![Maria Carmen Tavares](http://abmeseduca.com/wp-content/uploads/2014/03/Maria-Carmen-Tavares-150x150.jpg)
O mais importante na vida não é o conhecimento, mas o uso que dele se faz. (Do Talmude)O setor de serviços, sobretudo o segmento de educação, tem crescido nas maiores economias do mundo chegando a representar aproximadamente 65% na economia brasileira, o que emprega uma parcela importante da força de trabalho disponível no mercado. Portanto, o setor educacional é de fundamental importância para o crescimento econômico e social do país nos próximos anos e as instituições de ensino não podem desconsiderar a necessidade de um trabalho cada vez mais integrado com o setor produtivo, mercado e governo. Para Henry Etzkowitz este é o conceito da Tríplice Hélice, onde a universidade tem o papel fundamental de construir conhecimento e pesquisa que correspondam aos interesses reais da sociedade global, como também o de transferir o conhecimento construído para a solução de problemas cada vez mais complexos. Tais interfaces de colaboração resultam no Empreendedorismo Acadêmico e a busca por técnicas, ferramentas, metodologias, modelos que contribuam para transformar instituições de ensino em organizações empreendedoras com benefícios de crescimento e diferenciais competitivos é intensificada com a inovação do segmento. Neste ritmo frenético observa-se uma tendência mundial onde as instituições baseadas em conhecimento passam a construir seus parâmetros de formação orientados pelas novas dinâmicas do conhecimento como demonstrado no relatório elaborado em 2012 pela Associação Helmholtz , a maior organização de pesquisa da Alemanha. Nos pressupostos de uma nova dinâmica do conhecimento a associação rompe com as linhas clássicas de conhecimento, haja vista sua nova estrutura na atualidade. Assim aceitam o desafio de solucionar questões essenciais para a sociedade, a ciência e a indústria. Um trabalho de excelência vem sendo desenvolvidos também no Brasil através do pioneirismo e de ações inovativas de algumas instituições que compreendem a necessidade de repensar não apenas a estrutura de funcionamento das instituições como também as práticas para aprimoramento da Educação Superior Brasileira na construção de um modelo de universidade contemporânea ao mundo em transformação. Um dos pressupostos que auxilia na cooperação universitária é a interdisciplinaridade, pois as demandas globais possuem natureza complexa que não encontram resposta na organização curricular com disciplinas compartimentalizadas, onde os conteúdos não dialogam entre si. Esta é obviamente uma das bandeiras levantadas pelo centro de pesquisa alemão. Para responder aos desafios globais, existe um perfil de formação necessário, que obviamente não se dá com o modelo clássico que temos visto por aí. O resultado das práticas universitárias na atualidade, e da disposição do conhecimento geram interações inconsistentes do aluno com o mercado através de diplomas que não conseguem refletir densidades didático-pedagógicas. Na universidade Empreendedora busca-se uma formação mais global e diversas pesquisas apontam para a diferença de perfil dos egressos que passam por este modelo de formação. Neste caso o “como” vem antes do “que”, ou seja, a forma como elencamos conhecimentos e competências para formação universitária é mais importante do que a forma como operacionalizamos a metodologia e as práticas universitárias. Esta é a verdadeira face da inovação das instituições baseadas em conhecimento, segundo a Associação Helmholtz, que vem influenciado a mudança de muitas universidades no mundo e no Brasil. Para Artur Tavares Vilas Boas, pesquisador na área de empreendedorismo e vice-presidente do NEU-USP (Núcleo de Empreendedorismo da USP), “atualmente, as empresas que se destacam no mercado estão geralmente estruturadas na inovação, temos como exemplo maior a queridinha do “The Fortune” – a Google Inc. Estruturada em uma política onde a liberdade para inovar é a máxima da empresa (a política “just-try-it” exemplifica bem a abertura aos testes de novidades), a companhia dirigida pelo CEO Eric Schmidt produz lucros invejáveis devido ao seu grande potencial em desenvolver novidades para o mercado”. Uma das ações inovativas apontada por Etzkowitz é o papel da universidade como organizadora regional de inovação. Na Universidade Empreendedora há espaço para a formação empreendedora em nível individual, através da estimulação dos alunos e práticas específicas que almejam desenvolver a competência empreendedora ou mindset que se refere aos “padrões mentais internos , ou quadros de referencia – a partir dos quais os indivíduos vêem o tema e sua importância”. Mas, há também o empreendedorismo coletivo, proposto por ações coletivas e interdisciplinares, pois a universidade possui a capacidade de gerar uma direção estratégica focada tanto na formulação dos objetivos acadêmicos quanto na transferência do conhecimento produzido dentro da universidade. O crescimento da Universidade de Stanford é um exemplo clássico de cooperação universitária, quando Frederick Terman, conhecido também como “o pai do Vale do Silício” posiciona a universidade convergindo conhecimento acadêmico com conhecimento tecnológico na região. Uma prática de cooperação que pressupõe uma metodologia interdisciplinar. Tal posicionamento fez com que Stanford assumisse o papel de empreendedora coletiva, pois o conhecimento gerado era repositório para soluções de problemas regionais. Tais arranjos vêm se replicando em universidades de todo mundo fazendo com que a universidade cumpra seu papel neste tripé. As universidades e instituições de ensino superior no Brasil, de natureza privada, são responsáveis por mais de 70% da formação em nível superior, possuem méritos. É preciso considerar o ensino ofertado de mais alta relevância, mas as atividades acadêmicas desenvolvidas no contexto regional objetivando o desenvolvimento da ciência, do setor produtivo e da sociedade é a expressão de um princípio fundamental. Parcerias internacionais ou nacionais, cooperação bilateral ou multilateral, cooperação com clusters empresariais, operacionalização de programas estratégicos de curto ou longo prazo são políticas que irão depender do objetivo de cada instituição. Neste sentido existe uma grande dívida social do setor privado que deve ser encarada como oportunidade de se tornarem instituições empreendedoras e não como fardo de produção de um conhecimento desconectado da realidade. Portanto, cabe às IES ousadas, criativas, flexíveis o suficiente para se tornarem empreendedoras correr atrás do tempo perdido. Ponto para as que entenderam o momento e saíram na frente! *Solicitações do Relatório da Associação Helmholtz por e-mail.