Gabriel Mario Rodrigues
Presidente da ABMES
Secretário Executivo do Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular
***Há duas semanas neste mesmo espaço, expus a opinião de um Analista de Instituições Financeiras: “a avaliação poderia ser medida pela evasão de alunos de um determinado curso”. Houve críticas dizendo que esta opinião não deveria ser considerada, porque o principal motivo da evasão é econômico: o aluno abandona a escola unicamente por não ter condições de continuar pagando as mensalidades. Além disso, pela diversidade de cursos, de perfis de alunos e de diferenças regionais, dificilmente conseguir-se-ia dentro deste critério, construir uma avaliação isenta de equívocos. Outro questionamento ao artigo sugeria ser preferível avaliar a situação do egresso no mercado de trabalho.
Retomo o tema por acreditar que ainda não existe nem no Brasil nem no exterior a fórmula perfeita de avaliar a qualidade do ensino. A própria experiência do Ministério da Educação (MEC) em adotar métodos amplamente contestados pela comunidade acadêmica é uma prova cabal do que afirmo.
A pesquisa de Flávia Feitosa Santana, publicada no livro “A dinâmica da aplicação do termo qualidade na Educação Superior brasileira” (Senac, 2007), demonstra a dificuldade de tratar do assunto. Ela se baseia numa enquete feita com 17 administradores e professores que atuam em instituições brasileiras, aos quais foram feitas as seguintes perguntas:
- O que é qualidade?
- O que é qualidade em educação superior?
- Quais são os determinantes de qualidade?
- Quais são as consequências da qualidade?
- Quais são os obstáculos de conseguir qualidade?
- Como se avalia qualidade?
- A qualidade está vinculada à satisfação e à motivação;
- A avaliação da qualidade depende de quem a aplica, ou seja, da estratégia de gerenciamento;
- A qualidade pode ser percebida pela infraestrutura adequada, pelos procedimentos administrativos corretos, pela capacitação docente, pela avaliação de seus alunos;
- A qualidade pode ser medida pela capacidade empreendedora, pelo trabalho em grupo, pela competitividade entre alunos e professores e pelo resultado posterior com o ingresso no mercado de trabalho.
- Conjunto de características que um produto ou serviço deve ter para bem atender às aspirações ou aos interesses dos usuários. O relevante, portanto, não é o processo de ensino, mas sim a aprendizagem do aluno.
- Não se faz qualidade apenas com laboratórios bem equipados, informatização da burocracia universitária, bibliotecas climatizadas, salas de aulas e corredores limpos e gente educada atendendo nos balcões das escolas. Há muitas outras questões entre o indivíduo e o conhecimento que os aspectos mais aparentes não podem resolver.” Bazzo (2001), citado por Santana, afirma que “o ensino só pode ser considerado de qualidade quando der oportunidade para a construção do conhecimento por todos os indivíduos envolvidos no processo”.
- Conjunto de propriedades inerentes a algo, que se permite julgar o valor. Quem julga é quem paga ou quem compara. E, pagando ou comparando, a ideia que sobra é a de maior ou menor preço, maior ou menor utilidade, maior ou menor prestígio, maior ou menor credibilidade, maior ou menor seriedade, maior ou menor modernidade. Qualidade é o diferencial de uma coisa comparada com outra. Sem comparação ou sem possibilidade de comparar, nada é melhor nem pior.




