![Arthur Leandro Filho](http://abmeseduca.com/wp-content/uploads/2013/12/Arthur-Leandro-Filho-150x150.jpg)
A modernidade viabilizou-se, em sua base de crescimento, através de um estrondoso e intenso processo, no mínimo contraditório: ao tempo em que ocorriam extraordinárias evoluções técnico-científico-informacional, paralelamente, incidiram-se grandes desigualdades tais como o elitismo, o individualismo e o materialismo extremos. A modernidade, paradoxalmente, trouxe consigo o desenvolvimento e a indigência. Agora o grande desafio da contemporaneidade é, urgentemente, acabar com estas disparidades. Não há um caminho fácil, tampouco há um caminho difícil a ser percorrido. Mas, afinal, o que poderia oportunizar um desenvolvimento sustentável com bases mais justas? A resposta, a meu ver, é a Educação de qualidade, inteligente e empreendedora. Não é preciso reinventar a roda para alcançarmos tal objetivo. Uma sociedade justa, com oportunidades para todos, necessariamente precisa ter um projeto educacional arrojado e prático, que viabilize o desenvolvimento pessoal, social, ambiental e econômico consoante com as demandas do mercado. Já conhecemos de cor um amontoado de teorias que abordaram e abordam as questões vinculadas à Educação. Contudo, se de um lado aquelas teorias serviram para amadurecer o debate, por outro, muitas vezes, foram ignoradas ou se revelaram tão irreais que pouco ou nada contribuíram para mudar, efetivamente, a Educação e a sociedade. Precisamos, deste modo, pensar um país que não esteja tão-somente voltado para o imediatismo econômico, mesmo porque este modelo provou-se completamente equivocado. O país requer um desenvolvimento duradouro, tendo por base um projeto educacional inteligente e arrojado; sem a cretinice falaciosa de se buscar um “atalho” que nos leve direto ao “paraíso”. Crescimento e desenvolvimento são coisas distintas, conforme ressaltou com precisão Josué de Castro[1]:Cada sonho que você deixa para trás, é um futuro que deixa de existir. (Steve Jobs)
“[...] falso é o conceito de desenvolvimento avaliado unicamente à base da expansão da riqueza material, do crescimento econômico. [...] O conceito de desenvolvimento não é meramente quantitativo, mas compreende os aspectos qualitativos dos grupos humanos a que concerne. Crescer é uma coisa; desenvolver é outra. Crescer é; em linhas gerais, fácil. Desenvolver equilibradamente, difícil”.É imprescindível, portanto, uma Educação de qualidade, motivadora, estratégica e ousada. Estamos cansados de ver, pelo país afora, a aplicação de um modelo educacional que em muito lembra os padrões jesuíticos da catequização! Trocando em miúdos: índios/alunos, silenciosos e obedientes, escutam à exaustão, assuntos caducos, que nada possuem de prático, mas, devem ser repetidos como sinais de que se realizou a “aprendizagem”. Chega! Devemos desaprender o que até aqui nos ensinaram, para aprendermos a fazer diferente! Neste aspecto, a Universidade do Futuro propõe exatamente isso: uma reeducação corajosa. Aqui, neste ponto, vale ressaltar a percepção do professor Gabriel Mário Rodrigues[2] em seu artigo “Por uma nova educação para o século XXI”[3] que argumenta com propriedade:
Nós nos aproximamos cada vez mais do rompimento completo com o sistema universitário tal como o conhecemos hoje. De acordo com Angel Pérez Gómez, professor da Universidade de Málaga, na Espanha, as escolas mudarão ou vão desaparecer em pouco tempo. Muito mais do que equipá-las com aparatos tecnológicos, ele sugere a reformulação total dos currículos e das metodologias de ensino.A Educação, portanto, deve realizar o que é simples e prático: valorizar o aprendizado real entre educadores e educandos de maneira criativa, solidária e empreendedora. Não podemos aceitar que alguns “predestinados” nasçam para o sucesso e outros estejam “condenados” ao fracasso. Tamanha excrescência social (fruto de uma educação excludente, também) conduz nosso país ao comodismo criminoso, ao atraso inconcebível e à desigualdade disparatada. É através da Educação qualitativa e empreendedora que podemos acabar com esse absurdo e oportunizar um desenvolvimento equânime e sustentável. Precisamos ser criativos para acompanharmos as mudanças cada vez mais desafiadoras da contemporaneidade, inovando e reestruturando as concepções da aprendizagem. Precisamos também ser solidários para entendermos que devemos estar atentos as trocas de experiências, sem egocentrismos. E finalmente, precisamos ser persistentes para alcançarmos a qualidade da Educação que merecemos hoje e no futuro. Educar é o caminho para o desenvolvimento pessoal, familiar, político, social, econômico e ambiental. Educar também é se apaixonar pela vontade de fazer o “impossível”, sabendo que a qualquer momento, aquilo se tornará uma realidade tão cristalina quanto surpreendente. Dentro desta perspectiva, recorremos mais uma vez ao artigo do professor Gabriel Mário Rodrigues, quando ele aponta para algumas dessas situações a serem percebidas e desenvolvidas na Educação como um todo:
[...] Aproveitar as modernas ferramentas do marketing e da comunicação na construção da nova Escola do Século 21; Admitir que a Educação não pode continuar repetindo seus modelos medievais e elitistas que a tornaram um dos maiores responsáveis pelo “quadro negro” atual; Aceitar o fato irreversível de que a Educação deve mudar radicalmente e se tornar a locomotiva que rebocará os demais sistemas da Era da Informação.Assim, a Universidade do Futuro está atenta, entre outros aspectos, aos seguintes pontos: 1. uso da inteligência sistêmica (a compreensão de que a aprendizagem se realiza por intermédio de sistemas, e não mais através de causa e efeito. Ou melhor: todos os conhecimentos se correlacionam gerando uma onda multiplicadora de contínuos conhecimentos); 2. ações educacionais inovadoras e impetuosas reavaliadas permanentemente; 3. habilitação profissional voltada para o empreendedorismo (em qualquer área do conhecimento); 4. educadores com profundo conhecimento e disposição para o contínuo aperfeiçoamento; 5. valorização da liberdade, da criatividade e da solidariedade e 6. aprendizagem prática voltada para as demandas do trabalho.