Ryon Braga
Presidente da Hoper Educação
***A cruzada contra o plágio e a cópia de trabalhos da internet tem movimentado intensamente professores, escolas e faculdades em todo o mundo.
A Universidade de Oxford, na Inglaterra, obriga seus alunos a assinarem, na matrícula, um documento que permite a tomada de medidas drásticas, como a expulsão, se o aluno for pego plagiando em algum trabalho.
No Brasil já existe até um site na internet "em defesa da integridade acadêmica"- o Plágio.Net, que chega até a emitir um "certificado antiplágio".
Compreender a questão da responsabilidade e da ética (ou falta de) envolvida no plágio é consenso de todos os educadores. O que não é consenso é a compreensão das causas do problema.
Transferir integralmente a culpa para o estudante é um erro que vem sendo cometido sistematicamente por educadores de todo o mundo.
Em momento algum podemos deixar de considerar o erro cometido pelo estudante ao copiar um trabalho e assinar como seu, nem tampouco eximi-lo da responsabilidade de tal ato.
O que pretendo mostrar é que o professor é corresponsável pelo plágio de seu aluno e merece igualmente ser punido por tal ato.
Se um estudante recebe uma nota zero quando seu professor descobre que o trabalho que foi entregue é copiado da internet, este professor também deve ser objeto de uma nota zero por ter sido incapaz de formular uma proposta de trabalho que impedisse a copia literal.
Por exemplo: se um professor da disciplina de teoria geral da administração pede a seus alunos que escrevam um texto sobre o Taylorismo e percebe que parte de seus alunos simplesmente copiou o texto do primeiro site sobre o assunto que encontraram na internet, este professor merece mais a nota zero do que os alunos que plagiaram.
Ele poderia ter facilmente evitado o plágio e não o fez. Poderia ter pedido aos alunos que descrevessem os princípios Tayloristas utilizados na Farmácia do Zé, o na Padaria do Manoel, ou ainda qualquer outra contextualização que exigisse que o aluno compreendesse o significado do Taylorismo e tivesse que descrevê-lo, de forma aplicada, em um contexto real, praticamente impossível de ser copiado de qualquer lugar na Internet.
Se evitar o plágio por parte dos estudantes é tarefa fácil para o professor, porque então isso não acontece na prática e, ao contrário, vemos uma verdadeira guerra punitiva aos plagiadores?
A resposta a esta questão não é tão simples, mas ousaria dizer que a base do problema reside na falta de preparo dos docentes para uma nova realidade de ensino/aprendizagem que a tecnologia proporciona.
O acesso universal à informação exige um novo tipo de professor. Exige alguém preparado para compartilhar, orientar, construir junto e até aprender com seus alunos. O magister dixit e a autoridade de cátedra será enterrada junto com a última geração de docentes que se formou antes do advento da internet.
Além do despreparo dos docentes bem-intencionados, que podem mudar se quiserem, há o problema dos docentes não tão bem-intencionados (ainda que sejam minoria), que fazem da guerra contra o plágio uma plataforma pessoal de autopromoção.




