- Um primeiro modelo ele denomina de “tipo burocrático”, que é aquele modelo tradicional de carreira que nossos pais e avós observaram durante aquilo que acima chamamos de modernidade sólida, quando quase tudo podia ser planejado, quando podíamos pensar no longo prazo. É um tipo de carreira que está em franca decadência, apesar de ainda estar muito presente em algumas indústrias, principalmente naquelas mais tradicionais. Os poucos que poderão usufruir deste modelo seguro, entretanto, não estão livres da necessidade de desenvolver competências como de adaptabilidade, criatividade e relacionais para sobreviver às demandas de mudança que também afetam suas organizações.
- O segundo tipo é o denominado de “profissional”, que se baseia no monopólio de um certo saber, da especialização e da reputação. Não é uma carreira vertical como a que estamos acostumados a ver e está fortemente vinculada aos trabalhos de profissionais autônomos e liberais, assim como a conhecimentos específicos e de difícil aprendizado. Mesmo nas organizações modernas observa-se um enorme florescimento deste tipo de profissional, onde sua trajetória recebe o nome de carreira em Y, aquela que se diferencia da carreira vertical e vinculada à gestão de pessoas. Trata-se de carreiras em que é possível crescer dentro das organizações a partir de nossas competências e habilidades técnicas, sem precisar necessariamente ter que optar por funções de gerenciamento de equipes. São carreiras que representaram uma enorme oportunidade para aqueles técnicos e profissionais especializados que, no passado, acabavam ficando impossibilitados de crescer em suas organizações porque não tinham ou não queriam desenvolver habilidades de gestão de pessoas.
- O tipo “empreendedor”, que está ligado às atividades de uma empresa independente, traçadas normalmente por uma única pessoa ou por um grupo de pessoas. É um tipo de carreira cada vez mais frequente no mundo contemporâneo, na medida que o preço para ingressar no mercado fica cada vez menor, já que tecnologia e informação estão à disposição de todos a apenas um clique. Basta ter uma ideia na cabeça e não mais muita coragem, como se requeria no passado. Em algumas escolas de administração hoje, mais da metade dos formandos afirmam que esta é sua primeira opção de carreira. É um tipo de carreira que também é cada vez mais frequente na grande organização capitalista. Como o mundo muda a uma velocidade sem precedentes, não dá para continuar confiando exclusivamente no antigo gerente que garantia a execução das tarefas que lhe eram apresentadas através do comando e controle. O “colaborador” da empresa da economia de serviços precisa saber rapidamente se adaptar às mudanças, criando novas e criativas oportunidades e possibilidades para a empresa e para os consumidores. Não se trata apenas de se adaptar às mudanças, mas de se antecipar a elas. Frequentemente alguns destes “empreendedores”, funcionários da organização moderna, têm autonomia próxima do total. Neste ambiente, as competências mais valorizadas são as que denominamos “competências auto”: auto-disciplina, auto-desenvolvimento, auto-gestão, etc, pois se paga um prêmio especial à capacidade do indivíduo de administrar sua própria vida e suas possibilidades de desenvolvimento, permitindo assim que toda a organização se desenvolva com ele.
- Finalmente, o quarto tipo de carreira é o tipo “sócio-político”, que se baseia nas habilidades sociais e de influência nas relações de que a pessoa dispõe. Apesar de historicamente vinculado a certas posições na hierarquia sócio-política, é um tipo de carreira que assume especial importância nos modelos atuais, em que se sobressaem as redes sociais. A competência fundamental aqui é a relacional, que se refere à capacidade do indivíduo de fazer com que suas ideias e ações sejam percebidas por outros. Frequentemente associada a sorte ou acidente, é uma competência que também exige auto-disciplina, auto-desenvolvimento e auto-gestão em grandes escalas.




