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A Universidade de Nalanda e a universidade dos novos tempos: duas visões

Gabriel Mario Rodrigues

Presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES)

06/06/2013 04:40:06

Gabriel Mario Rodrigues Presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) e Secretário Executivo do Fórum das Entidades representativas do Ensino Superior Particular ***
A educação vive hoje um turbilhão de mudanças provocado pelo desenvolvimento tecnológico. De um lado, ela tem a responsabilidade de preparar o estudante para um mundo em constante mudança e crescentemente mais complexo. De outro, na prática da sala de aula, as mudanças não ocorrem na velocidade que se espera. Para entrarmos no futuro essa dicotomia é o desafio a ser vencido. (Do futurologista  Michell Zappa)
A Universidade de Nalanda, situada ao norte da Índia, foi um importante centro de ensino até ser saqueada por invasores muçulmanos em 1193. Fundada por volta do século V, atraía estudiosos de toda a Ásia. Durante sua existência chegou a contar com mais de 10.000 estudantes e 1.500 professores, em sua maioria monges budistas, que saíam de China, Japão, Coreia e outros países asiáticos. Estão em curso as primeiras iniciativas para a reconstrução de Nalanda, por meio de uma cooperação internacional formada pelos seguintes países: Índia, China, Cingapura, Japão e Tailândia e com o apoio de países do Sudeste Asiático, Austrália, Nova Zelândia, Rússia e Estados Unidos. O projeto de transformação de Nalanda como um centro internacional de ensino está sendo revivido por um grupo de autoridades e estudiosos comandado pelo novo reitor, o ganhador do prêmio Nobel de economia Amartya Sem. “A antiga universidade levou 200 anos para chegar a um estado florescente. Não levaremos 200 anos, mas pelo menos algumas décadas”, afirma o reitor. As instalações provisórias já estão funcionando e o departamento de pós-graduação convidou pesquisadores e acadêmicos de todo o mundo para participar de seus programas. As duas primeiras faculdades serão de História e Ecologia & Meio Ambiente, e a primeira turma começa no ano que vem. Amartya Sen diz que haverá uma cooperação ativa com a escola de estudos florestais da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, com o departamento de história da Universidade Chulalongkorn, de Bangcoc, e com as Universidades de Seul, na Coreia do Sul, e de Pequim, na China. A expectativa dele é de que, se tudo correr bem, a nova universidade seja capaz de fazer jus à boa reputação da antiga Nalanda, mesmo após um intervalo de mais de 800 anos[1]. Percebe-se que há uma preocupação inusitada em recuperar o passado sem grandes preocupações com as novas práticas da realidade educacional atual. Será que estão no caminho correto? Difícil conjecturar, porque não conhecemos os planos de reconstrução. Mas nos parece uma estratégia totalmente diversa se comparada com a visão atual de educadores em relação aos desafios do futuro da universidade. Para tanto, é importante conhecer as ideias expostas pelo senador Cristovam Buarque na Comissão “UNB.Futuro”, sob o patrocínio da Universidade de Brasília[2]. O senador Cristovam foi muito claro ao dizer que a universidade foi criada há 1.000 anos para substituir os conventos, cuja missão era formar pessoas interessadas em estudar os dogmas religiosos. As universidades vieram para construir o conhecimento que naquele tempo, diferentemente da temática espiritual, era necessário para alimentar o desejo de conhecer o mundo das novas ideias. A universidade passou a ocupar o papel de gerador do saber de nível superior, tendo em vista o despreparo e a incapacidade dos conventos diante das exigências da época. O senador mostra a evolução da universidade como instrumento de interação com a realidade ambiental. Ao longo de quase mil anos, segundo ele, essa nova instituição influiu em todos os aspectos do desenvolvimento humano para atender às demandas sociais, culturais e econômicas de uma sociedade em desenvolvimento exponencial procurando ajustar-se às transformações e exigências do mundo. Para tanto, promoveu mudanças nos métodos de ensino e pesquisa, nos conteúdos da vida intelectual e nas exigências de novos saberes para entender e desenvolver o mundo. A universidade evoluiu no plano social, na área de pesquisa e ciências e nos requisitos de apoio ao setor empresarial, ajustada ao mercado, sempre em movimento, conforme a realidade de cada momento. No entanto, pouco mudou em relação às formas de transmissão do conhecimento centralizadas no professor. Para o terceiro milênio