Professores inspiradores são aqueles que procuram despertar o potencial dos estudantes e não contar o quanto seus alunos aprenderam. Mais do que isto, o quanto podem acumular de conhecimento e habilidades para serem usados por toda a vida. (Anthony P. Witham – President of American Family Institute)O progresso de uma nação depende de profissionais capacitados para enfrentar os desafios do desenvolvimento. Para tanto, devem ser valorizados e respeitados, como é o caso dos professores de todos os níveis de ensino. No entanto, a realidade de hoje nos mostra os professores nas praças públicas lutando pelo reconhecimento de seus direitos, diferentemente do que ocorria no meu tempo de estudante, quando eles eram dignificados e recebiam o reconhecimento de seu papel pelo Estado e pela sociedade. Dezenas de professores passaram pela minha vida e cada um deles influiu, de forma significativa, na construção da minha personalidade. Por não haver neste artigo espaço para homenagear todos eles, escolhi cinco que me apontaram os caminhos para a minha realização profissional. Começarei pela professora Clycie Mendes Carneiro que me alfabetizou ainda no Jardim de Infância e que teve grande importância na minha vida não só pelo que me ensinou como também por ter me indicado o idealizador do plano curricular da primeira Faculdade de Turismo do Brasil, criada por mim anos mais tarde. Apesar de ter deixado o externato onde Clycie lecionava, eu acompanhei a sua trajetória profissional, desde o início do curso de Jornalismo da Casper Líbero, até o momento em que ela foi nomeada para o cargo de redatora chefe no Estadão. Quando tive a ideia de criar o curso de Turismo, fui procurá-la no jornal para solicitar a indicação de um profissional para montar o projeto. Além de me apresentar o Professor Domingo Hernandez Peña, foi incentivadora perene da Faculdade de Turismo do Morumbi. Eu estava no terceiro colegial do Colégio Santo Alberto e me preparava para prestar vestibular de engenharia, quando o desenhista e pintor Vicente Mecozzi, professor de Descritiva, não só me mostrou que a profissão que eu deveria seguir era outra – a de arquiteto – como me informou sobre as oportunidades que teria. Aconselhou-me a cursar Arquitetura porque eu era “bom de lápis” e tinha alguns lampejos de criatividade. E, como era professor de desenho do preparatório do Colégio São Luiz, conseguiu uma gratuidade para eu participar de suas aulas de desenho – matéria eliminatória dos temidos vestibulares da época. No segundo ano do Mackenzie, o professor Philippe Lohbauer, um holandês corpulento com um cachimbo sempre nas mãos, era o responsável pelas aulas de Construção Civil. Era metódico e organizado e me ensinou tudo sobre a prática de obras. Foi graças a ele que logo depois de formado fui muito bem classificado no concurso para o antigo Departamento de Obras Públicas (DOP) do estado de São Paulo. Meu primeiro trabalho no DOP foi visitar as escolas do estado, verificar o que precisava ser consertado e preparar o orçamento para as obras de reforma. Depois de experiência de um ano, fui designado para acompanhar os trabalhos de conclusão do Hospital Psiquiátrico nas Clínicas. E por incrível que pareça, o administrador das obras era o Diretor do Curso de Arquitetura do Mackenzie, o professor Christiano Stockler das Neves. Era um profissional de renome que projetara o Ministério da Guerra no Rio de Janeiro, a estação Sorocabana na capital e inúmeros edifícios. Era arquiteto de formação clássica de muito prestígio, mas vivia às turras com Oscar Niemeyer. Lembro-me que quando soube que eu o fiscalizaria, correu célere ao meu chefe Dr. Sala, dizendo que não se conformava que um iniciante como eu fosse supervisioná-lo. Trabalhamos juntos por dois anos. Aprendi muito com ele. Porém quem realmente percebeu “em que posição eu jogava” foi o Frei Adriano, diretor do Colégio Santo Alberto. Esse, sim, tinha “olho de lince”. Eu cursava o primeiro ano do colegial, tinha 15 anos, e ele me chamou à Diretoria para perguntar se gostaria de ganhar uns “trocados” para substituir, aos sábados, o Professor Maurício do Curso de Admissão (5º primário) que iria trabalhar no Jockey Clube. Concordamos na hora e no ano seguinte eu já ministrava aulas no terceiro primário. Esta foi a base para eu criar no DOP, anos mais tarde, um setor de Comunicação e de Treinamento para os funcionários – semente de um cursinho preparatório e da posterior faculdade de Turismo. Assim, na semana em que se comemora o “Dia do Professor”, eu não poderia deixar de recordar e homenagear os professores que forjaram minha vida profissional. Não possuíam mestrados nem doutorados e muito menos títulos de PHD do exterior. Eram porém especialistas em gente, em juventude e em moldar e desenvolver pessoas. E mais: dedicavam-se totalmente aos seus alunos. Aos mestres – Clycie, Mecozzi, Lobaheur, Frei Adriano e Christiano – o meu reconhecimento pelo trabalho que fizeram. Ao compartilhar estas recordações do passado, homenageio também os professores do Brasil. A todos eles a minha admiração pelo que fazem na árdua e diuturna tarefa de desenvolver mentes e pessoas. Feliz Dia dos Professores!