Presidente da ABMES e Secretário Executivo do Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular
***
Em qualquer atividade empresarial a nossa preocupação não deve estar focada em nossos concorrentes, mas sim no atendimento do nosso consumidor. Nossos competidores são importantes para mostrar que somos melhores. (Atillio Fontana[1])O artigo que escrevemos –“Qual vale mais, uma instituição com 1.000 alunos presenciais ou outra com 1.000 alunos a distância?” – continua a gerar questionamentos por parte dos colegas leitores. E isso é muito bom. Ana Tereza de Oliveira registrou que não respondemos à questão enunciada no título do artigo. Hermes Figueiredo afirmou que deveríamos ter esclarecido melhor se o valor da instituição está relacionado ao mercado ou aos benefícios e serviços que propicia ao país. Alejo Guanapay observou que os colaboradores do blog abmeseduca.comparecem estar mais preocupados com o desenvolvimento do país – que é responsabilidade primordial da administração pública e dos políticos – em detrimento das questões referentes às instituições educacionais. Para Guanapay, estas deveriam estar voltadas, primordialmente, à capacitação profissional e à realização dos alunos como ser humano e como cidadão. Por certo, deveríamos ter pontuado de forma mais clara os nossos valores de referência para obtermos repostas mais exatas e objetivas: se valores financeiros com os quais as empresas educacionais estão envolvidas; se valores econômicos que representam os investimentos do setor; se valores sociais referentes aos recursos humanos empregados na área ou relativos à ascensão profissional propiciada aos formandos; se valores referentes às atividades científicas, culturais e empresariais dos egressos; se valores presentes no projeto pedagógico das instituições em função dos profissionais formados e aceitos pelo mercado. A questão que levantamos, além de ser bem mais ampla, tem a ver com uma série de aspectos importantes tais como: a) objetivo da aprendizagem; b) tipologia do curso; c) qualidade da proposta educacional; d) especialidade e desempenho dos professores e do corpo administrativo; e) produção e distribuição dos conteúdos; f) infraestrutura: classes, laboratórios, bibliotecas, áreas de lazer entre outros; g) custos envolvidos; h) avanço das tecnologias da informação e comunicação que estão revolucionando todas as atividades humanas e começam a atingir a educação; e i) aprendizado dos alunos e a forma como usam o conhecimento adquirido para o seu crescimento pessoal e profissional. Nesse sentido, o problema não é de contraposição da educação a distância com o ensino presencial, necessariamente, mas com as formas diferenciadas de distribuição do conhecimento que estão acontecendo e que tendem a se unificar. As metodologias e os processos de ensino-aprendizagem não poderão ser mais os mesmos. Nesse contexto, o professor precisará rever o seu papel, o que significa ir além de ser mero reprodutor do conhecimento existente na Internet e ser, de fato, orientador e avaliador de um processo ensino-aprendizagem rico e eficiente. Entendemos que as instituições têm estratégias educacionais específicas e que os cursos oferecidos requerem tratamentos e espaços de aprendizados diferenciados. Do mesmo modo, por razões de custo, de comodidade e de economia de tempo, as tecnologias de apoio ao ensino encurtarão distâncias e diminuirão a necessidade da absoluta da presenciabilidade. Para nós, torna-se fundamental considerar na análise do leque de valores que se apresenta em qualquer proposta educacional o objetivo primordial de todas as instituições de ensino que é o de oferecer ao estudante as condições de aprendizado necessárias ao pleno alcance do sucesso pessoal e profissional. Para tanto, será preciso buscar um modelo mais apurado de avaliação que vise analisar se o produto prometido (o curso) realmente atende aos objetivos propostos no seu projeto pedagógico. Nesses tempos competitivos em que vivemos, a sustentabilidade das instituições está relacionada diretamente ao desempenho exitoso do estudante. Este sim que representa nosso maior valor. [1] Empresário e político brasileiro. Fundador e proprietário do Grupo Sadia.