da nossa era, a universidade  precisará se transformar radicalmente, visando atender à nova realidade técnica e às novas exigências que o mundo impõe às ideias. Sua capacidade de geração de saber superior será superada pela nova instituição pós-universidade. Buarque com sua ênfase habitual declara: "O desafio da universidade para as próximas décadas é maior do que mudar, é evoluir. Mais do que se reformar, é reinventar-se. Mais do que se ajustar aos tempos atuais, é inventar uma instituição nova, tão diferente da atual quanto ela foi dos conventos, nos tempos da sua origem". O mundo transforma-se a cada minuto devido à velocidade das ideias, em todas as áreas e instâncias, mesmo sem a intervenção da universidade. Num mundo global, o saber da economia, da cultura das ciências, das diversas técnicas se interligam instantaneamente devido à revolução na comunicação, oriunda da eletrônica, da informática e da teleinformática. A palestra do Senador Buarque evidencia “14 diferenças” que obrigatoriamente farão a diferença da instituição que quiser se impor às realidades dos tempos atuais:
  1. Sem endereço geográfico e sim eletrônico.
  2. Substituição do professor por uma equipe interdisciplinar.
  3. Humanidade como pátria da universidade.
  4. Sem muros e sem fronteiras.
  5. Atuação em rede de todas as unidades de promoção do conhecimento.
  6. Aberta a receber alunos que a universidade de hoje exclui.
  7. Criação de novos campos de conhecimento com a exclusão da disciplinaridade.
  8. Aquisição do conhecimento não tem prazo duração – universidade por toda a vida.
  9. Desaparecimento do diploma como reconhecimento cartorial do saber.
  10. Substituição da categoria propriedade pela categoria de finalidade.
  11. Livre, sem hegemonia ideológica, sem supremacia administrativa e sem predominância de uma área de conhecimento sobre outra.  
  12. Livre de mitos e dogmas religiosos.
  13. Ética como parte do próprio conhecimento.
  14. Processo de aprendizagem de acordo com uma nova realidade tendo em vista o potencial e o risco do avanço científico sobre o cérebro e o processo cognitivo.
Cristovam conclui com a 15ª diferença – “esperança”: “O fato de ter passado 40 anos tentando reformar a universidade – como estudante, professor, reitor e ministro – me fez concluir que essa reforma dificilmente será feita. Não poderá ser importada do exterior sem o consentimento da comunidade, nem será feita a partir do seu interior, porque não contará com o apoio da comunidade acadêmica. Mas, 40 anos depois de tantas mudanças no mundo – nas técnicas, na ética, na economia, no social, na política nacional e internacional – a necessidade de reformar a universidade é ainda maior e mais urgente. Precisando mudar, mas impedida de fazê-lo, a universidade será provavelmente substituída por outro tipo de instituição que preencher o papel de vanguarda do saber, desempenhado por ela nos últimos mil anos. Mas a relação afetiva com a universidade por toda a minha vida adulta me aprisiona na esperança de que ainda é possível que a universidade evolua, ela própria, sem necessidade de uma instituição posterior: a pós-universidade. Diversas universidades estão fazendo essa evolução, isoladamente. Elas vão se unir em rede, compondo o novo quadro gerador do ensino superior. O que vai definir se a universidade evoluirá ou se a pós-universidade tomará o seu lugar como centro gerador de saber superior vai depender do resultado do processo entre as universidades-evolucionistas, que se transformam, e as universidades-convento, que sofrem da síndrome dos conventos e reagem à mudança.” Discutiremos oportunamente a viabilidade destes conceitos diferenciadores. Porém o propósito deste artigo é comparar dois movimentos: o projeto de reconstrução da universidade indiana de Nalanda, cujos princípios básicos ainda estão presos ao passado de dois mil anos atrás, e as ideias esposadas pelo senador sobre a universidade ancorada na realidade de um mundo que a cada momento se transforma pela velocidade das novas tecnologias e dos novos conhecimentos. Reproduzir o passado é fácil, mas construir o futuro é desafio para cérebros iluminados.


[1] Manchetes Educacionais ivonio@senado.gov.br
[2] A síndrome dos conventos e a pós-universidade: palestra proferida por Cristovam Buarque em 6/5/13 na inauguração da Comissão UnB.futuro: http://www.cristovam.org.br/portal3/index.php?option=com_content&view=article&id=5356:a-sindrome-dos-conventos-e-a-pos-universidade-palestra-de-cristovam-buarque-&catid=170:super-manchete&Itemid=100003  
 

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