Profº. Dyjalma Antonio Bassoli Profª. Ana Paula do Carmo Marcheti Ferraz ***

O coordenador de curso de graduação exerce um papel clássico na universidade e atua em diferentes frentes, dependo da abordagem a que é submetido. Quando se fala especificamente das IES privadas, este contexto acaba por se mostrar ainda mais complexo. Ao se estudar o atual cenário das IES privadas, caracterizado atualmente por alta competitividade, discute-se que a atuação do coordenador de curso, deve ser entendida no processo como “gestor universitário”. Espera-se deste agente acadêmico um perfil adequado às “novas demandas desta função”. Contudo, é necessário considerar que, embora as ações de planejar-executar-verificar-agir possua uma estrutura central comum, a forma de realizar estas ações em um projeto de curso será diferente de um coordenador para outro, da mesma forma que será diferente de uma organização para outra.  Estas ações distinguem-se pela diferença de objetivos e perfil de cada organização, de cada profissional e do ambiente em que ocorre a gestão. Considerando a sustentabilidade institucional, diferentemente do que acontece em universidades de outros países que se estruturam de forma a obter outras fontes de renda, a universidade privada brasileira tem forte dependência das mensalidades dos alunos. Estratégias de outras naturezas ainda são pouco utilizadas e mesmo quando existem são fracamente relevantes na composição final da receita institucional. A forte interpretação brasileira de que a universidade deve fornecer pessoal qualificado para o mercado, induz ao pensamento restrito de que é pela captação de novas matrículas em seus cursos superiores (core business institucional) e pela retenção de quem se matriculou, visto que possuem relação direta ao recebimento das mensalidades,  que as IES privadas podem encontrar subsídios financeiros para cumprir com seu objetivo e missão institucionais. Uma vez que a formação deste aluno matriculado e sua retenção na IES escolhida possuem vertentes qualitativas relacionadas às questões acadêmicas, sociais, econômicas e culturais pode-se considerar que o papel mais desafiador para integrar todas as ações esperadas é a do coordenador de curso, pois se entende que é dele a maior responsabilidade. Assim, mesmo que indiretamente, atribui-se à responsabilidade de grande parte da sustentabilidade do curso e da IES ao coordenador, contudo, muitos ainda não estão preparados para assumir todas estas funções “inerentes” a este cargo. Hoje, tanto por parte destes profissionais como da IES, questiona-se se um único profissional teria condições de cumprir com todas estas atividades, que requer competências tão distintas, e qual carga horária seria necessária, uma vez que muitos coordenadores não possuem dedicação integral à função. E, mesmo percebendo-se que uma equipe integrada atingiria estes diversos objetivos, muitas IES privadas apontam que não há recursos financeiros disponíveis. Assim, permanece o coordenador sobrecarregado com tantas demandas distintas. Mesmo com as contribuições recebidas pelo coordenador do Núcleo Docente Estruturante – NDE e do colegiado do curso, que buscam contribuir para o trabalho de gestão do curso, estas ficam restritas a uma pequena carga horária, muitas vezes em reuniões eventuais e atuando mais na definição das diretrizes do que na sua aplicação propriamente. Permanece o desafio de construir um modelo particularizado de gestão de curso, com suas peculiaridades, para que a coordenação de curso consiga se aproximar da efetivação desta tarefa complexa.