Gabriel Mario Rodrigues
Reitor da Universidade Anhembi Morumbi e presidente da ABMES
reitor@anhembi.br
***O turismo é uma das principais alternativas para o desenvolvimento econômico sustentável. É uma atividade estratégica que gera divisas externas e arrecadação de impostos; incrementa a renda; incrementa o PIB; contribui para a diversidade da economia e balança comercial; cria infraestrutura que também ajuda o comércio e a indústria local; utiliza produtos e recursos locais. A cadeia produtiva do turismo impacta diretamente 52 outros setores econômicos provocando um efeito multiplicador enorme e promovendo geração de milhões de empregos.
Ao mesmo tempo o turismo é um instrumento de cultura e de relacionamento social quando as pessoas viajam pelo país conhecendo lugares, cidades e vivenciando usos e costumes de seus compatriotas. O mundo agitado onde as pessoas estão somente envolvidas com suas atividades de trabalho cria também condições para que, em seu tempo livre, as pessoas usufruam as atividades de cultura, esporte e artes e seu fundamental Lazer.
O turismo rompe barreiras de língua, de classe, de credo religioso; melhora os horizontes educativos e culturais; favorece o entendimento e a paz mundial; cria uma imagem externa favorável às localidades; desperta interesse pela cultura e gera empregos a artistas, estimulando a produção local.
O turismo justifica a proteção e o melhoramento das condições ambientais; reforça a conservação dos usos e costumes; estende o desenvolvimento para áreas deprimidas; melhora a condição de vida da população local. Não foi sem uma justificativa de desenvolvimento que o Presidente Americano Obama recentemente em plena Disney salientou o efeito benéfico na economia das viagens dos brasileiros e que seus consulados deveriam facilitar o visto para a entrada de mais pessoas.
Por todas essas razões o turismo deveria ser uma preocupação constante das políticas públicas.
Os investimentos em infraestrutura são fundamentais e estratégicos para o desenvolvimento do turismo. Não há possibilidade de desenvolvimento turístico sem acessibilidade aos destinos procurados. Nesse sentido, o Brasil precisa avançar muito em termos de aeroportos, de portos, de rodovias e ferrovias. Essa necessidade independe da realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas no Brasil. Mesmo sem esses eventos não há capacidade instalada para atender a demanda já existente em termos de acessibilidade.
É preciso, também investir em saneamento básico nos destinos turísticos sob o risco do desenvolvimento não mostrar sustentabilidade ambiental.
A capacitação dos recursos humanos é fundamental para o desenvolvimento turístico. Os investimentos em capacitação apresentam distorções no mercado brasileiro com uma grande carência de profissionais para atuarem nas áreas operacionais receptivas das empresas e dos municípios brasileiros.
Contudo, o histórico da realidade que envolve o Ministério do Turismo e a Embratur parecem indicar que o Governo não tem o mesmo entendimento sobre a importância dessas políticas públicas. A indicação anterior de políticos sem a sensibilidade para comandar essas políticas públicas já poderia indicar o descomprometimento que os governos dão para a atividade. Mas a utilização da chancela do turismo para atendimentos de interesses cartoriais sem ligação com as reais necessidades de investimentos no setor é ainda mais revelador do desprezo que o governo tem dedicado a essa atividade tão estratégica para o desenvolvimento.
É preciso profissionalizar a gestão dessas políticas públicas, sob o risco de um total descrédito da sociedade em relação ao turismo, e os editoriais de inúmeros órgãos de imprensa já apontam para essa direção quando questionam a utilidade da existência de um Ministério do Turismo. Precisamos de gestão profissional e organismo que sejam ferramentas eficazes para desenvolver setor tão estratégico em nosso país. De nada adianta existir um Ministério de Turismo que até agora funcionou como moeda de troca para satisfazer fisiologismos de partido e políticos. Que não exerce seu papel estratégico de encarar e trabalhar o setor como instrumento poderoso de desenvolvimento econômico e social do país.
Temos hoje mais de 50 mil técnicos e bacharéis em turismo no país indignados, junto com toda uma cadeia produtiva do setor privado que gera divisas e mais de 5 milhões de empregos no país, com o descaso com as políticas públicas do setor. Um Ministério de Turismo só terá razão de existir se ele estiver focado numa estratégia de Desenvolvimento.




