Claudio Luis Piratelli* ***Qualidade e desempenho são termos imprescindíveis do dicionário de qualquer organização. Tecnicamente, são definições que sofreram grandes modificações nas últimas décadas. As organizações do passado quantificavam seus desempenhos através de medidas financeiras; já as organizações modernas compreendem que qualidade é requisito para a sustentabilidade. Contudo, muitas ainda ignoram que qualidade é um critério subjetivo. Toda organização é única e precisa conhecer bem seus stakeholders se quiser se conhecer. Stakeholders são todos os atores envolvidos com uma instituição (acionistas, clientes, fornecedores, ambiente, sociedade, governo etc).
Além desse tipo de negligencia, boa parte dos pensadores da Educação Superior (ES) desconsidera a heterogeneidade de cursos e Instituições de Ensino Superior (IES) no momento de avaliar qualidade e desempenho. O MEC infere sobre a qualidade das IES e cursos através de Instrumentos Únicos, ou ainda, por meio do temido Conceito Preliminar de Curso – o qual sugere que o desempenho dos discentes no ENADE é uma aproximação fiel da qualidade da IES a qual pertencem. Mesmo se o País garantisse uma formação homogênea dos egressos do ensino médio e, a academia andasse de mãos dadas com o mercado de trabalho, ainda seria injusto avaliar a diversidade da ES desta forma parcial.
Para agravar, o MEC coloca esta diversidade (preconizada pela Carta Magna) numa vala comum quando estabelece um ordenamento das notas das IES (rankings). A mídia, por sua vez, expõe esta insensatez ideando exercer democracia.
Não sugiro que não se avalie qualidade e desempenho. Tampouco que os resultados não sejam divulgados. Sugiro que as avaliações sejam planejadas após um intenso debate com os diversos entes que pensam ES e, com maior rigor científico para se evitar equívocos, como: condenar IES comprometidas com a Educação ou conceituar IES que priorizam lucro à qualidade.
Afinal, será que um curso com baixo desempenho para o MEC possui baixo desempenho para os demais stakeholders (organizações, sociedade etc)? Será que alunos com piores desempenhos no ENADE serão os piores profissionais? Será que os melhores estudantes estão bem preparados para o exercício profissional? Um curso rotulado como medíocre não tem significância para a sociedade ao seu entorno?
Estas e outras questões só podem ser respondidas se avaliarmos ponderadamente o desempenho de uma IES, em termos de eficácia, para com TODOS os seus stakeholders. Esta foi a proposta de minha tese de doutorado que se constitui num método para a construção de medidas de desempenho para organizações que se preocupam com suas performances, sob uma ótica socialmente balanceada.
*Claudio Luis Piratelli é Doutor em Ciências pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA); Mestre em Desenvolvimento Regional pela UNIARA e; Engenheiro de Produção – Materiais pela UFSCar. Atua como professor e pesquisador do Centro Universitário de Araraquara – UNIARA.




