Paulo Cardim
Reitor da Belas Artes e Diretor-Presidente da Febasp Membro do Conselho da Presidência da ABMES
Blog da Reitoria, publicado em 9 de junho de 2014
***Esta semana, no próximo dia 12, terá início a Copa do Mundo de futebol, com a partida de abertura, entre Brasil e Croácia, no novo estádio do Corinthians, já apelidado de Itaquerão, a mania brasileira do gigantismo. Até o dia 13 de julho, estaremos envolvidos com a magia do futebol, na torcida – e na esperança – de que o Brasil alcance o esperado hexa.
A Copa do Mundo coincide, no Brasil, com o final do período letivo deste semestre, estando a comunidade acadêmica de todas as instituições de educação superior com a atenção voltada para os resultados da aprendizagem de cerca de 7 milhões de estudantes dos mais de 30 mil cursos de graduação, ministrados em torno de 2.400 instituições particulares e públicas.
A comunidade acadêmica e a comunidade do futebol, paixão brasileira, terão sua atenção voltada para duas competições de interesse geral, abrigando esporte, lazer e educação. Duas competições com finalidades distintas, mas com resultados positivos igualmente desejados por todos os participantes.
O futebol consegue, no Brasil, movimentar milhões de pessoas em torcidas organizadas ou não das centenas de clubes, nos campeonatos locais, regionais e no brasileirão. Essa torcida será transferida, agora, para uma só equipe, a seleção brasileira de futebol, sob o comando do técnico Scolari.
Na educação superior, os técnicos – os professores – e os jogadores – os estudantes – estão concluindo apenas uma etapa do campeonato onde as equipes – os cursos – podem conduzir ao exercício de dezenas de profissões, caso o desempenho dos jogadores seja vitorioso, sob a liderança dos técnicos. O êxito dos jogadores, após o final do campeonato – o último período letivo –, não vai depender tanto das equipes ou dos treinadores, mas deles próprios e das condições socioeconômicas do país, que passa por indefinições de políticas e diretrizes em todas as áreas.
No futebol, as equipes que chegarem à final, especialmente, a que vencer a partida de 13 de julho e se sagrar campeã do mundo, serão valorizadas no mercado esportivo, que movimenta bilhões de dólares. Os atletas, os jogadores sairão mais valorizados nesse mercado humano, mas a Fifa sairá com a sua conta bancária bem mais recheada.
Na educação superior, os jogadores – os estudantes – vitoriosos não conseguem o mesmo sucesso instantâneo no mercado de trabalho. A jornada pessoal e profissional, com as bases educacionais conquistadas na família e na escola – faculdade, centro universitário ou universidade – e a dedicação, esforço e educação continuada, ao longo de toda trajetória, são os instrumentos que vão nortear a campanha individual. Nesse campeonato o sucesso não é imediato, mas também não é efêmero. Quando conquistado, é para a vida toda, enriquecendo famílias e a sociedade, não pelos milhões de dólares, euros ou reais, mas pelo prazer de conquistar uma taça – o êxito pessoal e profissional –, um bem imune aos marginais que infestam a humanidade. Essa a diferença fundamental entre as duas copas.
Mas os dois campeonatos têm espaço em nossas vidas, com a importância relativa a cada um. Vamos torcer pelo sucesso das equipes, a fim de que tenhamos um campeonato altamente competitivo, e a vitória de todos os jogadores – estudantes e atletas –, atores principais de nossas torcidas. E que venha o hexa!




