Looking back, I believe that the qualities that make for a great entrepreneur -- such as boundless energy, a curious nature and, sometimes, an obstinate streak -- are not often attributes demonstrated by top students in the classroom. So it should not be very surprising that many of the world’s great entrepreneurs and business leaders had difficulties with formal education.[1]As palavras de Richard Branson (acima), empreendedor cujas inovações o tornaram um dos empresários mais respeitados do mundo, nos dão uma ideia do porquê muitos dos grandes executivos dos séculos XX e XXI não concluíram o nível superior, dentre os quais ressaltamos Bill Gates (fundador da Microsoft), Steve Jobs (fundador da Apple), Mark Zuckerberg (fundador do Facebook), Amador Aguiar (fundador do Bradesco), Samuel Klein (fundador das Casas Bahia), Silvio Santos (fundador do SBT). Por outro lado, é indiscutível a contribuição que as IES têm realizado para a profissionalização de outros grandes executivos reconhecidos mundialmente, dentre os quais destacamos: Elon Musk (fundador da Tesla), Jeffrey Bezos (Amazon), Margareth Whitman (eBay), Maurício Botelho (Embraer), Roger Agnelli (ex-presidente da Vale), Yun Jong-Yon (Samsung), Djalma Barros de Morais (Cemig).[2] Como podemos explicar essa aparente “discrepância” que, de um lado, sugere que empreendedorismo é algo nato e que, de outro lado, sugere que empreendedorismo se aprende? Inúmeros experts da questão “Pode o empreendedorismo ser ensinado” têm chegado a diferentes conclusões. Noam Wasserman da Harvard Business School é taxativo: sim, empreendedorismo pode ser ensinado. Já outros, como Victor W. Hwang, autor e diretor gerente da T2 Venture Capitalist, no Vale do Silício é também taxativo: não, não pode ser ensinado em uma sala de aula da mesma maneira que surfar não tem como ser ensinado sem molhar os pés no mundo real.[3] Por outro lado, George Deeb, consultor da Red Rocket Ventures, e autor do livro: “101 Startup Lessons – An Entrepreneur’s Handbook”, em matéria publicada pela revista Forbes[4], conclui que depende – alguns atributos, como “intelecto elevado”, “boa comunicação”, “capacidade de aprender”, “vendas”, “formação de equipes”, “domínio do que se faz em função das experiências” e “motivar outros”, são técnicas que podem ser aprendidas. Porém, outros atributos, como “capacidade de enxergar o futuro”, “bons instintos”, “paixão”, “energia”, “excitamento pelo que se faz”, “persistência”, “coragem”, “vontade de seguir em frente” e “capacidade de assumir riscos”, são atributos natos e que se diferenciam de um ser humano a outro. Reconhecido como “o pai da gestão moderna”, Peter Drucker, sem abordar diretamente a polêmica, talvez tenha explicado a sugestão de Deeb ao diferenciar o significado de gestão vs liderança. Para Drucker, 1. “gestão é fazer certo as coisas: liderança é fazer as coisas certas”, e 2. “eficiência é fazer a coisa da maneira certa. Eficácia é fazer a coisa certa”[5]. Ou seja, as funções do gestor são diferentes das funções do líder. O gestor é eficiente: sua função é SEGUIR a receita do bolo da melhor forma possível. Ele não questiona a receita. Já o líder é eficaz: sua função é CRIAR a receita do bolo. O líder questiona a receita atual. Drucker não tinha dúvidas: “gestão não é mágica, não é um mistério, e não tem nada a ver com genética. É uma disciplina, e como qualquer disciplina, pode ser aprendida.”[6] Porém, Drucker jamais abordou a questão se os atributos do líder podem ou não ser aprendidos. O importante é que Deeb, ao concluir que certos atributos do empreendedor são natos enquanto que outros atributos são ensináveis, inadvertidamente apontou para a seguinte falha conceitual: empreendedorismo não se refere a um significado só. O conceito pode ter dois significados distintos, mas que, em muitos casos, se unem: o empreendedor puramente gestor, o empreendedor puramente líder, que se unem no empreendedor gestor-líder e no empreendedor líder/gestor. O gestor puro é extremamente disciplinado, faz tudo ao pé da letra. Segue as normas rigidamente e as aplica sem questionamento. Resiste às mudanças e vive olhando para o retrovisor: “bons eram aqueles dias que as pessoas seguiam as ordens”. Esse tipo de profissional é o que chamamos de dinossauro. O líder puro é um criador convicto. É um visionário sonhador, apaixonado pela sua criação. Ele enxerga a Utopia, o caminho “certo” e, sem pensar em custos, ou considerar efeitos colaterais, vai determinado atrás da concretização da sua visão. Esse tipo de profissional caracteriza os milhares de empreendedores visionários que faliram em função de obsessões inviáveis. Hoje, do ponto de vista empresarial, o gestor-líder é o profissional que as IES devem preparar. Os atributos desse profissional incluem: seguir as normas sem deixar de inovar; manter a disciplina com flexibilidade e bom senso; ser capaz de desempenhar seu trabalho com visão das prioridades; utilizar seus conhecimentos e experiências com a vontade de aprender cada vez mais, melhorar constantemente seu desempenho, e inovar; saber ouvir, comunicar, e se relacionar com equipes multiculturais. Do ponto de vista social, o líder-gestor é o que as IES devem cultivar. Para reter esse tipo de aluno “rebelde”, a IES deve saber como: motivá-lo a desenvolver sua curiosidade natural; incentivar sua visão e criatividade; canalizar racionalmente sua paixão e sua energia; transformar sua convicção em pensamento crítico/analítico; e promover um debate amplo dos impactos e da viabilidade empresarial das suas ideias. Enfim, sem cortar suas asas, possibilitar que ele aprenda a voar com os pés no chão. [1] Richard Branson, Fundador do Virgin Group, in http://www.entrepreneur.com/article/237034 [2] Harvard Business Review, “The 100 best performing CEOs in the world”, http://hbr.org/2013/01/the-best-performing-ceos-in-the-world/ar/1 [3] A discussão apresentada por ambos pode ser lida no site: http://online.wsj.com/news/articles/SB10001424052970204603004577267271656000782 [4] ENTREPRENEURS, “Can Entrepreneurship Be Taught. Or Are You Born That Way?”, http://www.forbes.com/sites/georgedeeb/2014/06/19/can-entrepreneurship-be-taught-or-are-you-born-that-way/ [5] Peter F. Drucker, Essential Drucker: Management, the Individual and Society [6] Traduzi do artigo de Marty Zwilling, “Yes, Entrepreneurship CAN be Learned”, http://www.caycon.com/blog/2011/11/7-skills-not-found-at-birth-in-most-entrepreneurs/