educacional especializado aos portadores de deficiências deve ser feito preferencialmente pela rede regular de ensino e o artigo 58 da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) 9.394/96 assegura aos educandos com necessidades especiais, “currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades”. No entanto, o atendimento a essas crianças e jovens esbarra em inúmeras dificuldades, que vão desde a adaptação do espaço físico até o preparo do professor para lidar com a diversidade de necessidades especiais que encontra em sua sala de aula e na falta de suporte de profissionais especializados. O quadro no Ensino Superior não é diferente. Embora o Decreto nº 3.298/99 disponha que as IES devem adaptar provas e oferecer apoio aos alunos com necessidades educacionais especiais são poucas as universidades que têm oferecido tal serviço.
A Universidade Anhembi Morumbi, atenta a essa parcela de jovens que procura desenvolver suas competências profissionais apesar de todas as dificuldades que encontrou ao longo da vida, tem desenvolvido um trabalho sistemático de atendimento a esse aluno portador de necessidades educacionais especiais, de modo a incrementar sua permanência e seu sucesso na conclusão do curso escolhido. Trata-se de um aluno que tem capacidade de tornar-se um profissional capaz e um cidadão participante e consciente, mas que precisa de práticas educativas apropriadas e de um olhar diferenciado da própria instituição, principalmente por meio de seus professores. Para atingir esse objetivo, a Coordenadoria de Desenvolvimento Educacional (CODESE), parte da Pró-reitoria Acadêmica, realiza um trabalho que se inicia com os alunos ingressantes, autoidentificados no processo seletivo como portador de necessidades educacionais especiais. Chamados para uma entrevista inicial com um profissional qualificado, busca-se, desde o início, traçar estratégias pedagógicas adequadas a cada caso para que o estudante possa aprender os conhecimentos e habilidades pertinentes à carreira escolhida. A partir dessa identificação, o trabalho passa a ser com coordenadores e professores para que eles possam, no dia a dia da sala de aula, criar oportunidades pedagógicas para que esse aluno aprenda e se desenvolva. Uma parceria com o curso de pós-graduação em Psicopedagogia permite ainda que parte desses alunos possa ser atendida gratuitamente por um especialista em formação. Os resultados dessa ação da Universidade têm sido bastante animadores: perceber que podem ter um espaço em que é possível desenvolver seu potencial tem produzido resultados acadêmicos positivos e um aumento da autoestima desses alunos; para o professor, perceber que é possível formar profissionais capacitados lidando com pessoas tão diversas, tem sido extremamente gratificante.




