Valmor Bolan
Doutor em Sociologia e Presidente da Conap/Mec (Comissão Nacional de Acompanhamento e Controle Social do Prouni)
***Já escrevemos outro dia que educar não é apenas informar e exigir do aluno que memorize dados factuais, na lógica da decoreba. O desafio do professor é preparar o estudante a pensar sobre a sua realidade, a saber, inquirir, raciocinar, analisar os fatos, fazer comparações e discernir, para que tome decisões mais acertadas e inteligentes. É assim que estaremos qualificando as pessoas, cidadãos não somente para o mercado de trabalho, mas para a vida como um todo. Por isso que as avaliações periódicas que os governos têm feito para medir a qualidade de ensino, nos diversos graus, perdem a sua função pedagógica se não forem capazes de problematizar questões, fazendo os alunos buscarem respostas a partir da reflexão, pois do contrário o que prevalece é a pura decoreba, sinal de atraso do processo ensino-aprendizagem, e não é isso que queremos. Para que alcancemos melhores índices de qualidade de ensino nossos alunos devem estar preparados a fazer testes que meçam suas capacidades de raciocínio e análise, e não da mera memorização, como salientou Cláudio de Moura Castro, em sua coluna semanal da revista Veja.
No artigo "A democracia da decoreba", ele destacou: "a idéia de que seria uma prova que promoveria a igualdade social não passa de uma quimera. Eis o dilema. Se queremos uma educação melhor para o país, temos de sinalizar nos testes a direção do esforço esperado. Se a prova pedir raciocínio e análise, os alunos vão se esforçar para dominar essas competências. Se pedir para decorar é isso que vão fazer. Portanto, o futuro da educação não pode abrir mão de provas que focalizem tais conhecimentos mais nobres - e não a memorização".
Nesse sentido, reafirmamos que a decoreba não funciona. Pode ser o caminho mais fácil, enquanto processo metodológico, mas muito dificilmente levará o aluno a se esforçar por adquirir conhecimento, que o capacite, a saber, lidar com as informações, fazendo leituras mais conjunturais da realidade. Trata-se, portanto, de um desafio, que reconhecemos não ser uma tarefa fácil. Mas é isso que deve motivar o educador do século 21 a dar este salto qualitativo, em buscar fazer do aluno alguém que pense e seja criativo, e também crítico, e não um repetidor de dados. É da crítica construtiva e da criatividade que surgem as boas propostas que ajudam efetivamente a desenvolver o País.




