Regina Celia Baptista Belluzzo*
***Os fatores preponderantes da sociedade atual são: informação, conhecimento e a tecnologia. A crescente evolução dos elementos tecnológicos permitiu o acesso e uso da informação na sociedade contemporânea e tem revolucionado significativamente o modo de viver, pensar, agir e comunicar, alterando radicalmente as estruturas sociais baseadas nos moldes tradicionais de produção do conhecimento.
A informação, enquanto um bem social, deve estar em articulação com a universalização das TIC, a qualificação dos indivíduos e o processo educativo como forma de “aprender a aprender”. Entretanto, como há excesso de informação e uma grande velocidade na sua geração e transferência, em decorrência surgem novas exigências em termos de competências para sua produção e comunicação.
Ressalta-se que, de acordo com o documento “Aprendiz do século 21”, de autoria da American Association of School Librarians, a noção de capacitação em informação evoluiu da simples definição “uso de fontes de referência” para “localizar informação”. Desse modo, enunciam que “competências múltiplas, inclusive a digital, a visual, a textual e a tecnológica, juntaram-se à capacitação para o acesso e uso da informação como competências cruciais para este século”.
Ainda, que a contínua evolução da informação crie a demanda para que todos os indivíduos adquiram a capacidade de pensar, a qual possibilitará autonomia na aprendizagem, ressaltando que “o volume de informação disponível aos nossos aprendizes exige que cada indivíduo adquira as competências necessárias para selecionar, avaliar e usar a informação de forma correta e eficaz”.
Para tanto, sintetizam as principais competências para o século 21 em: investigar, pensar criticamente e adquirir conhecimento; tirar conclusões, tomar decisões embasadas, aplicar o conhecimento adquirido a novas situações e gerar novos conhecimentos; compartilhar conhecimento e atuar de modo ético e produtivo como membros de uma sociedade democrática; e, buscar aprimoramento pessoal e estético. Assim, são palavras de ordem do panorama social contemporâneo: criação, desconstrução, renovação, interconexão e colaboração, em busca de uma inteligência coletiva.
Considera-se que a transformação que repercute nas formas de trabalhar, informar e comunicar, com certeza, traz consigo a sociedade da informação, designando o processo de mudanças com base no uso da informação para gerar conhecimento. Mas, mudanças ágeis da sociedade exigem das pessoas a reciclagem constante e permanente de seu estoque de conhecimento e, embora a tecnologia permita o acesso à informação, ela por si só não operacionaliza o processo de conhecimento.
Vale lembrar que possibilitar tão somente o acesso a grandes quantidades de informação não assegura a sua transformação em conhecimento, isto porque este não pode ser transferido, dependendo da capacidade de racionalização dos seres humanos. Portanto, para localizar a informação relevante na imensidão de dados disponibilizados na Internet, precisamos ter um conhecimento básico do que se deseja, assim como conhecer estratégias de busca que possibilitem a identificação de fontes confiáveis, não esquecendo que, para transformar a informação em conhecimento é preciso que haja o pensamento lógico, o raciocínio e o juízo crítico.
Mas, não basta criar apenas condições de acesso e uso à informação, por tratar-se de uma tarefa complexa, isso demanda uma educação de qualidade, envolvendo o desenvolvimento da Information Literacy ou Competência em Informação (CI) nos mais diversos níveis.
A introdução da expressão é creditada ao bibliotecário Paul Zurkowski que, no ano de 1974, elaborou um relatório intitulado: The information service environment relationships and priorities. Posteriormente, já década de 90, com a aceitação plena de definição emanada da American Library Association (ALA), crescem os estudos em busca de uma conceituação mais acurada do termo e com ela é estabelecido em definitivo o vínculo entre a CI e os bibliotecários. Nas definições e denominações que a literatura especializada registra, ao longo do tempo, está clara a intenção no sentido de aprender a produzir um conhecimento novo a partir de um processo que se inicia na busca, permeia o acesso e que termina no uso eficiente da informação, seja aplicada a uma necessidade específica, na resolução de problemas, na tomada de decisão ou buscando o aprendizado contínuo. Não são essas, talvez, as condições que estamos intentando buscar e oferecer como um parâmetro norteador da educação ideal para o exercício da cidadania e um aprendizado ao longo da vida?
Essa questão e o aprofundamento sobre as origens e à aplicabilidade de modelos e padrões, transformações, competências e cenários e espectros, serão debatidos na minha palestra no ENB – IV Encontro Nacional de Bibliotecários de IES & IV Encontro Nacional de Bibliotecários Escolares, que será realizado no dia 30 de agosto, em São Paulo, capital.
Em nosso contexto, a despeito da existência de crescimento do interesse pelas questões da Competência em Informação como uma área de relevância para o desenvolvimento humano, social e a inovação, não se pode considerar esse fato como uma mobilização efetiva, requerendo maiores estudos e pesquisas, em especial, no que se refere à aplicabilidade de padrões e indicadores, além de modelos e abordagens que poderão ser validados de forma integrada com os educadores no país.
Vamos contribuir para compreensão desse tema e criar cenário favorável à sua implementação como um diferencial e um benchmarking nas bibliotecas brasileiras no ENB 2012.
* Graduada em Biblioteconomia e Documentação pela Escola de Biblioteconomia e Documentação de São Carlos, Mestre em Ciências da Comunicação e Doutora em Ciências da Comunicação pela USP. É integrante da Linha de Pesquisa "Gestão, Mediação e Uso da Informação", do Programa de Pós-Graduação em TV Digital: Informação e conhecimento (UNESP-Bauru) e ministrará a palestra: Competência em informação: das origens à aplicabilidade de modelos e padrões, no dia 30 de agosto de 2012, no ENB – IV Encontro Nacional de Bibliotecários de IES & IV Encontro Nacional de Bibliotecários Escolares. O evento será realizado no Hotel Park Inn Ibirapuera, em São Paulo/SP. Para informações: www.humus.com.br.




